SAF é o meio de viabilizar os negócios dentro do futebol, explica especialista
Em painel com ex-presidente do Inter Fernando Carvalho, advogado Marcos Motta pontuou que o foco do debate nacional deve ser no produto
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O debate dos clubes-empresas e o futuro do futebol brasileiro ganhou espaço na South Summit Brazil 2023. Para o especialista em direito desportivo Marco Motta, que comandou o painel "SAF's e a nova realidade da indústria do futebol", ao lado do ex-presidente do Inter, Fernando Carvalho, na manhã desta quinta-feira, este novo modelo não é uma solução e sim um meio para viabilizar os negócios dentro do esporte.
"SAF não é solução para nada. Não é fim, é meio. É uma maneira de viabilizar. Real Madrid e Barcelona, os dois maiores clubes do mundo, e nenhum deles é empresa. As conversas giram em torno de transformar aquela operação atrativa durante todos os 365 dias do ano (...) o foco não é o clube e sim o produto", pontuou.
Conforme Motta, a reflexão deve observar a velocidade com que isso está chegando no Brasil. "A forma como o futebol é conduzido em todo o mundo mudou", acrescentou. Ele, que também é professor nos cursos de La Liga, a liga que gere o futebol espanhol, destacou dois pilares para esse novo momento: governança e inovação. "Clube que não investir nisso estará fadado ao fracasso e vai ver outros menores crescendo".
Segundo ele, a boa gestão passa, inclusive, pelas dívidas. "Dívida boa existe. Quem é empresário sabe, Real Madrid, Barcelona e United, todos estão endividados. O problema é ter uma gestão ruim", sintetizou.
Motta buscou desmistificar a ideia do "dono" que tomara todas as decisões sem levar em consideração da torcida. "O Inter, Flamengo, Grêmio, por exemplo, não precisam de donos, precisam de parceiros operacionais e que agregue valor a operação que já é boa".
Dirigente quer dinheiro para gastar, avalia Fernando Carvalho
No entendimento do ex-presidente do Inter, Fernando Carvalho, a mentalidade dos dirigentes no Brasil precisa avançar para se encaixar dentro deste novo contexto. "O dirigente brasileiro quer dinheiro para gastar. Quer que o investidor dê a ele isso", comentou.
A SAF surgiu no Brasil, defende o cartola campeão do mundo, para resolver problemas de dívidas de clubes. Entretanto, precisa expandir. "Esse foi o cenário, mas tem que ser levada em conta a questão do investimento. O investidor vai querer lucro nessa operação".
Carvalho, que estava no evento como um dos parceiros do FootHub, compreende que o debate dos clubes-empresa se encontra em um momento inicial e superficial. "SAF vem para corrigir questões e gestões que só pensam nos anos que estarão na presidência e comprometem as finanças", resumiu.