Colunista conta como foi a cobertura em Tóquio da final do Mundial do Grêmio em 1983
Correio do povo Logo

Receba as principais notícias do Grêmio no seu WhatsApp

Inscrever-se WhatsApp Logo

Colunista conta como foi a cobertura em Tóquio da final do Mundial do Grêmio em 1983

40 anos depois, João Carlos Belmonte conta ao Correio do Povo sobre entrevistas e curiosidades daquele 11 de dezembro

João Paulo Fontoura

publicidade

Voltar quatro décadas para recontar o maior título da história do Grêmio é por si só um exercício saboroso para quem gosta de folhear páginas antigas de um jornal. Acessar o arquivo do Correio do Povo, cuidadosamente preservado, é viajar no tempo. Em um tempo absurdamente diferente do atual. Uma obviedade que precisa ser dita para que se tente dar uma ideia do que era o mundo 40 anos atrás. Assim como também pontuar como era a cobertura de um jogo entre um time brasileiro e um alemão em solo japonês. 

A assinatura do CP, por exemplo, se dava era através do preenchimento à mão de um cupom enviado pelos correios. O lançamento do cinema na época era “O Retorno de Jedi”, a terceira parte da saga Star Wars, à época ainda “Guerra nas Estrelas”. Na política, em visita a Porto Alegre, Lula respondia se o PT pretenderia chegar ao poder no voto ou na força. No futebol, a premiação para os jogadores e comissão técnica tricolor foi acertada no valor total foi de 105 mil dólares, salário talvez de um jogador reserva do grupo atual de Renato Portaluppi.

Quando Grêmio e Hamburgo jogaram na fria capital oriental em 11 de dezembro de 1983, João Carlos Belmonte não estava na terra do sol nascente pela primeira vez a serviço. Somente essa informação já bastaria para ilustrar a força que o evento despertava e a capacidade e o esforço para que o melhor fosse levado para o leitor. O torcedor gremista diante do maior feito de todos e, porque não o colorado, que teve razão maior ainda para torcer pelos europeus quando os viram de vermelho e branco no castigado gramado do estádio Olímpico de Tóquio. 

Nas páginas amareladas das edições do CP dos dias que antecederam o duelo é possível encontrar registros da chegada das delegações, dos primeiros treinos, das entrevistas e da curiosidade que um mundo novo causava em todos que por lá chegavam. Colunista do jornal à época, Belmonte conversou conosco para relembrar uma cobertura marcante para um jornalista então com 40 anos de idade e um dos maiores nomes da crônica esportiva gaúcha. 

Antes mesmo da primeira pergunta, uma importante contextualização do momento do Grêmio fora das quatro linhas naquela temporada. Nas palavras do próprio entrevistado: “Durante a disputa da Libertadores havia discordâncias com o Koff. A oposição pichou os muros da Cascatinha com 'Fora Koff! Fora Koff!”

Como foi para você aquela cobertura?

Em agosto eu fiquei praticamente um mês em Tóquio mandando matérias para o Correio do Povo e para a Rádio Guaíba (tive assessoria do meu ponto de referência da antiga Varig, que tinha filial lá). Fiz contato com a emissora japonesa que faria o jogo. Mostrei as atrações de Tóquio, o estádio, os hotéis e tal. Gravei um programa de uma hora de duração que a TV2 Guaíba reproduziu aqui. Conheci muitos japoneses e eles vieram depois ao Brasil. A empresa tinha uma parceria com a rede Everest de hotéis. E oferecemos a uma delegação de japoneses que veio aqui. ‘Eles devem retribuir quando fomos lá’, imaginei. Os recebi com churrasco na minha casa, eles ficaram 15 dias em Porto Alegre. Foi quando chegou um Telex para mim (achavam que eu era o dono ou diretor da empresa) com dois apartamentos reservados para nossa equipe com o (Armindo Antônio) Ranzolin e Lauro (Quadros).

Como foi para trabalhar 40 anos atrás sem as facilidades que o jornalismo e o jornalista encontra hoje em relação à estrutura e tecnologia. Ainda mais com um fuso horário totalmente diferente do nosso?

E lá era inverno ainda por cima. Alguns dias antes do jogo, quando já estava lá, até neve caiu. Estava muito frio. Mas foi tudo fácil. A Guaíba contratou uma linha com 24h de satélite. Ela deu toda condição de trabalho antes, durante e depois da partida. Era uma linha 'ponta a ponta'. Até os fotógrafos mandavam material por ali. Era uma verdadeira maravilha. Quando se encerrou a transmissão, jogadores e dirigentes falaram com seus familiares pela linha da Rádio Guaíba.

De todos aqueles dias em Tóquio, qual foi, para você, a lembrança mais marcante daquela cobertura?

As duas delegações ficaram no mesmo hotel, mas um técnico não pôde acompanhar a entrevista do outro. E o (Valdir) Espinosa combinou comigo de me receber no quarto dele para que eu falasse da entrevista do treinador alemão (Ernst Happel). Eu contei a ele que só o nome do Caju foi comentado. O cara não citou o nome do Mário Sérgio e nem do Renato. Acho que eles só conhecem o Caju por ter jogado na Seleção Brasileira. Eu tinha uma amizade muito boa com o Espinosa. É uma coisa que a gente guarda na retina e não esquece nunca mais. Até hoje no bairro Menino Deus onde eu resido, me dou com a vizinhança. E todas as pessoas que gostam de futebol falam comigo sobre essa cobertura de 40 anos atrás. Foi o maior título até então do futebol gaúcho. Um detalhe interessante que aconteceu na noite da vitória é que depois que terminou o trabalho e as comemorações já bem tarde da noite, eu voltei para o hotel para descansar e tal. Quando entrei, avistei o presidente Koff com a esposa, a dona Ivone. Eles me perguntaram como estava a repercussão do título. Eu comentei e ele emendou: “E o muro Belmonte?”, soltando a risada. 

Qual foi o tratamento dado pela imprensa de fora do Estado ao Grêmio?

A imprensa deu destaque, mas claro, sem o destaque dado pela imprensa do Rio Grande do Sul. A chegada foi uma festa grandiosa. A delegação foi de carro de bombeiros até o Palácio Piratini. De fato parou a cidade como a volta do Everaldo após o Tri de 1970 do México.


Mais Lidas

Confira a programação de esportes na TV desta terça-feira, 23 de abril

Opções incluem eventos de futebol e outras modalidades esportivas em canais abertos e por assinatura







Placar CP desta terça-feira, 23 de abril: confira jogos e resultados das principais competições de futebol

Acompanhe a atualização das competições estaduais, regionais, nacionais, continentais e internacionais

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895