Sob pressão, dirigentes da Federação de Ginástica dos Estados Unidos renunciam
Muitas das vítimas que deram depoimento contra Larry Nassar acusaram a associação de "fechar os olhos" diante dos casos de abuso
publicidade
Paul Parilla, Jay Binder e Bitsy Kelley, presidente do conselho de diretores, vice-presidente e tesoureira do conselho, respectivamente, foram os funcionários que deixaram a Federação de Ginástica dos Estados Unidos. Nenhum dos três ainda falou publicamente sobre o assunto.
O presidente da entidade, no entanto, veio a público para comentar o ocorrido. "Nós apoiamos suas decisões de renunciar neste momento", disse o presidente da USA Gymnastics, Kerry Perry, em uma declaração publicada nas redes sociais. "Nós acreditamos que este passo nos permitirá avançar mais efetivamente na implementação de mudanças dentro de nossa organização".
O Comitê Olímpico dos Estados Unidos, que também foi criticado por sua omissão no caso Larry Nassar, elogiou as demissões. Scott Blackmun, executivo-chefe do comitê olímpico, disse em um comunicado que a organização havia discutido mudanças no conselho com a Federação de Ginástica desde outubro e que as negociações se intensificaram durante o final de semana.
• Simone Biles revela abuso de médico da equipe dos EUA preso
• Ex-médico da equipe de ginástica dos EUA se declara culpado por abuso sexual
"A nova liderança do conselho é necessária porque os líderes atuais têm se concentrado em comprovar que eles não fizeram nada de errado", disse Scott Blackmun. "A família olímpica falhou nos casos desses atletas e devemos continuar a tomar todas as medidas necessárias para garantir que isso nunca mais aconteça".
Mark Jones, porta-voz do Comitê Olímpico norte-americano, disse que os principais dirigentes da entidade se encontraram com Paul Parilla no último dia 11 para pedir que ele renunciasse.
O anúncio das demissões ocorre no quinto dia do julgamento de Larry Nassar, que deve ser concluído nesta semana. No julgamento, realizado em Michigan, mais de 140 mulheres testemunharam contra o médico, que já foi condenado a 60 anos de prisão por pedofilia em outro caso judicial.
Muitas das vítimas que deram depoimento contra Larry Nassar acusaram a Federação de Ginástica norte-americana de "fechar os olhos" diante dos casos de abuso, que, segundo relataram as mulheres, ocorreram na casa do médico e no próprio centro de treinamento da Federação de Ginástica dos Estados Unidos.