Pelé coleciona recordes "quase inacreditáveis" no futebol

Pelé, que faleceu nesta quinta-feira aos 82 anos, estabeleceu ao longo da carreira diversas marcas históricas que até hoje continuam quase inacreditáveis. Só no Guinness Book, livro que registra os recordes, são três importantes: o mais jovem jogador a vencer uma Copa, em 1958, o único atleta tricampeão em Copas, em 1958, 1962 e 1970, e o futebolista com mais gols na história.

O Rei disputou 1375 partidas, defendendo principalmente o Santos, a Seleção Brasileira e o New York Cosmos, de Nova York, onde encerrou a carreira. Além disso, jogou pela seleção paulista, por um time misto de Santos e Vasco, pela seleção do exército e pela do Sudeste. Em uma excursão do Fluminense pela Nigéria, vestiu a camisa da seleção local. Com os 1282 gols marcados, estabeleceu uma média de 1,07 gol por jogo.

Pelé marcou absurdos 92 hat-tricks, ou seja, três gols em uma mesma partida. Um deles foi marcado em uma Copa do Mundo: na semifinal contra a França em 1958. Mais do que isso, Edson Arantes do Nascimento balançou a rede quatro vezes em um único jogo em 30 oportunidades e em sete, o goleiro adversário foi cinco vezes buscar a bola no fundo do gol. O máximo marcado pelo Rei em um jogo foi oito. O feito foi registrado em 21 de novembro de 1964, na goleada do Santos por 11 a 0 sobre o Botafogo de São Paulo. 

Com gols, assistências e uma maneira de jogar que encantou o mundo, Pelé foi fundamental para as equipes que defendia e, com isso, conquistou 37 títulos. Além das conquistas por equipe, o Rei ganhou diversos prêmios individuais de reconhecimento.

Recebeu, honorariamente, sete bolas de ouro da Fifa, em 2014. Também foi o Melhor Jogador do Século XX, eleito pela entidade máxima do futebol, e o atleta do século, pelo Comitê Olímpico Internacional, ainda que ele nunca tenha disputado uma Olimpíada. A revista Time, dos Estados Unidos, colocou-o como uma das 100 maiores personalidades do último século. Ainda quando estava em atividade, na Copa de 1958, foi o melhor jovem e ganhou a Bola de Prata. Em 1970, recebeu a Bola de Ouro do torneio. 

Além de números, Pelé reuniu ao longo da carreira incontáveis histórias. Em 1969, numa excursão do Santos, na Nigéria, em guerra civil. Na região de Benin City, local do jogo, foi decretado cessar-fogo e feriado para que o Santos jogasse um amistoso contra o time local. Um ano antes, na Colômbia, Pelé foi tirado do jogo por Guillermo Velasquez (na época não havia cartões). A torcida não aceitou, insultou o juiz que deixou o campo para onde o Rei voltou em seguida. 

O milésimo gol

No dia 19 de novembro de 1969, no Maracanã, Pelé converteu um pênalti contra o goleiro argentino Andrada, marcando o seu milésimo gol da carreira, para delírio dos presentes no estádio. Pela “contagem brasileira”, considerando fontes como o acervo oficial do Santos, o Rei balançou a rede 1.282 vezes, sendo 1.091 na equipe da Baixada Santista e 95 na Seleção Brasileira. No entanto, de acordo com a Fifa, Edson Arantes do Nascimento marcou 767 gols. Isso porque a entidade máxima do futebol desconsidera marcações em jogos amistosos ou festivos, não considerando, por exemplo, excursões santistas pela Europa. 

O único tricampeão da Copa

Pelé foi o único jogador tricampeão da Copa do Mundo: 1958, 1962 e 1970. Além de ter sido o mais jovem a conquistar o Mundial, com apenas 17 anos e 249 dias. O Rei disputou quatro vezes o torneio e marcou 12 gols. Em sua estreia em 1958, marcou o único gol da vitória brasileira nas quartas de final. Na semifinal, marcou um hat-trick e na final, balançou a rede duas vezes. Em 1962, se machucou no segundo jogo e não entrou mais em campo. Após a eliminação em 1966, foi ao México em 1970, sendo fundamental na conquista do tricampeonato. Na última partida, abriu o placar e deu duas assistências.

Títulos para todos os gostos

Pelé conquistou 37 títulos oficiais em sua carreira, tendo uma das mais vitoriosas trajetórias da história do futebol. No Santos, as principais conquistas foram dois Mundiais, duas Libertadores, seis Campeonatos Brasileiros, três Copas do Brasil, quatro Torneios Rio-São Paulo, uma Recopa Sul-Americana, uma Recopa Intercontinental e dez Paulistas. Pela Seleção, as Copas do Mundo de 1958, 1962 e 1970, duas Copas Rocca, três Copas Oswaldo Cruz e uma Copa Bernardo O'Higgings. Em passagem entre 1975 e 1977 pelo futebol dos Estados Unidos, o Rei conquistou seu último título: o Campeonato Norte-Americano de 1977.

Bola de ouro retroativa

A Bola de Ouro foi criada pela “Revista France Football” em 1956 para premiar o melhor jogador do mundo no ano. Até 1995, o prêmio só podia ser dado a jogadores europeus que jogavam no continente e, por causa disso, Pelé nunca ganhou a honraria enquanto estava em atividade. Somente em 2007 que qualquer atleta passou a concorrer. Em 2017, o Rei foi convidado à cerimônia anual de entrega do prêmio e recebeu sete Bolas de Ouro. A France Football revisou a lista de vencedores a partir das regras atuais e concedeu a ele uma correção histórica: teria vencido em 1958, 1959, 1960, 1961, 1963, 1965 e 1970.