Fernandão, o adeus de um ídolo
Velório do ídolo do Inter acontece em Goiânia
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A notícia mobilizou os colorados. Emocionados, milhares se foram à avenida Padre Cacique, em frente ao estádio Beira-Rio, no fim da tarde desse sábado em homenagem ao ídolo. Com camisetas do Inter, sinalizadores e instrumentos, o grupo cantou músicas da torcida e levou flores ao memorial do estádio, ao lado do portão de entrada. Os torcedores não puderam entrar no Beira-Rio, que já está cedido à Fifa para a Copa do Mundo. O velório de Fernandão acontece em Goiânia.
Fernando Lúcio da Costa nasceu em 18 de março de 1978 em Goiânia. Começou sua carreira no Goiás e passou por Marseille e Toulouse, da França. Mas foi no Inter que se encontrou. A camisa vermelha lhe caía bem. Era uma segunda pele. Com ela, marcou sua trajetória com grandes títulos e um espírito de liderança inconfundível. “É inacreditável. Ainda estou sob o impacto desta notícia. O Fernandão foi o maior ídolo da nossa história. Eu digo isso desde o momento que levantou a taça do Mundial, em 2006”, lamentou o ex-presidente do Inter Fernando Carvalho.
Fernandão chegou ao Inter em 2004. Logo na estreia, marcou o gol 1000 em Gre-Nais. Ganhou uma placa no Beira-Rio e a admiração eterna dos torcedores desde o seu primeiro jogo. Depois, foi o capitão colorado nas conquistas da Libertadores e do Mundial em 2006, entre outros.
Marcou gols memoráveis, fez jogadas incríveis. Tinha certa elegância para jogar. Era grande. Erguia-se sobre seus quase 2 metros e “enxergava o jogo”. Era dono de uma cabeçada potente, de passes perfeitos, mas a inteligência com a bola nos pés era sua principal característica.
Em 2008, Fernandão surpreendeu o Estado ao anunciar sua transferência para o Al-Gharafa, do Qatar. Deixou o Inter com a promessa de um dia voltar. Dois anos mais tarde, tentou regressar para o clube que amava sem constrangimento. “Vou voltar. Pode ser como jogador, treinador ou mero torcedor”, previu.
Ele cumpriu a promessa. Mas não de primeira. Depois de uma negociação cheia de mal-entendidos com os dirigentes colorados, acabou no Goiás. Jogou pouco e foi para o São Paulo. Um dia, no Beira-Rio, pelo Brasileirão de 2010, marcou com um gol contra o Inter. E não comemorou.
O destino, porém, o trouxe de volta para casa. Depois de encerrar a carreira devido a um problema crônico no púbis que o impediu de manter o mesmo rendimento de outrora, voltou ao Inter em 2012. Chegou para ser diretor executivo, mas logo passou a técnico. Entre julho e novembro daquele ano, comandou o Inter da casamata.
Desgostou-se no cargo, foi abandonado por antigos companheiros e deixou o cargo de forma prematura. Sua trajetória como técnico ficou marcada por ter acusado os jogadores, após uma derrota no Beira-Rio, de estarem na “zona de conforto” — o que, diga-se de passagem, era verdade. No ano seguinte, passou a dedicar-se aos negócios da família. Este ano, foi convidado para participar da cobertura da Copa como comentarista de TV.
Fernando Lúcio da Costa deixa esposa e um casal de filhos, além de uma legião de amigos, um exército de admiradores e uma torcida inteira de luto.