Nem tudo são lágrimas e tristeza para o Inter, que foi superado nos pênaltis e terminou como vice-campeão do Campeonato Gaúcho de 2019. O Colorado precisará lamber as feridas e olhar para o restante da temporada, que ainda é longa e recheada de compromissos entre Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão. Entre os comentaristas do Correio do Povo e da Rádio Guaíba há consenso de que o time de Odair Hellmann evoluiu, diminuindo a distância técnica para o Grêmio. No entanto, o desafio do treinador será buscar alternativas para que o Inter jogue mais, aproveite, de maneira adequada, uma das suas mais valiosas peças, Paolo Guerrero, e supere adversários do mesmo calibre do Tricolor. Neste ano, o Colorado ainda não conseguiu vencer times grandes. Tem uma derrota e dois empates com o principal rival e uma nova igualdade com River Plate, pela Libertadores.
O colunista do Correio do Povo Hiltor Mombach defende a ideia de que não há razão para terra arrasada no Inter e acredita num futuro promissor. "O Inter jogou de igual para igual esses dois compromissos com o Grêmio, mas o Tricolor foi o campeão. No conjunto da obra, o Grêmio sobrou, não sofreu derrotas e aplicou várias goleadas. É incontestável o título. Para os torcedores do Inter, resta o alento de que o time, coadjuvante no passado, possa ser protagonista ali na frente. Pode ter coisa boa no Copa do Brasil e na Libertadores", disse.
Em sua entrevista coletiva, ao falar da atuação de Guerrero, o próprio Odair admitiu a necessidade de uma engrenagem melhor para municiar Paolo Guerrero. O comentarista da Rádio Guaíba e colunista do Correio do Povo Nando Gross amplia o discurso do comandante colorado e disse ter enxergado crescimento na equipe vermelha.
"Se a gente lembrar de uns Gre-Nais para trás, até o início deste ano, o ambiente era outro: 'quando o Inter vinha jogar na Arena, tinha que tentar não ser goleado. Vamos armar uma retranca'. Isso mudou e hoje o confronto com o Grêmio está equilibrado e isso mostra uma evolução do Inter. Fica justo o título para o Grêmio e o Odair sabe disso. Até tem o papo de rede social, de que o Guerrero ficou isolado, mas se formos comparar com o Grêmio, o Renato colocou o Luan no jogo e depois o Tardelli. O Inter colocou o Guilherme Parede, que até atuou bem e pode vir a ser um bom atleta, mas o time não tem esses mesmos jogadores no banco. Acho que o Inter sai de cabeça erguida", analisou.
O comentarista da Rádio Guaíba Carlos Guimarães avalia como positivo o saldo deixado pelo Inter no Gauchão, mas aponta alguns problemas que pedem uma resolução. "O Inter tem problemas defensivos com o Zeca. Tem também um 'cobertor curto' no meio-campo, porque se joga o D'Alessandro perde intensidade, perde marcação e vitalidade. Algumas escolhas de Odair eu não entendi. Por que o Camilo ficou à frente do Sarrafiore? Existem algumas coisas para serem resolvidas, mas o Inter tem uma base e ganha o Guerrero. O Inter não perdeu o Gauchão de maneira catastrófica. Começou patinando no campeonato, mas depois se ajustou, e isso é natural. Agora, o Odair precisa rever algumas escolhas de jogadores e ver a questão da intensidade. O Inter tem uma base competitiva, mas precisa de alguns ajustes", disse.
Colega de Guimarães e também comentarista da Guaíba, Cristiano Oliveira defende a elaboração de um esquema que dê ao Inter maior capacidade criativa. "Não faço terra arrasada no Inter. O Gauchão provou que o time tem coisas boas e ruins, o que é absolutamente natural. Como preocupante, vejo a enorme dificuldade que a equipe encontra quando precisa propor o jogo e criar situações. Entendo que este não é o modelo preferencial, mas precisa ser uma válvula alternativa. Depender de bolas longas para Guerrero e ter essa ideia como principal é se apequenar demais. O peruano é diferenciado, mas precisa receber a bola redonda, não 'quadrada'. Entendo que este é a principal equação que Odair precisa resolver se quiser brigar por títulos importantes em 2019", argumentou.
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