Cidreira quer recuperar seu estádio

Cidreira quer recuperar seu estádio

Sem receber jogos oficiais há dez anos, “Sessinzão” precisa de reformas<br />

Cristiano Munari

Estádio de Cidreira não recebe jogos oficiais há dez anos

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Fotos: Fabiano do Amaral

Há mais de duas décadas, a cidade de Cidreira, no Litoral Norte, tenta encontrar uma solução para o que se tornou um elefante branco no município: o Estádio Municipal Antônio Sessim, o “Sessinzão”, inaugurado em 1996. Desde a vitória do Inter sobre o Ypiranga de Erechim por 1 a 0 na inauguração, o gigante de concreto entre as dunas da praia ficou maior parte do tempo abandonado e sem manutenção, o que causou danos a estrutura. A nova administração da prefeitura busca agora encontrar uma alternativa para recuperação.

O recém-empossado prefeito da cidade Alexsandro Contini afirmou ao Correio do Povo que tem como meta devolver o estádio à comunidade. Para isso, reuniões já foram realizados para analisar a viabilidade. “A nossa ideia é tentar com a nossa equipe de engenharia trabalhar no estádio. Tivemos reuniões nesta semana e eles vão fazer essa avaliação”, disse Contini, que promete um trabalho integrado entre as secretarias municipais para dar início à recuperação.

“As secretarias de turismo, de obras, esporte, indústria e comércio e meio ambiente estão todas focadas. É para uma ajudar o outra. A nossa meta é reerguer novamente a cidade. E o estádio está nela”, continuou.



A primeira medida vai ser uma pequena obra na entrada do estádio, que mesmo fora de uso para grandes jogos há quase 10 anos ainda gera curiosidade de visitantes. “Já foi autorizada uma reforma na entrada que dá acesso ao estádio. Muita gente chega a Cidreira e quer conhecer o estádio, pergunta onde é. Queremos facilitar esse acesso. Já ordenamos que seja feita a limpeza ao redor dele”, revelou o prefeito.

Situação no estádio é precária


A tarefa de recuperação, porém, será complexa. O “Sessinzão” até passou por uma reforma em 2007, quando recebeu jogos da dupla Gre-Nal no Gauchão. Na época, a prefeitura e parceiros gastaram mais de R$ 600 mil para deixar o estádio em condições de receber as partiadas. Só que o projeto não teve seguimento no ano seguinte. Sem grandes atrações, novamente foi deixado de lado.

Os anos sem manutenção geraram vários danos às estruturas do estádio, que está interditado para jogos oficiais desde 2011. Uma parte da arquibancada ruiu e desabou. No outro lado, a situação é menos grave, ainda assim longe de condições para receber um jogo. A prefeitura calcula que uma reforma pode custar de 2 a 5 milhões de reais – algo inviável para os cofres municipais.

Ainda assim, a esperança é de que parcerias possam ser feitas. “A gente quer achar alguém que tenha interesse em explorar o local. Estamos empenhados em oferecer para alguém. Se for permitido apenas o uso de metade dele, assim faremos, mas abandonar é algo que jamais faremos”, explicou o prefeito Alexsandro Contini , que garantiu que não pensa em demolir o estádio. “Só desistirei se tiver um laudo que diga que ele não tem como ser recuperado, mas eu não acredito nisso.”

“Dá uma tristeza ver tudo assim”

Um dos engenheiros responsáveis pela construção do estádio de Cidreira, Renato Trevisan lembrou que o projeto idealizado pelo então prefeito Eloi Braz Sessim era ambicioso. Sessim, entretanto, teve o mandato cassado antes da inauguração. O nome de Estádio Antônio Sessim foi uma homenagem do ex-prefeito ao pai.

Trevisan destacou que as obras do estádio nunca chegaram a ser de fato concluídas. “Logo depois da cassação do Sessim, houve uma parceria na época com a Multisom, que era do Francisco Novelletto (atual presidente da FGF) para o estádio ser usado no começo de 1996. Tocamos a obra para receber os jogos, mas o projeto inicial não chegou a ser concluído. Felizmente conseguimos fazer os jogos sem nenhum problema”, disse o engenheiro.

Renato Trevisan acompanhou a reportagem na visita ao estádio, nesta semana. Ao ver seu projeto na atual situação, não escondeu a emoção: “Quando houve a reforma de 2007, eu fui olhar por curiosidade. Depois nunca mais, não sabia como estava” afirmou. “Vir aqui dá uma nostalgia, vem na cabeça tudo que passei. Dá até uma tristeza ver tudo assim”, declarou ele, sob uma das arquibancadas marcadas por rachaduras.

“Tio Ivo” cuida do gramado e tem esperança de ver jogos oficias em Cidreira

Sem receber partidas profissionais há quase uma década, o estádio é atualmente palco apenas de partidas do futebol de várzea da região. Equipes locais e de municípios próximos utilizam o campo nos finais de semana ao longo do ano. O gramado está em bom estado.

Um funcionário da prefeitura conhecido como “Tio Ivo” é o responsável por cuidar do gramado. Há 11 anos, ele trabalha no local. “De segunda a sexta venho aqui. Molho, corto a grama e pinto as marcações. Aos finais de semana ainda venho aqui quando tem jogos. Minha vida é estar aqui”, afirmou Tio Ivo à reportagem. Ele sonha em ver o estádio novamente sendo usado para jogos profissionais. “É a promessa do prefeito. A gente espera por isso”, seguiu.



Sobre estádio
- O “Sessinzão” foi inaugurado em 2 de fevereiro de 1996 em Inter 1 x 0 Ypiranga, pela primeira rodada do Gauchão. O primeiro gol do estádio foi marcado pelo volante Anderson;
- Ainda em fevereiro de 1996, o estádio recebeu a Copa Renner, vencida pelo Grêmio. Participaram do torneio ainda o Sport Recife (vice-campeão), o Nacional (Uruguai), e o Cerro Porteño (Paraguai);
- Após uma reforma, o estádio recebeu oito jogos da dupla Gre-Nal no Gauchão de 2007;
- A capacidade do estádio na inauguração era de 18 mil lugares, bem maior que a população da cidade que, hoje, tem 14,5 mil pessoas segundo o IBGE.


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