Uma viagem para descobrir o Marrocos

Uma viagem para descobrir o Marrocos

País onde se fala árabe, bérbere e francês, nação acolhe os turistas com simpatia, oferecendo paisagens naturais deslumbrantes

Por
Paulo Roberto Tavares

Um país distante, onde se fala árabe, bérbere e francês, o Marrocos acolhe os turista com simpatia, mesmo que você não fale os idiomas comumente usados. Quem desembarca em Casablanca ou Marrakech, duas das principais cidades do país, sente logo uma mudança de cultura, mas não tão radical quanto se poderia esperar de um país muçulmano. Claro que certas regras são respeitadas por todos, como não abordar mulheres nas ruas ou não vestir camisetas de manga cavada, imposição que vale tanto para os homens quanto para as mulheres seja qual for a nacionalidade. 

Após você viajar mais de 12 horas do Brasil para Casablanca, como foi o meu caso, o que se espera é descansar um pouco. Cheguei de noite ao aeroporto Mohamed V, indo direto para o hotel, mas antes passando por várias ruas da cidade que, devido ao horário, estavam desertas. Mas o melhor é mesmo reservar as energias, pois Casablanca é uma cidade muito bonita e vale a pena caminhar um pouco por suas ruas e orla, que dá para o Oceano Atlântico. Uma visita à mesquita Hassan II, situada no boulevard Sidi Maomé Ibne Abdalá, é um dos passeios que não se pode deixar de lado. A reforma do prédio, concluída em 1993, custou mais de 504 milhões de euros, o que gerou algumas críticas na época ao reinado de Hassan II, pai do atual rei, Mohamed VI. O minarete da mesquita impressiona, chamando a atenção. 

No passeio por Casablanca, é melhor levar uma garrafinha com água mineral, inclusive é uma dica dos marroquinos, que aconselham os turistas a não beberem água das torneiras e em bares. Outra dica é levar euros, o dólar é aceito também, mas a libra é menosprezada. Com euros ou dólares nas mãos, troque sempre pequenas quantias. Em certos lugares é até possível negociar diretamente nessa moeda, mas é preciso tomar muito cuidado e ficar atento ao câmbio que o vendedor está praticando. Outra dica é não guardar cédulas de dirhans (a moeda local), pois ao sair do país você terá que deixar o dinheiro. É proibido levar as cédulas marroquinas para fora. Se você esperar para trocar no aeroporto, também terá prejuízo. 

Mercados


Foto: Paulo Roberto Tavares / Especial / CP

Os mercados no Marrocos são um espetáculo à parte. Um deles se localiza no centro da cidade de Marrakech. Neste estão expostas especiarias e frutas, além de ter a apresentação dos encantadores de serpente que cobram para fazer com que uma naja fique com a cabeça erguida. Em um local coberto, circundando a praça, há lojas de roupas típicas e ocidentais, tênis das mais variadas marcas, camisetas com estampas do país e com o nome da cidade, bolsas, entre outros objetos. Já no mercado da cidade de Tinghir (foto), o destaque fica por conta da grande variedade de tâmaras. Estas são vendidas em caixas pequenas. Também é possível provar o típico chá marroquino. 

Os atrativos da capital, Rabat

A cidade mais europeia do Marrocos sem dúvida é Rabat, a capital do país. Sede do parlamento e onde estão dois dos palácios usados pelo rei Mohamed VI, a cidade apresenta uma estrutura impressionante. Os bondes, todos fechados, como os que circulam em algumas cidades da Europa chamam a atenção. Além de Rabat, este tipo de transporte também é usado em Casablanca. 

No palácio onde está o rei é proibido fazer fotos, mesmo do lado de fora ou a partir de dentro de um carro. O imóvel é cercado por inúmeros seguranças. Sem contar que o rei possuí outros palácios pelo país, um deles em Casablanca, que ele costuma usar em suas viagens. Mesmo sem a presença do monarca, soldados fazem a guarda do prédio. O segundo palácio em Rabat é usado pela mãe de Mohamed VI, que também tem uma grande segurança, mas que, com os contatos certos, é possível fazer fotos do lado de fora, a uma certa distância.

