Copa Paulo Sant`Ana não atrai torcedores e amplia prejuízos do Interior

Copa Paulo Sant`Ana não atrai torcedores e amplia prejuízos do Interior

Dos borderôs divulgados pela FGF, apenas quatro jogos tiveram público superior a 100 torcedores

Carlos Corrêa

Copa Paulo Sant`Ana é deficitária por todos os lados

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No domingo passado, dia 27, Nova Prata e Inter entraram em campo pela Copa Paulo Sant’Ana, em Veranópolis. Apesar de o horário ser de certa forma atrativo, 11h, havia mais gente em campo do que nas arquibancadas do estádio Antônio Davi Farina, visto que apenas 17 ingressos foram vendidos. Antes fosse essa uma exceção na principal competição do futebol gaúcho no segundo semestre do ano. Mas não é. Dos 14 borderôs divulgados no site da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) até o momento, em apenas quatro jogos o público foi superior a 100 torcedores. Se levados em conta árbitros, reservas e comissão técnica, em pelo menos outras cinco partidas a torcida era inferior ao número de profissionais envolvidos nos duelos. E não há nenhum indicativo de que a situação vá melhorar a curto prazo. Sobram justificativas para todos os lados, desde o pouco interesse do público, passando pelo parco espaço dedicado pela imprensa em geral para divulgar a competição. Mas o problema vai além.

“O país todo está em crise. O país quebrado, o Estado quebrado, com salário parcelado. Tu sai para ir ao jogo e pode ser assaltado. Chega ao estádio e não pode tomar uma cervejinha. Por outro lado, se fica em casa, há uma série de jogos passando na televisão”, observa o presidente da FGF, Francisco Novelletto. Ao contrário do Campeonato Gaúcho, em que a Federação recebe uma verba pelos direitos de transmissão, a Copa Paulo Sant’Ana é deficitária por todos os lados. Sem televisionamento e sem patrocinadores, a entidade não recebe um centavo. De quebra, ainda arca com os custos de arbitragem de todas as partidas, um valor que gira em torno de R$ 1,6 mil por jogo.

De acordo com Novelletto, o prejuízo com o que se deixa de arrecadar beira R$ 1 milhão. Se para a FGF a conta já não fecha, imagine a situação dos clubes. Com públicos que dificilmente passam de 100 torcedores, todo jogo é um prejuízo. Isso porque afora o que consta no borderô, existem ainda outros custos, como o pagamento de funcionários e até mesmo luz no caso de jogos noturnos. Gerente executivo do Aimoré, Lucas Konrath calcula que cada vez que o clube abre o estádio Cristo Rei, o custo é de R$ 2 mil. Com uma folha salarial em torno de R$ 35 mil, não é difícil perceber porque a situação financeira da maioria dos clubes gaúchos está no vermelho. No caso do Aimoré, a direção recorre a alternativas fora de campo. Uma delas é o aluguel que recebe de uma empresa de telefonia por ceder o espaço a uma antena de telefone.

A lista de interessados em participar da competição tinha, inicialmente, 30 clubes, revela Novelletto. Com a proximidade do início, 18 desistiram, entre eles o Sapucaiense. “O futebol do interior do Estado, com raras exceções, está falido”, comenta o presidente do clube, Chico Christianetti. De acordo com o dirigente, não há interesse por parte dos patrocinadores, que sabem ser difícil obter retorno com tão pouca divulgação e tão pouco público. O que, por consequência, torna inviável a participação dos clubes. “Não posso disputar uma competição só para contentar os cento e poucos torcedores que vão ao estádio”, lamenta.

Sem um cenário otimista a curto prazo, para alguns clubes do Interior a saída tem sido a parceria com empresários, que arcam com os custos, mesmo sabendo do prejuízo. Isso porque o retorno se dá com a negociação de jogadores, que ganham mais visibilidade. É o caso, por exemplo, do Nova Prata, que conta com 11 colombianos no elenco. “Já temos quatro negociações bem encaminhadas”, revela o gerente de futebol do clube, Eduardo Cappelari.

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