Tempo de férias, mas também de esporte

Tempo de férias, mas também de esporte

As praias do litoral norte do Rio Grande do Sul oferecem projetos e infraestrutura, muitas vezes gratuita, para quem mora ou veraneia e sente a necessidade de praticar algum esporte nos meses de verão

Por
Chico Izidro

Engana-se quem pensa que viajar para o litoral norte do Rio Grande do Sul nos meses de verão significa apenas chegar à beira da praia, sentar embaixo de um guarda-sol, bebericar algo e, de vez em quando, entrar no mar para se banhar e refrescar. Muita gente sente a necessidade de praticar algum esporte para se aprimorar, amadora ou profissionalmente, para manter em dia o preparo físico ou para interagir com outras pessoas. 

Existem várias opções para a prática de esportes nas praias gaúchas e a maioria pode ser exercida de forma gratuita – mas alguns necessitam de investimento. Pode-se encontrar estrutura e projetos que permitem práticas como beach tennis, surfe, skate, futebol de areia, vôlei, motocross, boxe, voo livre e kitesurf. São quadras esportivas, pistas, até mesmo campos de futebol na areia.

O beach tennis atrai cada vez mais praticantes


O beach tennis é uma das modalidades que mais têm atraído praticantes nos últimos tempos, principalmente mulheres. Quadras podem ser achadas em praias como Capão da Canoa e Torres. Foto: Guilherme Almeida

O beach tennis é uma das modalidades que mais têm atraído praticantes nos últimos tempos, principalmente mulheres. Como diz o nome, o esporte é o tênis jogado na areia, ao invés do saibro ou grama. Quadras podem ser achadas em Capão da Canoa e Torres. “As mulheres se encontraram neste esporte”, garante Raquel Cavol, moradora de Carazinho, mas que veraneia em Capão da Canoa, onde tem jogado bastante na quadra do calçadão da avenida Beira-Mar. “É um esporte fácil de aprender, precisando de apenas um dia para entender as regras e já sair jogando”, garante. “Além do mais, o beach tennis é divertido, pode ser jogado com música tocando perto, gente falando. Não precisa de concentração. Só vontade.”

O canoense Aurélio Cadore lembra do início da prática do beach tennis no Estado, por volta de 2013, ou seja, apenas dez anos atrás. “Nem existiam quadras no RS. Então a galera se reunia primeiro no Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre, dez, 12 pessoas. Depois passamos para a beira do Guaíba, e já tínhamos uns 50 entusiastas.” Então, conforme Cadore, havia chegado a hora de procurar um lugar que iria estruturar e fazer estourar o novo esporte. O espaço foi na Praça da Encol.

Cadore explica que, enquanto no tênis é necessário completo silêncio para a prática, no beach tennis, a algazarra está liberada. “Ele agrega as pessoas, e ganhou muita força quando as mulheres começaram a praticar. E com elas vieram namorados, maridos, irmãos”, garante. “E agora o beach tennis ganhou o seu espaço nas nossas praias e vai crescer ainda mais”, acredita.

Tramandaí entre as preferidas para o surfe 

O surfista André Bacoff é natural de Porto Alegre, mas está morando há dois anos em Imbé. E, neste período, descobriu o que para ele é o melhor ponto no Litoral para a prática de seu esporte preferido. “Sem sombras de dúvidas, a plataforma de Tramandaí é o melhor lugar para pegar ondas”, afirma. “A plataforma ajuda muito na formação das ondas, nos pontos entre a Backdoor e a Malvina”, disse André, que começou a surfar em 1998, depois casou, parou um tempo e hoje, com 42 anos, pratica quase que diariamente o esporte de sua vida.

“Eu trabalho em home office, então sempre que sobra um horário, me mando para cá.” Os seus horários preferidos são logo pela manhã ou então no final da tarde. “Aqui temos dezenas de surfistas praticando diariamente. Temos regras para o convívio. A turma é muito legal e unida”, garante. André conta, ainda, que surfar para ele é como uma comunhão com a natureza. “A gente esquece os problemas, é uma verdadeira válvula de escape. Lavamos a alma, desopilamos”, resume.

