Após protestos, começa confinamento na "cidade iPhone" da China

Após protestos, começa confinamento na "cidade iPhone" da China

Zhengzhou tem 6 milhões de habitantes

AFP

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Seis milhões de habitantes da cidade chinesa de Zhengzhou, onde está localizada a maior fábrica de celulares iPhone do mundo, entraram em confinamento nesta sexta-feira, após confrontos entre policiais e funcionários, que reivindicam melhores salários.

As autoridades ordenaram que os moradores de oito bairros de Zhengzhou, na província central de Henan, não deixem a área por cinco dias e ergueram cercas em torno dos prédios residenciais considerados de "alto risco", além de postos de controle para restringir os deslocamentos.

Apenas alguns casos de coronavírus foram detectados na cidade. A ordem veio depois que centenas de funcionários da fábrica de iPhones da Foxconn, nos arredores da cidade, protestaram para exigir melhores condições salariais. Nesta sexta, novas imagens foram divulgadas. Num vídeo publicado nas redes sociais e geolocalizado pela AFP, uma multidão caminha por uma rua da zona leste da cidade. "Quantas pessoas!", diz um homem. A AFP não conseguiu verificar quando exatamente esse protesto aconteceu.

Dezenas de trabalhadores deixaram a fábrica na quinta-feira (24) depois de receber 10.000 yuans (cerca de US$ 1.400). Mas, de acordo com vídeos divulgados nos aplicativos chineses Douyin e Kuaishou, a empresa taiwanesa proibiu a entrada de muitos dos funcionários que ingressaram recentemente na empresa. Vários desses novos trabalhadores estão confinados em hotéis fora da fábrica. "Estamos em quarentena em um hotel e não podemos ir à Foxconn de forma alguma", explicou um funcionário, que pediu anonimato.

Clima de mal-estar

Outro funcionário afirmou que os assalariados que foram impedidos de trabalhar receberam a promessa de uma compensação de 10.000 yuans por passarem pela quarentena, mas receberam apenas parte desse valor. "Não nos deixam trabalhar e não podemos ir para casa, Zhengzhou está confinada", comentou à AFP um dos forçados a ficar em quarentena, na cidade de Ruzhou, a sudoeste de Zhengzhou.

Segundo ele, protestos de menor escala também estão ocorrendo em outras cidades da província, organizados por funcionários descontentes da Foxconn que, como ele, não puderam retornar ao novo emprego devido à quarentena. Os tumultos em Zhengzhou ocorreram em um contexto de mal-estar pela política de "Covid zero" do gigante asiático.

Essa estratégia, que envolve confinamentos em larga escala, restrições de viagens e testes em massa, também tem sido um duro golpe para a segunda maior economia do mundo. Apesar disso, a China, país de 1,4 bilhão de habitantes, registrou 33 mil novos casos de Covid-19 nesta sexta-feira.

Na cidade industrial de Guangzhou, no sudeste, milhões de pessoas são agora obrigadas a apresentar teste negativo de Covid para sair de casa. Vários moradores do bairro de Haizhu desmantelaram barricadas e atiraram objetos contra agentes da polícia, segundo vídeos publicados nas redes sociais e geolocalizados pela AFP. "O que estão fazendo? O que estão fazendo?", grita um policial, munido de escudo, enquanto tenta se proteger dos projéteis com seus colegas.


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