Ricardo Teixeira usou jogo da Seleção para vender voto ao Catar, revela relatório

Ricardo Teixeira usou jogo da Seleção para vender voto ao Catar, revela relatório

Amistoso contra Argentina seria forma de camuflar recursos destinados ao ex-presidente da CBF

AE

Ricardo Teixeira usou jogo da Seleção para vender voto ao Catar, revela relatório

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Relatório do investigador norte-americano Michael Garcia, revelado pela própria Fifa nesta terça-feira, traz detalhes sobre as suspeitas de corrupção envolvendo o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. O documento de 360 páginas mostra que ele usou contratos comerciais para jogos da Seleção Brasileira em 2010 para camuflar o pagamento de propina que ele teria recebido para apoiar a candidatura do Catar para receber a Copa do Mundo de 2022.

As informações constam no relatório elaborado por Michael Garcia, contratado pela Fifa para apurar as suspeitas de ilegalidade há cinco anos. O norte-americano, que hoje é juiz em um tribunal de apelação de Nova Iorque, nos Estados Unidos, chegou à constatação de que havia indício forte de que o Catar havia comprado os votos para sediar o evento.

Seu informe jamais foi tornado público e, diante da decisão da entidade de engavetar as suas descobertas, Michael Garcia pediu demissão em 2014. Poucos foram processados e o Catar jamais perdeu o direito de sediar o torneio. Nesta semana, o jornal alemão Bild teve acesso aos documentos e a partir desta terça-feira começaria a revelar os detalhes do processo. A Fifa, porém, optou por se antecipar e publicar o relatório em sua integralidade.

Um dos detalhes se refere a como Ricardo Teixeira fez parte do esquema suspeito de compra de votos. Michael Garcia explica como uma partida entre Brasil e a Argentina, realizada no Catar, pode ter sido usada como forma de camuflar recursos que seriam destinados a pagar o ex-presidente da CBF pelo apoio ao país árabe. Confirmando denúncias publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo em 2015, o relatório destaca como o Catar destinou 7 milhões de dólares (cerca de R$ 23 milhões, na cotação atual) a Ricardo Teixeira e ao então presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA), Julio Gordona. Naquele momento, porém, o cachê da seleção era de apenas 1,1 milhão de dólares (R$ 3,6 milhões).

Dinheiro de mão em mão

Quem pagou pelo jogo foi a GSSG, empresa de construção do Catar que está erguendo as principais obras da Copa do Mundo de 2022. O dinheiro, em seguida, foi enviado à empresa sediada em Zurique, a Swiss Mideast. Um total de 8,6 milhões de dólares (R$ 28 milhões) foram dados para a Kentaro organizar o jogo e pagar as duas seleções. A empresa, porém, deu uma comissão de US$ 2 milhões (R$ 6,6 milhões) para uma sociedade de Cingapura, a BCS. O pagamento foi apenas por terem "feito a apresentação" entre as partes envolvidas no jogo.

Mais 2 milhões de dólares teriam seguido para a empresa World Eleven, contratada pela Associação de Futebol Argentino para organizar amistosos pelo mundo. O dinheiro, então, seguiria para a entidade esportiva de Buenos Aires, na época presidida por Julio Grondona, um dos que votaram a favor do Catar.

No caso do Brasil, a Kentaro destinaria um valor inferior, em 1,1 milhão de dólares (R$ 3,6 milhões), mais um pagamento extra de 300 mil dólares (R$ 997 mil). O dinheiro foi enviado para a ISE, nas Ilhas Cayman, que depois repassou-o para a CBF. Para aquele amistoso, o Catar gastou apenas com a hospedagem de Ricardo Teixeira mais de 20 mil dólares (R$ 66 mil), cinco vezes o que o governo gastou com o meia argentino Lionel Messi. O brasileiro teve um tratamento de chefe de Estado, ocupando uma suíte presidencial.

Os documentos também revelam como Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona, atuaria como intermediário para os interesses do Catar com as federações sul-americanas, entre elas a CBF. O relatório de Michael Garcia sugere que fosse investigado por corrupção, conflito de interesse e outras violações do código de ética da Fifa. Ricardo Teixeira ainda voou em um jato privado do Catar para uma das reuniões e teria dito a interlocutores de outras campanhas de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não é nada" e que qualquer decisão do voto do Brasil seria decidida por ele.

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