Diego Hypólito: “em Pequim, caí de bunda. Em Londres, de cara. Hoje, caí de pé”
Com nota de 15.533, atleta de 30 anos conquistou o vice-campeonato olímpico
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“Eu não consigo acreditar que isso é real. Isso mostra para qualquer pessoa que, se você acreditar nos seus sonhos, é possível alcançá-los. Eu tive uma Olimpíada em que caí de bunda. Outra em que, literalmente, eu caí de cara. E na terceira Olimpíada, eu caí de pé. Eu nem sou tão bom quanto era nas outras Olimpíadas, e eu consegui uma medalha. É inexplicável, uma sensação maravilhosa”, comemora o atleta, de 30 anos.
Superação
Os fracassos consecutivos doeram na alma de Hypólito: “Já aconteceu de tudo comigo. Eu tive depressão e fui internado. Eu me senti extremamente humilhado, mas quis enfrentar. A nossa cabeça acaba sendo o nosso maior problema, porque a gente deixa de acreditar na gente e deixa de trabalhar da maneira mais adequada. Já tive tantos altos e baixos na minha carreira e isso mostra, para qualquer pessoa, que todos nós temos o direito de errar”. E os fantasmas insistiram tem atormentá-lo até durante o momento crucial de sua série prateada. A diferença é que se depararam com um atleta calejado e fortalecido.
“Na hora que fui para a última acrobacia, me veio um filme na cabeça. Eu estava concentrado para finalizar a minha série e vi a imagem do que aconteceu em Pequim. Mas disse para mim mesmo, ‘você treinou e se dedicou. Não deixa seu trabalho ir por água abaixo por conta de um pensamento negativo. Vai lá e faz’'. Eu estava muito ansioso de ontem para hoje. Mas quando acordei, falei que não ia deixar escapar desta vez. Não teria nada que fosse me impedir de alcançar meu sonho e conseguir acertar nesta Olimpíada”.
Segundo ginasta a se apresentar, Hypólito assistiu às apresentações de mais seis atletas – entre eles, o multicampeão Kohei Uchimura e o atual campeão no aparelho, Kenzo Shirai – até que a redenção chegasse. E foi uma espera sofrida: “Eu estava passando muito mal e achei sim que não daria para ficar com a medalha. Quando terminei a prova, pensei que daria para ficar em quarto ou quinto lugar. Dá uma ansiedade em ver todo mundo competindo, porque você já fez a sua parte e agora depende só dois juízes. Decidi não olhar, mas todo mundo começou a falar comigo e bateu um desespero enorme. O (técnico) Marcos (Goto) tentou me acalmar e eu comecei a ficar tonto e pensei que fosse desmaiar. Só não desmaiei porque não queria dar esse vexame aqui”, ri.
Emoção
Para o ginasta, o que aconteceu neste domingo é o momento mais emocionante de sua vida. "Vou levar isso para sempre. Há pouquíssimo tempo nem me colocavam na equipe olímpica e eu não era nem titular do time. Aí eu me classifiquei para a Olimpíada. Depois, fiquei em quarto no primeiro dia, o que já foi a realização de um sonho. Muitas pessoas falaram que eu não conseguiria, mas eu nunca deixei de acreditar. Parece que eu tirei um caminhão das minhas costas. O mais difícil nem foi essa medalha, mas eu me propor a estar mais uma vez em uma Olimpíada”, confessa.
Apesar de ser o protagonista de sua reviravolta, o ginasta enxerga muita gente por detrás de seu feito: “Essa medalha é da minha irmã (a ginasta Daniele Hypólito), do meu pai, da minha irmã, de todas as pessoas que acreditaram em mim, da imprensa, dos fãs. É uma medalha coletiva, uma medalha do Brasil. Isso mostra para o nosso povo que a gente tem sim que sonhar, e sonhar alto. Nunca desistam dos sonhos de vocês”.