Várias pistas de skate pelo Litoral Norte 


Foto: Guilherme Almeida

O skate é um dos esportes mais praticados pela juventude no Litoral Norte. Praticamente toda praia tem uma ou mais pistas de skate, algumas novas, outras conservadas e algumas abandonadas. Porém, sempre tem alguém por lá fazendo manobras. A maior pista fica na praia de Pinhal.

Em Capão da Canoa, Felipe Lisboa, de 25 anos, gosta de praticar skate na pista da Praça Marcelo “Azul” Siqueira. Ele é morador de Xangri-Lá, onde tem outra pista, que considera ideal para a sua modalidade, de rampa. Só que na cidade vizinha pode exercitar o street. “Xangri-Lá é minha casa, mas aqui em Capão posso variar”, disse ele, skatista há oito anos. Felipe conta que já disputou vários torneios, principalmente quando morava em Esteio, na Grande Porto Alegre. “Estive presente em várias competições. Porém, desde que me mudei para Xangri-Lá, ando de skate por amor ao esporte”, conta ele, atraído pelo esporte por causa da sensação de liberdade que encontra. “Eu acredito em liberdade. Me sinto livre quando estou sobre o shape”, garante.

Pista de motocross em Capão Novo


A pista de motocross, na praia de Capão Novo, serve para competições e lazer da comunidade e visitantes, porém, ainda não é muito conhecida. Foto: Alina Souza

Desde o ano passado, ao lado da Unisc (Universidade de Santa Cruz do Sul), unidade de Capão Novo, está à disposição dos motociclistas uma pista de motocross do município. O local serve para competições e lazer da comunidade e visitantes, porém, como ainda não é de conhecimento dos praticantes, quase sempre está vazia.

De acordo com o prefeito de Capão da Canoa, Amauri Magnus Germano, a pista contou com o trabalho conjunto de várias secretarias municipais para ser viabilizada. “A pista de motocross era uma demanda muito solicitada pela nossa comunidade para a prática esportiva. Com o empenho de várias pastas, realizamos esse projeto e hoje entregamos essa pista com a infraestrutura necessária”, disse. “Se hoje estamos aqui com a pista inaugurada, foi pela ação coletiva do Executivo e Legislativo, para que a nossa população possa usufruir de mais um espaço de lazer e diversão”, afirmou o Secretário de Cultura, Desporto e Lazer do município, Joel Novaski.

Boxe tem o interesse dos jovens


Foto: Alina Souza

O professor Anildo Pereira dos Santos ensina boxe há mais de 25 anos, principalmente para jovens carentes, no Centro Olímpico Professor David José Fleck, em Osório. “Nosso objetivo é socializar as crianças, dar uma vida melhor para elas através do esporte”, conta ele, que trabalha voluntariamente, tendo em torno de 100 alunos sob a sua orientação. “Aceitamos jovens a partir dos 15 anos. A gente os treina e, dependendo do nível, tentamos colocá-los em clubes maiores”, garante Anildo. “Já obtivemos vários títulos, são mais de cem aqui no Estado e aproximadamente 50 em nível nacional.”

Um de seus alunos é Murilo Silveira, de 17 anos e morador de Osório. “Amo praticar boxe. Ele tira a gente do mundo das drogas e nos faz ter amigos e ter o objetivo de vencer na vida de uma forma saudável. Eu luto desde os 12 anos e, quem sabe, consiga virar um profissional”, almeja o garoto, contando que quando está no ringue esquece todos os problemas. 

“Lá só penso em derrubar meu adversário, bater muito. Mas veja bem, rivalidade somente existe no ringue, fora dele é amizade”, ensina. Murilo é fã de Tairone Silva, osoriense que começou a carreira no mesmo ginásio, sob orientação de Anildo, conquistou o título de campeão brasileiro na categoria cadete 75 kg. Ele morreu em 2011, aos 17 anos de idade.

Voo livre e paramotor permitem apreciar a vista da praia de Torres de cima


Foto: Guilherme Almeida

O Morro do Farol, em Torres, proporciona um maravilhoso visual ao veranista que visita a cidade litorânea do norte do Estado. O local ainda é palco para a prática de um esporte para quem gosta de emoções fortes: os passeios de parapente, também conhecido como paraglider ou voo livre, por não ser motorizada, e paramotor. Os voos partem de uma rampa natural completamente gramada e planam sobre os morros, a praia e outros locais do balneário. Os aventureiros recebem o acompanhamento de um instrutor especializado.

