Quadro de mestre holandês roubado por nazistas será devolvido por cassino alemão

Quadro de mestre holandês roubado por nazistas será devolvido por cassino alemão

Cerimônia será realizada no Museu de Amsterdã, em anexo construído no local onde viveu o artista Juriaen Pool II

AFP

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Um quadro de mais de 300 anos de um mestre holandês da pintura, o retratista Juriaen Pool II (1665-1745), roubado de um marchand judeu alemão durante o nazismo, será devolvido nesta terça-feira por um cassino alemão a seus herdeiros, anunciou nesta segunda-feira a Universidade canadense Concordia. "É a primeira vez que um estabelecimento alemão nos devolve uma tela", disse à AFP o diretor de projetos especiais desta universidade de Montreal, Clarence Epstein.

Desde 2002, a Universidade Concordia tenta recuperar mais de 400 quadros que pertenceram ao marchand Max Stern. Ameaçado pelos nazistas, ele foi obrigado a fechar sua galeria de arte de Dusseldorf em dezembro de 1937, fugindo para Londres, depois para o Canadá, após ter sido obrigado pela Gestapo a abandonar ou ceder seus quadros, vendidos a preços baixos. A Concordia é legatária da coleção Max-Stern, junto com a Universidade McGill de Montreal e a Universidade hebraica de Jerusalém.

A obra que será devolvida nesta terça-feira, durante cerimônia no Museu de Amsterdã, é uma tela de grande dimensão, "Les maîtres de la guilde des orfèvres à Amsterdam en 1701" (Os mestres da assembleia de órfãos de Amsterdã em 1701), do então jovem retratista Juriaen Pool II (1665-1745). O quadro representa os notáveis de Amsterdã e estava na galeria Stern de Dusseldorf até 1937, ano em que foi enviado à galeria Heinemann de Wiesbaden. Foi adquirido, após a Segunda Guerra Mundial, por um cassino no sul da Alemanha, que permaneceu com ele desde então. Epstein recusou-se a identificar o cassino, que pediu para não ter o nome divulgado. O trabalho é a nona obra de arte espoliada pelos nazistas a ser devolvida aos herdeiros testamentários de Max Stern, que faleceu durante uma viagem a Paris, em 1987.

A realização da cerimônia no Museu de Amsterdã não foi por acaso: a instituição acaba de inaugurar um anexo destinado a crianças no mesmo local onde havia um orfanato que viu crescer Juriaen Pool na adolescência, após ficar sem a família.
Um personagem que encarna o retratista é encarregado de guiar, hoje, os visitantes, de uma sala à outra do antigo orfanato.

A devolução da tela foi fruto de um trabalho minucioso, iniciado em 2004 por dirigentes do projeto, com o apoio dos escritórios de pedidos de indenizações ligadas à Shoah (expressão que significa catástrofe ou tragédia e que é utilizada para designar o genocídio nazista) do Estado de Nova Iorque, graças a informações sobre sua localização fornecidas pela casa Sotheby's. 

Nos arquivos do Instituto holandês de História da Arte (RKD), com o qual Max Stern mantinha estreito contato, na época, um pesquisador encontrou uma nota deste último datando de 1937. Acompanhada de uma fotografia do quadro, a nota não deixa nenhuma dúvida sobre quem era o proprietário da obra, como atestam os documentos da Universidade Concordia. Um forte argumento que convenceu o cassino a devolver a obra, acrescentou Epstein.

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