Rabat tem uma marina semelhante à encontrada em Punta del Este, no Uruguai. No local, estão ancorados barcos e há lanchas que custam alguns milhares de dólares. O local também serve para recreação. Na parte direita de quem entra no terreno, ficam lojas que oferecem roupas e perfumes de grifes internacionais. Os restaurantes têm um cardápio também internacional e com presos razoáveis. É um passeio que vale a pena se fazer, principalmente para um almoço e depois ver os produtos.

Outro ponto muito visitado na capital marroquina é o mausoléu onde estão sepultados os corpos de Mohamed V e Hassam II, respectivamente avó e pai do atual monarca. A arquitetura impressiona por sua suntuosidade. Também vale passar, nem que seja pela frente, pelo teatro de Rabat. No prédio são apresentadas peças ou concertos. O formato do prédio é algo que chama muito a atenção, pois a sua parte principal tem o formato de cabeça de serpente. 

Cultura, comércio, paisagens bonitas e muita pechincha


Parte das ruínas de Volubilis, cidade construída na época do Império Romano. Foto: Paulo Roberto Tavares / Especial / CP

Um dos locais que não pode deixar de ser visitado é Volubilis, uma cidade construída na época do Império Romano. O sítio arqueológico fica nos arredores da cidade de Maknés e suas ruínas são consideradas patrimônio histórico da Unesco desde 1997.

Pelas ruínas dá para se ter uma noção de como viviam os habitantes da cidade, que passou para o controle romano por volta do século I a.C. Uma praça com arcos é onde ficavam alguns edifícios públicos e o templo. Na frente desta edificação, pode-se observar o que sobrou das lojas que existiam na área. São várias. Um pouco mais adiante encontra-se o Arco do Triunfo, com uma conservação muito boa para o tempo em que está em pé. 

Em um dos setores do sítio é possível ter uma ideia de como viviam os nobres da época, como eram suas casas, com, por exemplo, uma sala onde existiam fontes. Em uma das residências, o piso todo trabalhado indica onde ficaria um quarto do imóvel. Este é considerado um dos mosaicos mais bem conservados da atualidade. A riqueza da cidade foi propiciada pelo cultivo de óleo de oliva e de cereais, além de fornecerem animais selvagens para os espetáculos de gladiadores em Roma.

Depois de uma aula de história, é bom tomar o rumo de Ait Ben-Haddou, onde se encontra um morro onde foram filmados alguns filmes e séries de sucesso, como “Alexandre, o grande”, “Cleópatra”, “Game of Thrones”, entre outros. No alto do morro, está o que seria o forte de Alexandre. Até chegar ao local, que é feito por um caminho a pé, se passa por uma viela onde estão expostos tecidos, camisetas, turbantes, roupas e objetos típicos do Marrocos. Mas, atenção, basta olhar para um dos produtos que o vendedor, que fala em francês, alguns em inglês e até em espanhol, o aborda, insistindo para que você compre a peça ou o tecido de linho do turbante. A insistência é grande, mas não dá para esquecer que pechinchar é uma instituição nacional no Marrocos, por isso negocie até a exaustão. Os vendedores alegarão que o produto é muito bom e que o preço justo é outro. A negociação pode durar alguns minutos, por isso é preciso ter paciência, mas o resultado muitas vezes é satisfatório.

Perto da cidade de Thingir é possível aproveitar a cadeia de montanha Atlas e o clima das montanhas. Outra sugestão é curtir um pouco o deserto do Saara. É oferecido ao turista uma noite no local, em uma tenda tuaregue legítima, além de um passeio com camelos e um show com tuaregues após o jantar, no pátio do restaurante, podendo-se observar as estrelas. A ida até o Saara é feita em caminhonetes quatro por quatro, com todo o conforto, assim como as tendas do acampamento, que oferecem chuveiro, banheiro e água quente. O passeio é magnífico. 

Além do morro usado para produções cinematográficas de fora, na cidade de Ouarzazate está o estúdio de cinema Atlas, responsável por produções do cinema marroquino. No mesmo terreno do estúdio, você poderá se hospedar no Horal Oscar, com quarto com ar-condicionado e uma cozinha internacional, com esculturas de filmes do lado de fora. 

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895