A paranaense Mariza Provenski, da cidade de Pato Branco, veio passar alguns dias de férias em Torres, ficou sabendo do passeio e decidiu experimentar. “Cheguei aqui, alguém me contou e não tive dúvidas. E muito menos tive medo. Achei o voo delicioso”, garantiu. “Por mim, andava de novo, mais umas mil vezes”, ressaltou ela, que disse estar apaixonada por Torres. “Nunca havia vindo e é tudo tão maravilhoso”, destacou Mariza, que só lamentou o fato de ficar poucos dias na cidade, apenas cinco dias. “Se soubesse que era tão bom, teria me organizado para ficar mais tempo”, afirmou.

Os voos são organizados por Osmar Silveira dos Santos, o Coragem, um dos responsáveis pela escola Serra Mar, que ministra aulas e faz passeios guiados. O instrutor conta que o esporte é praticado diariamente ao longo do ano, sendo o período de dezembro a março os melhores. Ter vento é uma das condições principais para os voos, desde que não seja o Nordestão. “Aí nada de passeio. Se tem chuva, então tudo é cancelado”, afirmou. Os passeios, cerca de 28 por dia, duram entre 12 e 15 minutos de paraglider, enquanto que os de paramotor têm trajeto de 15 minutos, ocorrendo diariamente das 10h às 13h e das 15h até enquanto houver claridade.

Todos partem do Morro do Farol, passam pelo Parque José Lutzenberger ou Morro da Guarita, Parque Itapeva e depois fazem o trajeto de retorno. A pessoa pode ainda optar pela filmagem do seu voo e levar para casa as imagens do passeio. “A idade mínima para voar é de 18 anos e não existe um máximo”, explicou Coragem, lembrando que já teve pessoas com mais de 90 anos voando. “Geralmente, quem voa a primeira vez, sempre retorna outras vezes. É uma experiência única”, finalizou ele, com 15 anos oferecendo o serviço.

Vôlei reúne a família


Foto: Alina Souza

O vôlei também é um esporte muito praticado na praia. Além daquele à beira-mar, há os que preferem lugares fechados. No Centro Esportivo de Osório é possível jogar. Como algumas oficinas estão fechadas, é possível alugar a quadra para se divertir. “Trabalho o dia todo, mas depois preciso desopilar, então reunimos a galera do trabalho e viemos pra cá jogar”, conta Priscila Rocha, funcionária de uma empresa de fotografia de Osório. “Viemos quase todos os dias, sempre depois das 19h. Aí vêm junto pais, mães, filhos, colegas, amigos. Enfim, nossa hora de diversão e relax.”

O futebol é para todos


Foto: Alina Souza

O futebol é o esporte preferido dos brasileiros, sem dúvida. Em quase todas as praias do litoral gaúcho, campos podem ser encontrados à beira-mar para jogar o futebol de areia, prática mais forte da modalidade, pois exige mais condicionamento físico. Os praticantes acabam tendo mais força nas pernas, já que a areia é um piso que exige mais esforço do que a grama.

Em Capão da Canoa, todos os dias, vários jogadores se reúnem em um campo para o tradicional confronto “os de camisa” contra os “sem camisa”. O pessoal vai chegando no meio da tarde e montando os times aleatoriamente, já que geralmente quase ninguém conhece ninguém. Depois de divididos os dois times, os que sobraram montam uma terceira equipe e ficam à beira do campo esperando o término do primeiro confronto. As partidas tem a duração de 10 minutos ou dois gols e, se acabam empatadas, são decididas nos pênaltis – inicialmente dois para cada lado e, se seguir a igualdade, termina quando alguém erra a sua cobrança. “Aqui é pura integração. As pessoas vão chegando, alguém traz a bola, montamos os times”, diz Alexandre Vieira, de Gravataí. “E tem jogadores de todas as idades, desde garotos de 12 anos a adultos de 40, 50 anos. E existe um respeito fenomenal, mesmo o pessoal se conhecendo na hora”, garante o jogador.

Em Tramandaí, os amantes do futebol têm a sua disposição o Estádio Eluzardo Caetano de Azevedo, localizado na Avenida Fernandes Bastos. Ele é utilizado durante o ano para partidas do campeonato municipal de futebol. O estádio está bem conservado, com a grama aparada e goleiras com redes.

