Uefa abandona Platini e aposta em Infantino na eleição da Fifa

Uefa abandona Platini e aposta em Infantino na eleição da Fifa

Entidade rejeitou recurso do francês

AFP

Eleição da Fifa: Uefa abandona Platini e aposta em Infantino

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Outrora favorito à sucessão de Joseph Blatter, o francês Michel Platini, presidente da Uefa, viu sua candidatura à presidência da Fifa sofrer um golpe que tem tudo para ser fatal, nesta segunda-feira, com a entrada na disputa de Gianni Infantino, seu braço-direito na confederação europeia. Secretário-geral da Uefa, o suíço tem o apoio do comitê executivo da entidade, o que pode ser interpretado como um sinal de que o velho continente sentiu a necessidade de pôr em prática um plano B por conta da suspensão que coloca em xeque a candidatura do ex-craque francês.

Outros dois dirigentes esperaram o último dia para oficializar a candidatura para a eleição do dia 26 de fevereiro, um deles de peso, o xeque Salman ben Ibrahim Al-Khalifa, presidente da Confederação Asiática de Futebol (AFC), e o outro menos expressivo, Musa Bility, presidente da Federação da Libéria.

Outro candidato sério é o sul-africano Tokyo Sexwale, ex-companheiro de cela de Nelson Mandela, que apresentou a candidatura no domingo. O Príncipe jordaniano Ali Bin al-Hussein conseguiu a façanha de levar Blatter ao segundo turno na última eleição, mas carece de apoio no próprio continente, já que a imensa maioria da federações asiáticas deve apoiar o xeque Salman.

O francês Jérôme Champagne, ex vice-secretário geral da Fifa, e David Nakhid, ex-capitão da seleção Trinidad e Tobago, têm chances muito remotas de serem eleitos. Ainda restam algumas horas até o prazo final para apresentar candidaturas (meia noite desta segunda-feira em Zurique, sede da Fifa, 21h00 no horário de Brasília). Zico anunciou a intenção de concorrer, mas ainda não conseguiu reunir as cinco cartas de apoio de federações nacionais necessárias para validar a candidatura.

Platini na berlinda

Ao lançar a candidatura de Infantino, a Uefa mostrou claramente que praticamente não acredita mais nas chances do seu presidente de se manter na disputa. Platini pensava que tinha tudo para chegar ao topo do futebol com facilidade, mas viu o sonho se transformar em pesadelo quando foi suspenso por 90 dias pela comissão de ética da Fifa, por conta de um pagamento suspeito de 1,8 milhão de euros que recebeu de Blatter em 2011.

Para piorar, a Fifa rejeitou nesta segunda-feira o primeiro dos dois recursos que o dirigente apresentou diante da câmera de apelação, aquele que diz respeito à forma do processo, e não ao conteúdo. Prova do isolamento do presidente da Uefa, o comunicado divulgado pela entidade para anunciar a candidatura de Infantino sequer menciona o nome do francês. "Estamos encantados pelo fato de Gianni se candidatar", enfatizou a organização que governa o futebol europeu.

"Surpresa"

No dia 15 de outubro, a Uefa tinha renovado o apoio a Platini apesar das acusações, mas a aparente unanimidade em torno do francês não demorou a rachar. No dia seguinte, a federação inglesa retirou o apoio ao eterno camisa 10 da Juventus. Outra decisão que contribuiu ao afastamento de Platini partiu da comissão eleitoral da Fifa, que resolveu no dia 20 de outubro esperar o fim da suspensão para avaliar a candidatura. Com a candidatura 'congelada', o francês não pode fazer campanha e já larga atrás dos concorrentes.

Mesmo assim, uma fonte próxima ao presidente da Uefa se disse "surpresa" com a decisão da entidade e sobre tudo pelo fato do nome de Platini sequer aparecer no comunicado. "Michel Platini tinha nomeado um gestor para ser braço-direito, mas parece que este gestor também entra no jogo político", afirmou esta fonte à AFP. Infantino, de 45 anos, é conhecido pelo torcedor por ser o 'carequinha' da Uefa que comanda o sorteio da Liga dos Campeões. De acordo com colaboradores de Platini, o suíço garantiu "oralmente" ao comitê Uefa nesta segunda-feira que pretende se retirar caso o francês seja inocentado. Mesmo assim, esses colaboradores encaram as garantias com certo ceticismo: "a verdade política de hoje não é a verdade de amanhã".

Outras fontes próximas à eleição explicam que Infantino sondou federações de outros continentes antes de entrar na disputa. "Tenho orgulho por todo o trabalho que realizamos na Uefa e pela postura que temos como organização. Os valores fundamentais da Uefa são amplamente compartilhados pela família do futebol como um todo", explicou o suíço num comunicado. "Nosso programa será baseado na necessidade de reformas, para que a Fifa sirva de verdade os interesses das 209 federações", enfatizou.

Oito candidatos 

Outro 'peso-pesado' do futebol mundial que apoiava Platini antigamente entrou na disputa poucas horas antes, o xeque Salman, membro da família real do Bahrein. Houve até especulação de que o presidente da Confederação Asiática pudesse receber o apoio dos europeus, mas o dirigente está longe de ser unanimidade no velho continente por ter sido alvo de duras críticas de organizações de defesa dos direitos humanos pelo envolvimento na repressão do movimento democrático no Bahrein em 2011. O certo é que a punição de Platini abriu brechas para um número excepcionalmente alto de candidaturas.

Outro candidato de peso é o sul-africano Tokyo Sexwale. O ex-companheiro de luta e de cela de Mandela não tem de inusitado apenas o nome, que na verdade é um apelido inspirado da sua paixão pelo caratê. Sua trajetória também é pouco convencional: atuou politicamente para promover a paz na transição do apartheid, fez fortuna no ramo da mineração e das telecomunicações e chegou até a ser apresentador de um reality show em seu país.

O fato de não ser oriundo do mundo do futebol (só passou a trabalhar no meio quando ajudou a candidatura da África do Sul para sediar a Copa do Mundo de 2010) pode acabar se tornando uma vantagem, em meio ao desejo mundial de uma renovação no esporte, após o mega-escândalo de corrupção que abala a Fifa. O problema é que fontes próximas à entidade alertam que o presidente interino da entidade, Issa Hayatou, manda-chuva do futebol africano desde 1987, não vê com bons olhos a chegada de um rival do mesmo continente.

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