Astronautas entram na ISS após viagem com a cápsula Dragon da SpaceX

Astronautas entram na ISS após viagem com a cápsula Dragon da SpaceX

Joe Biden, que assumirá a presidência em janeiro, elogiou o programa espacial que teve inicio no governo de Donald Trump

AFP

Astronautas transportados pela cápsula Dragon da empresa SpaceX chegaram na Estação Espacial Internacional (ISS)

publicidade

Quatro astronautas transportados pela cápsula Dragon da empresa SpaceX entraram nesta terça-feira na Estação Espacial Internacional (ISS), completando com sucesso a primeira viagem do novo meio de transporte espacial da Nasa, após nove anos de dependência da Rússia.

A primeira fase do acoplamento com a ISS, denominada "captura suave", terminou às 4H01 GMT (1H01 de Brasília). A segunda fase, ou "captura dura", aconteceu alguns minutos depois. Os astronautas americanos Michael Hopkins, Victor Glover e Shannon Walker, assim como o japonês Soichi Noguchi, flutuaram em gravidade zero pela escotilha até o interior da ISS, onde foram recebidos com gritos e abraços pelos três membros da tripulação da estação.

"Muito obrigado por permitirem que diga olá a todos vocês", afirmou aos astronautas a diretora do programa de voos espaciais tripulados da Nasa, Kathy Lauders, em uma mensagem de vídeo. "Eu quero dizer o quanto estamos orgulhosos de vocês", completou.

A cápsula, denominada "Resilience", foi lançada por um foguete Falcon 9 da empresa privada SpaceX, o novo meio de transporte espacial da Nasa após quase uma década de dependência da Rússia. "É um grande dia para os Estados Unidos e para o Japão", afirmou o diretor da Nasa, Jim Bridenstine.

O foguete Falcon 9 da SpaceX decolou no horário previsto do Centro Espacial Kennedy, na Flórida. "Foi um lançamento incrível", afirmou o capitão Hopkins. Menos de três minutos depois da decolagem, a uma altitude de 90 km e enquanto o foguete viajava a 7.000 km/h, a primeira fase da nave se desprendeu sem incidentes para retornar à Terra, pois será reutilizada em uma missão prevista para 2021 que levará quatro astronautas à ISS. Doze minutos depois da decolagem, a uma altitude de 200 km e com uma velocidade de 27.000 km/h, a cápsula Dragon se desprendeu da segunda fase.

A SpaceX confirmou que a cápsula estava na órbita correta para chegar à ISS pouco mais de 27 horas depois da decolagem. A tripulação se uniu a dois russos e um americano na ISS, onde permanecerá por seis meses. Este "voo operacional" dá continuidade à bem-sucedida missão de demonstração realizada de maio a agosto, na qual dois astronautas americanos foram transportados pela SpaceX à ISS e depois retornaram à Terra de forma segura.

A SpaceX tem outros dois voos tripulados programados em 2021 para a Nasa e quatro missões de reabastecimento da ISS nos próximos 15 meses. Também está prevista uma viagem 100% privada, por meio da sócia Axiom Space, para o fim de 2021. A Nasa insinuou que o ator americano Tom Cruise poderia visitar a ISS, o que não foi confirmado.

"A Nasa era um completo desastre quando assumimos. Agora é de novo o centro espacial mais "quente" e avançado do mundo, de longe!", escreveu no Twitter o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma tentativa de apropriar-se do sucesso de um plano lançado nos mandatos de seus dois antecessores.

Joe Biden, que substituirá Trump em janeiro, também elogiou a Nasa e a SpaceX, mas com outra abordagem. "É uma prova do poder da ciência e do que podemos conquistar combinando inovação, engenho e determinação", tuitou o presidente eleito. A missão sofreu um problema com o sistema de controle de temperatura da cabine, mas a questão foi resolvida rapidamente. "Foi apenas um pequeno problema inicial", confirmou Kathy Lueders.

Rumo à Lua

A cápsula Dragon de SpaceX é o segundo dispositivo capaz de chegar atualmente à ISS, ao lado do Soyouz russo, que desde 2011 transportou todos os visitantes da estação, depois que o governo dos Estados Unidos interrompeu os voos tripulados há nove anos. Outro dispositivo, fabricado pela Boeing, pode estar em operação dentro de um ano.

A Nasa espera, no entanto, continuar contribuindo com a Rússia. Com este objetivo, a agência propôs facilitar vagas para os cosmonautas em futuras missões e pretende que os americanos continuem usando regularmente os Soyouz. Mas a realidade é que os laços entre Washington e Moscou no âmbito espacial, um dos raros setores em que a parceria continua produtiva, estão perdendo força.

Rompendo com mais de 20 anos de cooperação para a ISS, a Rússia não participará na próxima mini-estação ao redor da Lua, idealizada pela Nasa e batizada de Gateway. Para o Artemis, programa americano de retorno à Lua em 2024, a Nasa estabeleceu alianças com outras agências espaciais, incluindo Japão e Europa, mas o futuro não está claro pois ainda não recebeu do Congresso dos Estados Unidos a verba de dezenas de bilhões de dólares para financiar o projeto. E Joe Biden não confirmou a meta de 2024.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895