Grêmio: o que aconteceu com os jogadores após a final do Mundial de 1983

Dezoito jogadores assinaram a súmula para a final do Mundial Interclubes de 1983 naquele dezembro em Tóquio para disputar o maior título do futebol gaúcho até então. E dos sete que ficaram na reserva, apenas dois entraram no decorrer do jogo (era o máximo que a regra permitia naqueles tempos): Caio no lugar de Paulo Cézar Lima, o Caju, e o volante Bonamigo substituindo o meia Osvaldo.

Mas os torcedores tricolores também jamais esqueceram os demais que ficaram no banco: o goleiro Beto, o zagueiro Leandro José, o lateral-esquerdo Casemiro, o meia-atacante Tonho e o centroavante César, autor do gol do título da Libertadores meses antes, que foi o passaporte para a disputa do Mundial.

Um dos que ficou mais tempo no clube após o título foi o goleiro Mazzaropi, que saiu quase dez anos depois para jogar no Figueirense. Porém quando encerrou a carreira como jogador retornou para o Tricolor, onde permanece até hoje, agora como comentarista da emissora de rádio do clube. Muitos saíram após o Mundial, mas outros como Osvaldo, Bonamigo, Renato e Tarciso ainda permaneceram por algum tempo. Alguns retornaram para o Grêmio após encerrarem suas carreiras, como Paulo Cezar Magalhães, China, Mário Sérgio (como manager, em 2005), De León (treinador também em 2005, trazido por Mário Sérgio) e finalmente o ídolo Renato, que como jogador teve duas meteóricas passagens (em 1991 e 1995) e já nos anos 2000 como treinador, ampliando a idolatria de jogador para também treinador vitorioso.

Veja a trajetória de cada um após a final de 83

MAZZAROPI: Após o Mundial, o goleiro permaneceu no Grêmio até 1990, quando foi para o Figueirense em 1991. Em 1992, encerrou a carreira no Guarany de Cruz Alta. No mesmo ano, foi eleito vereador em Porto Alegre, porém abandonou o cargo três anos mais tarde, para aceitar o convite de Otacílio Gonçalves e ser treinador de goleiros no Japão, onde passou oito anos, atuando em clubes como Yokohama Marinos e Nagoya Grampus. Desde 2015, é comentarista esportivo na Rádio Umbro, que transmite os jogos do Grêmio.

PAULO ROBERTO: o lateral-direito ficou no clube até o final de 1983, quando transferiu-se para o São Paulo, onde ficou apenas em 1984. No ano seguinte foi para o Santos, onde ficou só uma temporada. De 1986 a 1989, jogou no Vasco. Depois foi para o Botafogo, Cruzeiro, Corinthians, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Galo novamente, Fluminense, Cerro Porteño (de Assunção) até encerrar a carreira em 2000 no Canoas Futebol Clube. Atualmente, é empresário de futebol e reside na sua cidade natal, Viamão.

JORGE BAIDEK: Após o título, permaneceu no Grêmio até 1987, quando transferiu-se para o Belenenses, de Portugal, onde ficou cinco anos (1987 a 1992). Depois foi para o Vizela, também de Portugal, e em 1993 retornou para o Tricolor. Em 1995, foi para o Madureira (RJ) e no mesmo ano encerrou a carreira no CSA de Maceió. Atualmente é empresário de futebol e divide-se entre Lisboa e Porto Alegre.

HUGO DE LEÓN: Seguiu no Grêmio até 1984, quando transferiu-se para o Corinthians. No Timão, ficou dois anos e depois foi para o Santos, onde disputou duas temporadas. Em 1987, foi jogar no Logroñés, da Espanha, e em 1988 retornou para seu clube de origem, o Nacional de Montevidéu. Entre 1988 e 1991 foi emprestado para o River Plate e para o Botafogo. Em 1991 e 1992 jogou no Toshiba (Japão) e em 1992 voltou para o Nacional para encerrar a carreira como jogador. Em 2005, chegou a treinar o Grêmio durante o Campeonato Gaúcho, mas foi demitido para o início do Campeonato Brasileiro da Série B do mesmo ano, e para seu lugar entrou Mano Menezes. Atualmente está aposentado e reside em Rivera.

PAULO CEZAR MAGALHÃES: Deixou o Grêmio no ano seguinte do título, quando foi defender o Vasco da Gama. Em seguida, jogou por Vitória, Remo, Goiás, Concórdia, Juventus de Santa Catarina, São Paulo de Rio Grande, 15 de Novembro de Campo Bom e Novo Hamburgo. Depois de encerrar a carreira de jogador, passou a atuar como treinador e em seguida dirigente no Cerâmica da cidade de Gravataí, no Rio Grande do Sul. Atualmente trabalha no departamento de patrimônio do futebol feminino do Grêmio.

CHINA: Após o Mundial, permaneceu no Grêmio até 1984, quando transferiu-se para o Vasco da Gama. Jogou também no Noroeste em 1988 no Beira-Mar de 1990 a 1992 passou também pelo Leixões, de 1992 a 1994, e no Passo Fundo. Naquele mesmo ano foi para os paulistas Sãocarlense e Santo André, onde encerrou a carreira. Atualmente é treinador na base do Grêmio.

OSVALDO: O meia-direita camisa 8 ainda ficou no Tricolor até 1987, ano que se transferiu para o Santos. Na mesma temporada foi para Vasco Gama. No ano seguinte foi para o Coritiba, onde ficou até 1990. Em 1991 ainda jogou no Comercial de Ribeirão Preto e em 1992 encerrou a carreira no clube no qual começou, a Ponte Preta. Em Campinas também trabalhou na Rádio Brasil, como comentarista esportivo, e atualmente está aposentado.