O basquete vai até tarde em Capão da Canoa

Para os praticantes do basquete, a pedida é a nova quadra de basquete do calçadão de Capão da Canoa, bem em frente à Guarita 75. A cancha foi reformada, ganhando novas cores, tabelas e até mesmo arquibancada. O estudante Arthur Lodi, morador de Capão da Canoa, conta que a turma se reúne todas as tardes no local, chegando a jogar por mais de seis horas. Ele diz que o espaço ficou ótimo. “As cores escolhidas, azul e laranja, marcam bem o local, tem a arquibancada para a galera olhar os jogos e esperar sua vez de entrar na quadra. Tudo muito legal”, garante. Mas ele faz ressalvas: “Ainda tem uns buracos na quadra e as redes na cesta não duram muito”. Arthur disse ainda que a quadra, por ser de cimento, faz o jogo ser mais rápido e fazer a bola quicar mais. “Ela bate no chão e vai direto para a rua. Já perdi cinco bolas assim este ano”, lembrou ele, contando que os motoristas são cruéis, passando por cima das bolas, sem piedade. O jeito para consertar o estrago e conseguir uma nova bola é ajudar em casa, já que não está trabalhando no momento. Chego em casa e digo para o pai que perdi mais uma bola. Aí ele me passa uma tarefa e depois me dá o dinheiro para comprar uma nova”, diverte-se.

“A gente usa meia quadra na maioria das partidas, com apenas uma cesta, e times de três jogadores cada. Mas não é incomum usarmos toda a quadra quando aparecem vários jogadores. Teve uma vez que chegou a ter 80 pessoas para jogar”, recorda. “Aí a galera ficava esperando sua vez, e de pé, pois ainda não tinha as arquibancadas. E para todo mundo poder jogar, as partidas eram rápidas. Agora, com as arquibancadas, ficou muito tri, pois o cara pode jogar, sentar para descansar ou ficar olhando os outros jogos”, agradece.

Arthur conta que a galera combina por telefone os encontros e depois se reúnem na quadra. E eles costumam ficar até às 22h jogando. “É muito seguro aqui, tanto que a gente deixa as mochilas, bicicletas ali atrás, tudo solto e nunca houve um roubo. A iluminação e segurança são excelentes, aí dá pra ir até bem tarde”, garante o torcedor do New Orleans Pelicans, time de basquete da NBA (liga norte-americana). O jovem diz que começou a jogar influenciado pelo irmão mais velho, César, e não parou mais, acabando por encontrar vários amigos entusiastas do esporte.

A reforma da quadra ocorreu através de uma parceria entre a prefeitura de Capão da Canoa e empresas privadas. Entre as melhorias feitas, houve a pintura da quadra, a instalação de novas tabelas e a construção de arquibancadas. O prefeito do município, Amauri Magnus Germano, disse que trabalhar em conjunto com a iniciativa privada permitiu ao município avançar em diversas áreas. Ele ressaltou que o potencial dos empresários da cidade é grande e que trabalha para que eles estejam sempre perto dos projetos da administração pública, visando sempre ao melhor para a comunidade de Capão da Canoa.

Atividades gratuitas

No Litoral existe ainda o projeto Estação Verão Sesc, que promove, gratuitamente, atividades nas Casas de Praia de Torres e de Tramandaí, com programação especial nos finais de semana e, de terça a domingo, atrações como aulões de ritmos, treinamento funcional e jogos de futemesa, vôlei, câmbio e outras modalidades. Nesta temporada, volta o tradicional Circuito Verão Sesc de Esportes, com etapas em mais de 80 cidades gaúchas. A grande final estadual está marcada para Torres, dias 4 e 5 de março.

Kitesurf no Balneário Imbé


Foto: Guilherme Almeida

Próximo a guarita 134, em Balneário Imbé, várias pessoas podem ser observadas praticando o kitesurf, esporte no qual o praticante utiliza uma prancha de surfe e uma pipa, que é presa ao condutor através de quatro cordas. O esportista, com a pipa presa à cintura através de um dispositivo chamado trapézio, coloca-se em cima da prancha e comanda o equipamento sobre as águas, sendo impulsionada pelo vento, fator primordial para a sua prática, com a necessidade de, no mínimo, 12 nós. E é um esporte para todas as idades, desde crianças até pessoas com quase 80 anos.

