Com 600 milhões de euros gastos em reforços, Chelsea levanta questões financeiras e esportivas

Com 600 milhões de euros gastos em reforços, Chelsea levanta questões financeiras e esportivas

Clube inglês gastou mais de 120 milhões de euros para ter o argentino Enzo Fernández no elenco

AFP

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Com mais de 600 milhões de euros gastos em contratações nesta temporada, o Chelsea quebrou a banca no mercado do futebol, porém esses investimentos levantaram várias questões sobre a viabilidade econômica e esportiva do clube. No processo de venda do clube no ano passado, o antigo proprietário, o russo Roman Abramovich, tinha insistido que o futuro comprador deveria se comprometer a manter um nível de investimento elevado, que permitisse aos 'Blues' sustentar seu status.

Os novos compradores, liderados pelo americano Todd Boehly, chegaram aos 600 milhões de euros gastos na janela de transferências do meio do ano passado e na de fim de ano. O clube também bateu recorde de maior contratação da Premier League, ao pagar 121,3 milhões de euros para ter o argentino Enzo Fernández. O jogador chega a Londres vindo do Benfica  e com um um contrato de oito temporadas e meia. O acréscimo foi a cereja do bolo nesta suntuosa janela do Chelsea.

As saídas dos zagueiros Andreas Christensen e Antonio Rüdiger e dos atacantes Timo Werner e Romelu Lukaku no meio de 2022, assim como as lesões de N'Golo Kanté, Reece James e Ben Chilwell, também forçaram o clube a abrir os cofres.

Mas o talento para negociar dos novos donos não foi considerado bom, exceto para as contas dos clubes vendedores já que o Chelsea pagou quase sempre o preço mais alto e muito acima do valor de mercado. Além de Fernández, assim vieram Wesley Fofana (80 milhões de euros), Marc Cucurella (65 milhões de euros) e Mykhailo Mudryk (100 milhões de euros). Inclusive pelo empréstimo por seis meses de João Félix, cedido pelo Atlético de Madrid, o clube londrino teve que pagar 11 milhões de euros, além dos 7 milhões de euros pelo salário do jogador, um custo de quase 700 mil euros por jogo.

 Engenharia financeira 

Enquanto a Uefa tenta há anos regular a inflação das transferências com a aplicação do Fair-Play Financeiro (FPF), a compatibilidade deste com os investimentos do Chelsea levanta questionamentos.

Boehly e o Clearlake, o fundo de investimentos que acompanha o empresário americano à frente do clube, acreditam ter encontrado certa defesa alongando a duração dos contratos, o que permite estender nas contas as amortizações dos pagamentos ao longo do vínculo.

Fofana assinou até 2029, Badiashile até 2030, Fernández e Mudryk até 2031... Com as receitas geradas nas janelas de transferências são contabilizadas em uma única vez no ano da venda, embora o pagamento se estenda no tempo, fica menos difícil equilibrar as contas, desde que esta política não seja mantida por muito tempo.

As regras do FPF também ficarão mais brandas nos próximos anos, já que a Uefa vai permitir a partir da próxima temporada que os prejuízos acumulados ao longo dos últimos três exercícios fiscais passem de 30 milhões de euros para 60 milhões de euros. Caso o clube seja considerado financeiramente saudável, esse valor pode chegar a 90 milhões de euros.Mas não será fácil para os 'Blues' cumpri-las, sabendo que o clube perderá dois grandes contratos de patrocínio por cerca de 68 milhões de euros anuais e terá que encontrar substitutos.

Mas as punições relativamente pequenas aplicadas até o momento a equipes infratoras não parecem preocupar muito os proprietários do Chelsea.

Aposta esportiva arriscada 

Apesar da engenharia financeira adotada pelo Chelsea, o veredicto do campo e bola ameaça se impor rapidamente. Atualmente na décima posição do Campeonato Inglês, a dez pontos do Top 4, o time terá dificuldades para conseguir uma lucrativa classificação para a Liga dos Campeões da Europa.

Sem as receitas associadas e com 42 jogadores no elenco, as próximas janelas de transferências podem ser condicionadas pelas saídas, que devem render muito menos do que os 60 milhões de euros que o clube fez com suas quatro principais vendas nesta temporada. Embora o potencial dos jogadores contratados seja inegável, a aposta é extremamente arriscada, tendo em vista o dinheiro investido.

A duração dos contratos pode se transformar rapidamente em uma prisão tanto para os jogadores como para o clube se os resultados não forem os esperados, e a gestão do vestiário seria muito delicada.

 


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