Brasil não teme consequências em disputa por 5G, diz Mourão

Brasil não teme consequências em disputa por 5G, diz Mourão

Embaixador dos EUA advertiu Brasil sobre possibilidade sofrer retaliação se permitir o uso de equipamentos da Huawe

AFP

Mourão afirmou que confia no ministro da Justiça.

publicidade

O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira que o Brasil não teme consequências se optar pela chinesa Huawei, com "uma capacidade acima de muitos concorrentes", para instalar a conexão 5G, após advertências do embaixador dos Estados Unidos em Brasília. "Eu não diria que retaliação, mas consequências sim", disse o embaixador Todd Chapman na semana passada sobre a possibilidade de o Brasil sofrer retaliação se permitir o uso de equipamentos da Huawei, acusada pelos Estados Unidos de servir à espionagem do governo Chinês.

"Em absoluto", respondeu Mourão quando perguntado se temia que isso pudesse acontecer, em uma entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros em São Paulo nesta segunda-feira. "Sabemos que esta empresa Huawei tem uma capacidade acima de algumas concorrentes", acrescentou.

"O que deve ficar claro é que atualmente mais de um terço do que temos da operação 4G por nossas empresas de comunicações já possui equipamentos da Huawei. "Se banirmos a Huawei, nossas operadoras serão prejudicadas porque o equipamento precisará ser retirado" , disse o general.

O leilão da quinta geração de tecnologia móvel (5G) deveria ser realizado este ano no Brasil, apontado como um de seus principais mercados, mas foi adiado devido à pandemia de coronavírus. A implantação da rede tornou-se um capítulo importante na guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, respectivamente o primeiro e o segundo parceiros comerciais do Brasil.

Quando a licitação estiver agendada para 2021, o governo do presidente Jair Bolsonaro, aliado de Washington, deve escolher entre a Huawei ou suas concorrentes, incluindo as europeias Ericsson e Nokia, apoiadas pelo governo Trump.

Mourão destacou que nenhuma empresa pode ser impedida de participar de uma licitação. "A grande observação que se coloca à participação dessa empresa é que os dados que trafegariam por meio dessa rede seriam transmitidos ao governo chinês. A gente sabe que as empresas chinesas têm uma 'compliance' com o governo daquele país, mas elas têm que ter uma 'compliance' com os países que estão trabalhando."

"Acho que essa será a grande discussão no momento do leilão", afirmou. Mourão descartou mudanças nas relações com os Estados Unidos, caso o atual presidente republicano Donald Trump perca as eleições de novembro contra o democrata Joe Biden.

"Nossa visão é clara. Os Estados Unidos são um aliado histórico (...) Independentemente da presença do presidente Trump, ou no caso de Joe Biden ser o novo presidente, o relacionamento entre os estados brasileiro e americano continuará bem".

 

 


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895