Praticar kitesurf exige cuidados, ainda mais em uma área repleta de banhistas, pois podem ocorrer acidentes. “A gente costuma praticar mais no final da tarde, quando a praia começa a ficar deserta”, conta Sidi Freitas, instrutor do esporte. “Às vezes, dependendo da lotação da praia, principalmente em feriados, a gente vai mais ao norte, lá para a guarita 129, para evitar tumultos”, diz ele, que conta com vários alunos, com idade entre 11 e 60 anos. “De alguns anos para cá, o interesse pelo kitesurf tomou uma proporção absurda. Este esporte é uma fuga, um relax”, disse Sidi, completando que o melhor período para a prática é quando tem vento forte, ressaca.

Centro Esportivo

Em Osório, a comunidade e veranistas têm à sua disposição o Centro Olímpico Professor David José Fleck, localizado no bairro Medianeira. No local, são oferecidas diversas oficinas, não só durante o verão, mas em todo o ano. Estão em recesso, mas voltam em março, as modalidades handebol, futsal, basquete, ballet, vôlei, capoeira, fuxico, ginástica e dança. Estão em pleno funcionamento boxe, jiu-jitsu, judô e aikido. “E todo o trabalho é 90% de forma voluntária, feita pelos professores, que atendem um público bem expressivo”, destaca a assessora de Esporte e Lazer Cida Santos. Ela ressalta que a movimentação no local começa cedo. “Logo às 7h já tem caminhada na pista, até às 10h, e depois à tarde, das 16h em diante. Mas o grosso mesmo de movimento é no final da tarde, pois fica cheio depois do pôr do sol”, conta. “Estamos ainda em reforma de toda a estrutura do Centro Olímpico, tanto nos ginásios quanto nas áreas do administrativo. E iremos fazer uma nova pista de caminhada em toda a volta do centro”, completou.

Sessinzão deteriora-se ano a ano e virou ponto de acúmulo de lixo


Foto: Mauro Schaefer

Em Cidreira, o esporte acabou sendo deixado de lado. Na cidade, em 1996, foi erguido o Estádio Municipal Antônio Braz Sessim, o Sessinzão, com o objetivo de fortalecer a temporada de veraneio no Litoral Norte e, principalmente, no município, com jogos de futebol, contando principalmente com a presença dos gigantes Grêmio e Inter. Só que, lamentavelmente, o estádio está desativado desde 2010 e segue em processo de deteriorização. A prefeitura sempre teve planos para reerguê-lo, mas as ideias não saem do papel. Há um ano, existia o projeto da construção de um novo campo, para receber partidas de equipes amadoras e também um novo ecoponto em frente ao Sessinzão. Hoje, o que existe no local é uma pista de motocross, e que já sediou campeonatos antes da pandemia do coronavírus.

O estádio, na avenida Cidreira, apresenta muito lixo ao seu redor. O portão que impedia a entrada de invasores foi derrubado e agora, para entrar, basta apenas seguir reto, chegando diretamente dentro do gramado. Ou do que um dia foi o gramado, pois lá se encontra muito mato e dejetos de animais e até de seres humanos. Muitos colchões podem ser vistos abaixo das arquibancadas, assim como pedaços de roupas. As duas goleiras, que estavam instaladas há um ano, foram roubadas.

O veranista Alvair Borgheti da Silva, de Viamão, disse que veraneia todos os anos em Cidreira, nas proximidades do estádio, e sente um desconforto com a situação. “A prefeitura deveria arrumar o estádio, para a gente ter uma diversão”, diz ele, ressaltando ser contra a implosão do Sessinzão. “É quase uma vergonha isso aqui”, lamenta. “Há cada ano que passa e volto pra cá, me assusto mais e mais”, garante. Alvair afirmou que todos os dias vai até o local e acaba encontrando, em meio ao lixo, muito material que pode ser reciclado. “Cara, as pessoas chegam aqui e largam todo tipo de coisa. Já achei até geladeira e televisão. Eu tiro do lixo e até faço um troquinho”, diverte-se. “Acabo fazendo o trabalho que a prefeitura deveria fazer, que é o de limpar isso”, completa.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895