PAULO CÉZAR CAJU: Antes da meteórica passagem pelo Grêmio no final de 1983 exclusivamente para disputar a final do Mundial, o meia-esquerda teve uma primeira passagem pelo Tricolor, entre 1978 e 1979. Saiu do clube porto-alegrense e passou ainda por Vasco da Gama e Corinthians, que fez um apelo publicitário aos seus torcedores para arrecadar dinheiro para a contratação. Após o título Mundial, o tricampeão mundial pela Seleção Brasileira em 1970, no México, encerrou sua vitoriosa carreira e retornou para o Rio de Janeiro. Em 2020, passa a ser comentarista da Rádio Tupi.

MÁRIO SÉRGIO: Depois da conquista de Tóquio o ponteiro-esquerdo retornou ao rival Internacional, onde já havia jogado entre 1979 e 1981. Ficou só até o final de 1984, pois naquele ano transferiu-se para o Palmeiras. Em 1986, foi para o Botafogo de Ribeirão Preto (SP) e naquele mesmo ano teve uma rápida passagem no Bellinzona, no futebol da Suíça. Em 1987, encerrou a carreira da jogador no Bahia. No mesmo ano começou a carreira no Vitória, clube no qual se consagrara como atleta entre 1971 e 1975. Também treinou Corinthians, São Paulo, Atlético Paranaense, Atlético Mineiro, Figueirense, Botafogo, Portuguesa, Inter e Ceará. No período como técnico, comandou 11 times. Ocupou também cargo como dirigente esportivo em alguns clubes, como no Grêmio, em 2005. Mario Sérgio também foi comentarista esportivo e começou no início da década de 1990, na TV Bandeirantes. Sua última atuação como comentarista foi na Fox Sports, onde ingressou em 2012. Mário Sérgio foi uma das vítimas fatais da trágica queda do voo da LaMia 2933, no dia 28 de novembro de 2016. A aeronave transportava a equipe da Chapecoense para Medellín, onde disputaria a primeira partida da final da Copa Sul-Americana.

RENATO: Após o Mundial o craque da final ficou no Tricolor até o final de 1986, quando foi comprado pelo Flamengo, onde foi campeão brasileiro em 1987, ganhando inclusive o Prêmio Bola de Ouro. Em 1989 teve uma rápida passagem pela Roma, retornando ao rubro-negro carioca em seguida. Em 1991 foi para o Botafogo e no mesmo ano retornou ao Grêmio por um curto período por empréstimo. Ao retornar para o alvinegro carioca transferiu-se para Cruzeiro em 1992. Já 1993 jogou novamente no Flamengo e em 1994 voltou para Belo Horizonte para jogar no Atlético-MG. Em 1995 teve outra rápida passagem pelo Grêmio e no mesmo ano foi para o Fluminense, onde ficou até 1997, quando mais uma vez retornou para o Flamengo. Em 1999 encerrou a carreira no Bangu. No ano seguinte, após sua retirada dos gramados, Renato iniciou a carreira de treinador no Madureira, onde treinou por dois anos. Na casamata, conquistou títulos importantes como a Copa do Brasil pelo Fluminense, em 2007, e a Libertadores em 2016 pelo Grêmio. É tão ídolo dos gremistas que até uma estátua sua foi inagurada na Arena.

TARCISO: Ficou no Grêmio até 1986, quando transferiu-se para o Goiás. No ano seguinte foi para o Cerro Porteño e em 1989 jogou no Coritiba. Passou pelo Goiânia em 1990 e no mesmo ano encerrou a carreira no São José de Porto Alegre. Após encerrar a carreira foi empresário e político na capital gaúcha, mantendo uma escolinha de futebol desde a década de 1990 e trabalhou com projetos comunitários. Foi  eleito vereador em 2008, reeleito em 2012 e 2016, adotando seu nome político de Tarciso Flecha Negra. Morreu em 5 de dezembro de 2018, em decorrência de um tumor ósseo.

BONAMIGO: Permaneceu no Grêmio até 1989, quando seu passe foi para a Federação Gaúcha de Futebol e adquirido pelo rival Internacional. Mas não ficou muito tempo no Beira-Rio, pois em 1990 transferiu-se para o Coritiba. Retornou ao Inter em 1991 e em 1992 jogou no Inter de Limeira. No mesmo foi para o Felgueiras, de Portugal. Em 1994 voltou para o Brasil e jogou no Botafogo. No ano seguinte foi para o Rio Branco de Americana (SP), depois para o Bahia e por fim encerrou a carreira no carioca Madureira, em 1996. No mesmo clube carioca começou como treinador em 1998. Seu último trabalho foi no Remo, em 2022 e atualmente está sem clube.

CAIO: O atacante entrou no lugar de Paulo Cézar Caju aos 25 minutos da etapa final. Após o Mundial, que foi no final de 1983, foi para o Moto Club de São Luís (MA) no começo de 1984. Depois encerrou a carreira no Sampaio Corrêa, também na capital maranhense. Depois teve uma curta carreira de treinador no Maranhão, Imperatriz e Moto Club, todos do Maranhão. Caio faleceu em fevereiro de 2019, depois de amputar as suas duas pernas em razão de uma trombose.

Foto: José Doval / CP Memória