Atletas enfrentam falta de apoio no Muay Thai

Atletas enfrentam falta de apoio no Muay Thai

Três lutadores do RS sofrem com a falta de recursos para continuar treinando e disputando competições

Fernanda Bassôa

Juliana Maria Loef e Kelly Monteiro dividem a paixão pelo esporte

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Juliana Maria Loef, 35 anos, Kelly Monteiro, 32, e Eduardo Pütten, 15. Atletas com histórias diferentes, mas que vivem a mesma paixão e dilema: o amor pelo Muay Thai e a falta de apoio financeiro para seguir em frente. Juliana, de Sapucaia de Sul, trouxe para o Estado o título de campeã brasileira de Muay Thai 2016, na categoria Adulto/80 quilos. A atleta foi a melhor da modalidade na seletiva nacional, que aconteceu em dezembro, no Rio de Janeiro, e conquistou vaga para disputar o Campeonato Mundial, que acontece no próximo mês, de 12 a 22, em Bangkok, na Tailândia.

Entretanto, o alto custo das despesas (pagas pelos próprios atletas) faz a dona de casa, casada e com dois filhos, interromper o sonho de competir entre as melhores lutadoras do mundo no evento mais importante do esporte amador. O cálculo entre hospedagem, alimentação e deslocamento, segundo ela, fica em torno de R$ 7 mil. “As despesas do Brasileiro, ano passado, eu parcelei em 10 vezes e estou me virando com faxinas e venda de sanduíches caseiros. Só passagem de ida e volta custou R$ 800,00. Desta vez, não vou conseguir sozinha. Preciso de um apoiador.”

Kelly, que conquistou o primeiro lugar na modalidade Adulto/57 quilos na seletiva gaúcha do ano passado e voltou com medalha para casa, não pôde disputar o Campeonato Brasileiro pela mesma razão: falta de verba. “Venho para academia porque o Kru (professor, no Muay Thai) concordou que eu pagasse a mensalidade em serviços. Treino todas as modalidades, todos os dias da semana. Chego a ficar 4 horas na academia. Eu me achei no Muay Thai. A luta mudou minha vida.”

O estudante Eduardo, o terceiro atleta que treina na mesma academia no bairro Piratini, e que conquistou a terceira colocação no Brasileiro, na categoria Kadet/57 quilos, só conseguiu viajar porque contou com o empenho da mãe. “Quinze dias antes da competição ela bateu pessoalmente na porta de comerciantes, amigos e familiares sensibilizando-os sobre como era importante para nós (família) a minha participação. De pouquinho em pouquinho ela arrecadou R$ 1,2 mil e eu consegui realizar mais um sonho. Venci a primeira luta por nocaute, depois me machuquei. Desisti e mesmo assim fiquei com o terceiro lugar”, comentou o estudante de Esteio, cheio de orgulho.

O professor e treinador do trio, Luiz Felipe Silva de Carvalho, 34 anos, que vem de uma família cujo amor pelas artes marciais passa de geração à geração, garante que os três lutadores têm grande potencial. Ele lamenta que o Muay Thai ainda seja visto como um esporte sem muito retorno para os apoiadores/patrocinadores. “Vejo os atletas crescendo, evoluindo e me sinto lisonjeado. Mais gratificante do que medalha ou troféu, mais do que perder peso ou melhorar a qualidade de vida, é ver que o Muay Thai deu outro rumo para a vida de muitos que a praticam, afastando-os especialmente das drogas e da marginalização.” 

O Muay Thai é uma arte marcial originária da Tailândia. As técnicas de ataque e defesa são conhecidas como “arte dos oito membros”, pois pode se utilizar das mãos, cotovelos, pernas e dos pés para atacar o adversário. As modalidades da luta se dividem em masculino e feminino, nas categorias Júnior, Kadet e Adulto, dos 46 a 91 quilos. Empresas e empresários interessados em apoiar os atletas podem entrar em contato pelo (51) 3034-1108.

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