As criptomoedas, um possível instrumento para financiar o terrorismo
Estudo sobre o tema é baseado e dois exemplos recentes de arrecadação de fundos, realizados por grupo próximo ao EI e Hamas
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No futuro, as criptomoedas podem se transformar em uma ferramenta rotineira de financiamento das organizações terroristas, aponta um dos autores de um estudo sobre o tema, divulgado nesta quarta-feira, durante um seminário online.
O estudo, realizado pela empresa Chainalysis, especializada em mapear transações em criptomoedas, é baseado em dois exemplos recentes de arrecadação de fundos, realizados por um grupo próximo ao Estado Islâmico e o Hamas, movimento islâmico que governa a Faixa de Gaza. Nesse último caso, a a obtenção de recursos teve sucesso após três etapas, depois que as duas primeiras não deram certo.
"O interessante é a evolução e a sofisticação crescente das campanhas em um período relativamente curto", explica Michael Hendrix, analista de criptomoedas, durante um seminário online.
A primeira forma utilizada pelos grupos para obter recursos estava em uma plataforma situada nos EUA, o que fazia com que os que contribuíam pudessem ser identificados. Após uma segunda tentativa, também com um resultado fora do esperado, o Hamas se passou por uma página que gerava um único endereço para qual quem quisesse contribuir poderia enviar os valores, tornando o rastreamento ainda mais complicado.
"Embora o financiamento do terrorismo por meio das criptomoedas esteja ainda muito no início, percebemos que ele se tornou mais sofisticado em 2019" e que a operação idealizada pelo grupo, que permitiu arrecadar milhares de dólares, foi "a mais importante e sofisticada" que já se tenha notícia, ressaltou Hendrix.
Para além das organizações terroristas, os resultados do estudo mostram que o volume de transações de criptomoedas que passaram por "entidades ilícitas" aumentou em aproximadamente 180% entre 2018 e 2019, ainda que "as transações ilegais continuem representando apenas 1,1% do conjunto de atividades das criptomoedas".
No último ano, essas atividades ilegais consistiram principalmente em golpes. Uma pirâmide de Ponzi, esquema originado na China, permitiu o roubo de mais de US$ 3 bilhões.