Primeira jogadora de vôlei transexual do Brasil traz novo debate para as quadras

Primeira jogadora de vôlei transexual do Brasil traz novo debate para as quadras

Presença de Tifanny atrai questões de gênero e de igualdade de disputa na competição

Correio do Povo

Presença de Tiffany atrai questões de gênero e de igualdade de disputa na competição

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Não há ninguém da Superliga Feminina de vôlei com uma média de pontos maior do que Tifanny Abreu, do Vôlei Bauru. São 5,41 por set. Ainda assim, se você já topou com o nome da jogadora em alguma manchete nessas últimas semanas, muito provavelmente nada tivesse a ver com o desempenho da atleta dentro de quadra. Desde a sua estreia, em dezembro do ano passado na competição, a presença de Tifanny por si só veio cercada de polêmica, já que ela é a primeira transexual a atuar em uma equipe do vôlei brasileiro.

Apesar das críticas tanto de adversárias como de ex-jogadoras, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) não arreda pé da decisão que permite a participação de atletas transexuais e nessa semana divulgou um novo comunicado descartando qualquer mudança no regulamento. De acordo com a entidade, que tem o respaldo do Comitê Olímpico Internacional (COI), não existe qualquer possibilidade de alterações nas regras, assim como, pelo menos de forma oficial, nenhum clube se manifestou pedindo a exclusão da jogadora.

A partir de 2016, o COI anunciou que atletas transgêneros poderiam competir nos Jogos do Rio-2016 sem a necessidade de realizar cirurgia de troca de sexo. A decisão foi tomada baseada nas orientações contidas no Encontro de Consenso sobre Mudança de Sexo e Hiperandrogenismo. Ainda que não exista necessidade de cirurgia, um tratamento hormonal segue sendo obrigatório. No caso das competições femininas, também é exigido que seja comprovado que a atleta não tenha níveis de testosterona maiores do que 10nmol nos 12 meses anteriores.

Entre as adversárias, contudo, as críticas permanecem. Campeã olímpica em 2012, Tandara se mostra contra a presença da adversária na competição. “É um assunto delicado. Muitas atletas se posicionaram e receberam críticas. Eu estava me resguardando, esperando esse jogo, porque sabia que seria questionada. Por isso, estudei, conversei com especialistas, como nosso fisiologista, preparador físico, fisioterapeuta, entre outros, e hoje posso dizer que não concordo com a participação da Tifanny na Superliga Feminina”, afirma a atleta do Vôlei Nestlé. Ao lado de Tifanny, ela é a detendora do recorde de maior número de pontos anotados em uma partida na competição nacional: 39.

Disposta a evitar mais polêmicas, Tifanny não tem dado mais entrevistas que digam respeito a qualquer questão que não seja relacionada aos jogos em si. A assessoria de imprensa do Vôlei Bauru reitera que a utilização dela na competição está dentro das regras. “Tifanny atende e segue rigorosamente toda a legislação internacional envolvendo a participação de atletas transgêneros em competições oficiais estipulada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e seguida pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB) e demais federações internacionais de voleibol. Portanto, ela está apta a participar de qualquer competição em qualquer país do mundo”, afirma, via assessoria.

Por si só, a discussão em torno da participação da atleta tem contribuído para um debate sobre gênero que surge como novo no âmbito esportivo. “O caso é importante não só para a comunidade LGBTI, mas para toda a sociedade brasileira. Para a LGBTI, atende aos direitos à cidadania, à inclusão. E para a sociedade como um todo, esse caso nos obriga a mexer nas nossas certezas preenchidas por preconceitos historicamente construídos. Dizer que ela é mulher é tão errado como dizer que é um homem. Vai exigir não só da sociedade mas da gestão dos esportes, introduzir uma nova forma de pensar a questão de gênero”, afirma José Márcio Barros, coordenador da ONG Observatório da Diversidade Cultural.

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