Botafogo: guia de um desastre histórico que enterrou o sonho do Brasileirão

Botafogo: guia de um desastre histórico que enterrou o sonho do Brasileirão

Forma com que a equipe perdeu a liderança talvez tenha sido algo nunca antes visto no futebol

AFP

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Líder por 31 rodadas e dono de uma vantagem que chegou a ser de 13 pontos sobre o perseguidor mais próximo. Mas um final de campanha desastroso impediu o Botafogo de conquistar seu terceiro título do Brasileirão.

A forma com que a equipe perdeu a liderança talvez tenha sido algo nunca antes visto no futebol, para a tristeza dos torcedores alvinegros e diversão dos rivais.

A seguir, o guia de como o Botafogo deixou escapar o título do Campeonato Brasileiro de 2023.

Passo 1. A surpresa

O Botafogo não estava entre os favoritos ao título no início da temporada. Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG concentravam as apostas devido ao poderio de seus elencos.

Mas o alvinegro carioca, com um plantel sem jogadores de renome, teve um início arrasador: 13 vitórias nos primeiros 15 jogos, um novo recorde para o formato atual do Brasileirão.

Um desempenho surpreendente para um clube que no ano passado retornou à primeira divisão e estava em um processo de transformação desde que foi comprado, em março de 2022, pelo magnata americano John Textor, proprietário do Lyon (França) e do Crystal Palace (Inglaterra).

Passo 2. A empolgação

O futebol é repleto de histórias de grandes arrancadas que terminaram em fiascos gigantescos. Mas a do Botafogo parecia diferente: ao final do primeiro turno, o time somou 47 pontos de 57 possíveis.

A vantagem era de 13 pontos sobre Palmeiras (2º) e Grêmio (3º), de 15 sobre o Flamengo (5º) e 20 sobre o Atlético-MG (10º).

Clube e torcedores também se orgulhavam de contar com jogadores revelação como o goleiro Lucas Perri, o zagueiro Adryelson, o meia Eduardo e o atacante Tiquinho Soares, artilheiro do campeonato.

"Parece que ninguém aceita o dia a dia, não vivem o dia a dia, estão ávidos pelo amanhã, por ganhar, para ser primeiro", destacou o então técnico da equipe, o português Luís Castro.

Passo 3. O tremor

Castro comandou o Botafogo até a 12ª rodada, em junho, quando deixou o clube carioca inesperadamente para ir ao futebol saudita e assumir o Al-Nassr de Cristiano Ronaldo. 

O também português Bruno Lage, ex-técnico de Benfica e Wolverhampton, chegou na 16ª rodada com uma proposta de jogo vertical, diferente do estilo posicional de Castro.

Os alicerces botafoguenses começaram a tremer: lesões e jogadores entrando em má fase, números em queda, com 13 pontos conquistados em 30 possíveis durante a passagem de Lage.

A harmonia entre o grupo de atletas e a comissão técnica se rompeu e a confortável vantagem sobre os adversários diminuiu. A torcida começou a ficar inquieta.

Quando Lage foi demitido, no início de outubro, o Bragantino (2º) estava sete pontos atrás, Palmeiras (3º) e Grêmio (4º) a oito e o Flamengo (5º) a nove.

"Veio querendo impor o estilo dele e ser campeão. Infelizmente não conseguiu. Mas tentamos de todas as maneiras acertar", disse Eduardo.

Paso 4. A queda

Preocupado e pressionado, Textor apostou em uma solução caseira, o assistente técnico Lúcio Flávio: também não deu certo.

Sob o comando do ex-meia, o Botafogo perdeu a liderança para o Palmeiras na 34ª rodada, após uma sequência na qual somou apenas nove pontos em oito jogos.

Textor, que atribuiu as derrotas a uma suposta "corrupção" na arbitragem, tentou a última cartada contratando o técnico Tiago Nunes quando o Botafogo ainda tinha cinco jogos a disputar no campeonato.

Mas o time só conseguiu quatro pontos nas quatro primeiras partidas com o novo treinador e vai para a última rodada, na próxima quarta-feira (6), sem chances de ser campeão.

"Nenhuma palavra que eu diga vai servir de consolo para o torcedor", disse Nunes. "Nunca tinha vivido o que vivemos aqui".

Paso 5. A dor

Perder o título foi doloroso. Mas a forma com que o Botafogo não aproveitou as inúmeras chances que teve de levantar o troféu torna tudo muito mais cruel para a torcida.

Principalmente com o desastroso mês de novembro, que teve as impressionantes derrotas para Palmeiras e Grêmio.

Em ambas, o Botafogo vencia por 3 a 1 e acabou perdendo por 4 a 3. Contra o Bragantino, sofreu o empate nos acréscimos do segundo tempo e contra o Santos a vitória escapou no último minuto.

Mas o pior talvez tenha acontecido na 36ª rodada: Tiquinho Soares fez 1 a 0, de pênalti, aos 51 minutos do segundo tempo, contra o já rebaixado Coritiba. A vitória deixaria o Botafogo um ponto atrás do Palmeiras, mas o time sofreu o empate dois minutos depois.

Um usuário da rede social X (antigo Twitter) resumiu o sentimento de muitos botafoguenses: "Eu não sinto mais nada. Sou apenas um pedaço de carne que fala".


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