Libra é melhor para o Inter em qualquer cenário, garante diretor de fundo do Emirados Árabes
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Libra é melhor para o Inter em qualquer cenário, garante diretor de fundo do Emirados Árabes

Correio do Povo entrevistou com exclusividade Sergio Carneiro, diretor executivo do Mubadala, fundo de investimentos árabe que banca a Libra no Brasil

Fabricio Falkowski

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A adesão do Inter a Liga Forte Futebol ou a Libra é um tema que prende a atenção dos colorados nos últimos meses. Trata-se de um tema fundamental, um negócio que pode comprometer a competitividade do clube por muitos anos e com inúmeras variáveis. Neste momento, o Inter está alinhado à LFF, que reúne clubes menores mais prega uma divisão mais justa dos recursos. 

Porém, na última semana, o Conselho Deliberativo decidiu que, antes de autorizar a atual direção a assinar o contrato com a LFF, irá escutar formalmente uma oferta da Libra. Isso deve acontecer na próxima semana. Por isso, o CP entrevistou com exclusividade Sergio Carneiro, que é o diretor executivo do Mubadala no Brasil, fundo de investimentos dos Emirados Árabes que banca a Libra. 

O senhor acredita que ainda há espaço para uma liga unificada?

Absolutamente. Eu acho que todos os clubes e qualquer pessoa do meio entende que, ao formar uma liga unificada, o futebol brasileiro terá um aumento do bolo de recursos. Há necessidade de evoluir o produto ‘futebol brasileiro’, porque ele vai ter um potencial muito maior de faturamento. E todo mundo entende que, em curto prazo de tempo, esse crescimento pode chegar a mais de 50%. No caso de ligas lá de fora, no primeiro ciclo de negociação, chegaram a ter casos de aumento de até 100% ao centralizar a gestão do processo de venda, etc. Então, acho que todos entendem que chegou a hora de formar uma liga unificada. É uma decisão racional, mas que precisa de negociação para atender os pleitos de todos para chegar a um consenso. Até chegar na reta final, é natural que tenha alguma faísca no processo, pois cada um defende o que acha justo.

O Inter alega ter, neste momento, exclusividade para negociar com a Liga Forte Futebol. Por isso, diz não ter uma proposta concreta e formal da Libra. Como é que está essa negociação?

A nossa proposta sempre foi construir uma liga com 40 clubes. Então, acho que é mais do que óbvio que a gente sempre fez convite para todos os clubes das séries A e B. E, obviamente, o Inter é um clube muito importante da série A. Então, certamente estava nessa lista. Tivemos uma série de eventos, ao longo do tempo, para tentar estabelecer contatos, estabelecer diálogo. Nossa ideia é fazer algo aberto, por meio da adesão e sempre convidando todos os clubes. Eu acho que a gente foi muito consistente nisso ao longo do tempo e isso, inclusive, foi usado um pouco contra nós. Como a gente queria uma liga com 40 clubes, cada um achou que poderia exigir qualquer coisa e o negócio travou. Mas tem uma hora que tem que ir adiante. Então, a gente flexibilizou a estrutura e seguimos em frente com o bloco comercial para, ali adiante, ter mais clubes. 

A LFF, de forma concreta, oferece cerca de 220 milhões para o Inter pela venda de 20% dos seus direitos por 50 anos. Além disso, antecipa R$ 44 milhões à vista. A oferta da Libra é melhor? 

Eu tenho muita confiança de que a gente fez o trabalho mais sério e tem a proposta mais firme, melhor respaldada e melhor sustentada para o futebol brasileiro. Trabalhamos nesse processo há mais de 12 meses. Trouxemos as melhores consultorias nacionais e internacionais para formatar a estrutura do melhor modelo possível, sempre olhando para as melhores práticas, para que a gente conseguisse diminuir a diferença entre o Brasileirão e as ligas europeias. Não tenho dúvida de que a gente tinha que estar entre as duas ou três maiores ligas do mundo. A Mubadala é um fundo soberano que tem 270 bilhões de dólares de recursos, com ampla experiência em investimentos no Brasil. Preparamos algo muito robusto para o futebol brasileiro, com uma proposta firme e séria.  Em termos de valores, a nossa proposta tem muitos cenários. Ela é flexível, mas, em termos de liga completa, o nosso valor é R$ 4,75 bilhões. Quanto a questão da distribuição  dos recursos, é uma decisão dos clubes. 

