Barbeiro dos boleiros mudou de vida e hoje faz a cabeça de jogadores da seleção na Copa

Barbeiro dos boleiros mudou de vida e hoje faz a cabeça de jogadores da seleção na Copa

Rafa Cortes, que tentou ser jogador de futebol, hoje é cabeleireiro e amigo dos atletas que estão no Catar para o Mundial

R7

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Ele não foi convocado entre os 26 jogadores, não faz parte da comissão técnica, mas é fundamental na caminhada da Seleção Brasileira rumo ao hexacampeonato da Copa do Mundo. Rafael Mota é o barbeiro dos boleiros e faz a cabeça de jogadores da Seleção Brasileira em Doha, no Catar. Preso quando ainda era jovem, o Rafa Cortes, como é conhecido, aprendeu a profissão na penitenciária, mudou de vida e hoje serve até de psicólogo para os atletas. Rafa por pouco não foi jogador de futebol. Habilidoso, jogou nas categorias de base do Palmeiras, da Portuguesa e conhece muito bem o ambiente de vestiário. Um problema cardíaco interrompeu a sua carreira antes que despontasse no profissional. Após uma período depressivo, começou a praticar assalto e desvio de carga em São Paulo. Preso e condenado a cinco anos e quatro meses, cumpriu a sua pena e decidiu que 'nunca mais mexeria com coisa errada'.

A história de cortar cabelos começou quando um jogador falou do seu trabalho para um, que falou para outro, para um terceiro e para times inteiros. Da lâmina de barbear e pente, a coisa melhorou bastante e Rafa hoje tem dois salões no bairro do Morro Doce, na zona norte da capital paulista, por onde foi criado e chegou a morar em barraco de madeira com a mãe e o irmão. No Catar a convite de parte dos jogadores, já atendeu Antony, Ederson, Thiago Silva, Richarlison, Vini Jr. e tem agenda cheia para mais tantos outros atletas. Sempre em parceria com Marlon e Everson Perninha.

Além do bom trabalho, o sucesso que faz entre os boleiros se deve também ao seu passado como jogador e à riquíssima história de superação, de alguém que viu a “alternativa mais fácil para um jovem da periferia”, como ele mesmo diz, aprendeu a lição e construiu uma nova história através do trabalho. Hoje, ele é casado com Juliana, tem a filha Maria Eduarda e espera o nascimento de Antony, em homenagem ao jogadora da seleção brasileira, com quem estava ao lado no momento da convocação.

“O jogador se sente mais confortável com alguém que tem a mesma resenha com você. As risadas, as piadas, o papo é mais fácil. A gente sabe que tem coisa que tem lugar e tem hora para ser comentado. Você tem que ser um amigo. O barbeiro faz um pouco de psicologia também. Só do jogador sentar, ele já se olha no espelho e vê a pessoa que ele é”, disse Rafa, que naturalmente virou amigo dos atletas.

Nessa rede de cliente e amigo, está o zagueiro Robert Arboleda. Os dois se conheceram no CT do São Paulo, e o jogador o levou para cortar 18 cabelos na seleção equatoriana, no Catar. Foram quase 12 horas de trabalho junto dos amigos, em um ambiente de muita descontração antes da partida contra Senegal.

O barbeiro também viaja pelo Brasil e o mundo para dar palestras e workshop. A inspiração para degradês, riscos e demais penteados nos jogadores vem da riqueza cultural do próprio país.

“No começo da minha carreira, comecei a me inspirar nos americanos. Eles trouxeram a moda da barbearia para o mundo. Peguei esse estilo e comecei a me inspirar, mas no Brasil a gente é rico de estilo de vários cabelos, liso, cacheado, estilo afro. Você tem que estar preparado. O Brasil é uma mistura de cortes e com todas as raças. Para você chegar no nível de atender todas as pessoas, tem que ter muita diferença”, disse.

Pagamento com selfie?

O deslocamento do profissional, até o centro de treinamento ou casa do jogador, é o que mais influencia no preço final. O corte e o penteado variam pouco. E nada de pagamento com selfie ou camisas autografadas ainda que os presentes sejam comuns pela amizade que o profissional desenvolve com atletas. Há ainda uma cumplicidade para que ganhe ainda mais clientes.

“Sempre que atendo um jogador, os caras vem me pagar e não quero receber pelo primeiro corte. Costumo a propor: ‘se você realmente gostar do corte, pode pagar no próximo’. Mas aí é um tal de deixar dinheiro no equipamento da gente, jogar na mala. Eles sempre fazem questão de pagar, mas, para mim, é uma porta para cortar o cabelo de mais e mais atletas”, disse.


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