Champagne retira candidatura e Blatter terá 3 adversários na eleição

Com a desistência de Jérôme Champagne, que, como o compatriota David Ginola, não conseguiu as indicações necessárias da parte de federações nacionais, Joseph Blatter ficou com apenas três concorrentes na sua busca por um quinto mandato na presidência da Fifa.

A comissão eleitoral ainda precisa validar as candidaturas, mas os três que continuam na disputa são o ex-craque português Luis Figo, o príncipe jordaniano Ali bin Al Hussein, um dos vice-presidentes da Fifa, e Michael van Praag, presidente da Federação holandesa.

Champagne fora da disputa

Jérôme Champagne, de 56 anos, foi o primeiro a anunciar a candidatura, há pouco mais de um ano, no dia 20 de janeiro de 2014. Ex-vice-secretário-geral da Fifa, pouco conhecido do grande público, ele tinha, em teoria, praticamente nenhuma chance de vencer a eleição.

Como o outro francês que tentou entrar na disputa, o ex-atacante David Ginola, ele não conseguiu as cinco indicações de Federações filiadas à Fifa (são 209 no total) exigidas para validar a candidatura e anunciou nesta segunda-feira que se retirava da disputa.

Por ter anunciado a candidatura mais cedo, sua campanha durou mais tempo do que a do ex-atacante do Paris Saint-Germain, que ganhou os holofotes por apenas duas semanas, com o patrocínio de um site de apostas irlandês.

Champagne garante que não sente "nenhuma amargura", mas fez questão de lembrar em um comunicado que "vários presidentes de federação" explicaram que não podiam apoiá-lo "por medo de represálias, diante das recomendações das suas Confederações".

"As instituições se mobilizaram para eliminar o único candidato independente", resumiu.

"A Uefa não escolheu candidato para as eleições, então todos os candidatos são, de fato, independentes. Vamos esperar ouvir cada um sobre os projetos de futuro", rebateu Pedro Pinto, porta-voz da Uefa.

Cruyff apoia Van Praag Blatter, de 78 anos, que está no cargo desde 1998, não teve problema algum para conseguir as indicações. Em junho do ano passado, a ele obteve o apoio da maioria das seis Confederações da Fifa no congresso de São Paulo, às vésperas da Copa do Mundo.

Além das indicações, outro critério que será avaliado pela comissão eleitoral é o papel ativo desempenhado na gestão do futebol, a nível nacional ou internacional, durante pelo menos dois dos últimos cinco anos.

Por motivos óbvios, Blatter preenche estes pré-requisitos, assim como o príncipe Ali, de 39 anos, vice-presidente da Fifa representando a Confederação Asiática, e Michel van Praag, de 67, presidente da federação holandesa.

Van Praag, inclusive, conseguiu um apoio de peso: o lendário Johan Cruyff , um dos maiores jogadores da história. "Se ele pedir para mim, pode contar com meu apoio. Sei que é uma pessoa em que se pode contar", afirmou o ex-craque do Ajax e do Barcelona em carta publicada no jornal De Telegraaf.

Figo na China

O caso de Figo é mais enigmático. Eleito melhor jogador do mundo em 2000, quando recebeu o troféu Bola de Ouro, o português de 42 anos usou seu carisma para conseguir as indicações necessárias. Ele diz ter conseguido seis. Já o papel desempenhado na gestão do futebol não é tão claro do que no caso dos outros três candidatos.

De acordo com fontes próximas a Figo, o luso pode citar sua experiência nos últimos três anos como membro do "comitê de futebol" de uma das comissões da Uefa, que também conta com outras ex-glórias como Dejan Savicevic, Zbigniew Boniek, Fernando Hierro ou Davor Suker.

A Fifa confirmou nesta segunda-feira ter recebido quatro candidaturas, que serão avaliadas em primeiro lugar pela câmera de instrução da comissão de ética, para "investigações de habilitação", isso durante dez dias, antes de voltar à comissão eleitoral.

É esta comissão eleitoral que avaliará se os candidatos preenchem os pré-requisitos (indicações e experiência na gestão do futebol), uma fase que deve ser decisiva para validar de vez a candidatura de Figo. O ex-craque do Real Madrid e do Barcelona já está em campanha, com agenda repleta de viagens nos quatro cantos do planeta. Ele está agora China, para presenciar um torneio com seu nome no país asiático. No próximo fim de semana, deve viajar para a Guiné Equatorial, para assistir à final da Copa Africana de Nações.

Figo já recebeu o apoio do compatriota José Mourinho, carismático e polêmico técnico do Chelsea, e de ex-colegas de profissão, como Patrick Vieira, Raúl ou Deco.