Em termos práticos, quanto o Inter receberia da Libra na venda dos 20% por 50 anos?

O valor do Inter na nossa proposta de uma compra de 20% dos direitos é de R$ 200 milhões. Mas a perspectiva de ganhos futuros é maior na Libra. 

Inter alega que o modelo de divisão dos recursos da Libra é injusto por privilegiar o Flamengo e o Corinthians. O senhor concorda?

Eu discordo. Acho que isso é uma narrativa fácil, mas é bom lembrar que os principais pleitos que a Liga Forte fez há três meses foram atendidos. Corinthians e Flamengo, que tem as maiores audiências, já fizeram concessões relevantes justamente porque eles entendem que dar esse passo na direção da Liga vai aumentar o tamanho do bolo, vai melhorar o produto, vai trazer um grande avanço ao nosso futebol. Mas em toda negociação, todo mundo  quer tirar um pouco mais deles, o que é natural porque eles realmente ganham mais. Então, é fácil falar que eles não cedem. Nessa discussão entre os clubes, nunca todos ficarão 100% felizes. O momento agora é de pensar: se falta só uma diferença de 5%, vamos focar em fazer o bolo aumentar em 50% em vez de ficar brigando até a morte? Eu acho que não vale a pena.

O senhor tem convicção que a proposta da Libra para o Inter é melhor que a da LFF?

Tem absoluta certeza. Em qualquer cenário, seja com liga ou com bloco, a Libra é melhor para o Inter. Eu ouço uma lógica que é muito simplista: agora, com a Lei do Mandante, o valor é meio a meio. A gente já fez muita análise séria e isso não existe. Apesar de ela (a lei) dar ao mandante o controle da transmissão do seu jogo, uma coisa é o Flamengo vender os seus 19 jogos em casa, outra é, dentro do bloco da Libra, vender jogos de ida e volta do Flamengo contra o Corinthians, do Corinthians contra o Palmeiras e o São Paulo e do Inter contra todos esses times. Então, quando você faz essa matriz de oito dos 10 maiores clubes em audiência que estão na Libra e vai ver que ela vai ter 85% da torcida do Brasil e 70% da audiência. Esses são dados dos últimos anos de TV aberta e fechada. Além disso, os atuais clubes da Libra já preenchem muito bem a principal grade, a mais valiosa de transmissão do futebol brasileiro, que é a TV aberta e fechada, que usa quatro jogos por rodada. A Libra preenche plenamente essa grade só com grandes clássicos. Então, em um cenário de bloco, há muito risco para os clubes que ficarem na Liga Forte.

Mas a Libra teve defecções. O Botafogo já avisou que vai sair. Vasco e Cruzeiro também sairiam. Qual é a consequência desse movimento?

Não há prejuízo. A gente ainda tem um grupo muito forte e sólido. Além disso, acredito que após o acordo, esses clubes estarão juntos. Não houve a saída deles. O que houve é que eles não assinaram exclusividade pelo simples fato de querer entender um plano B e outras opções para se garantir. A nossa proposta é a mais atraente possível e robusta. É mais ou menos o que está acontecendo com o Inter.

Ou seja, o Inter  está ouvindo outras propostas?

Perfeito. Isso é bem público. Acho importante para o Inter entender as opções. Por isso, estamos muito felizes que agora, com a abertura do Conselho Deliberativo, a gente vai ter a oportunidade de conversar mais diretamente, algo que a gente já vinha buscando fazer, para explicar racionalmente todos os pontos de vista. Desta forma, o clube poderá decidir com mais embasamento.


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