Brasil pode participar de acordo para barrar 5G da Huawei, diz subsecretário dos EUA

Brasil pode participar de acordo para barrar 5G da Huawei, diz subsecretário dos EUA

Keith Krach afirmou que o país precisa adotar tecnologias que deem segurança aos investidores

Gabriel Guedes

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O subsecretário de Estado dos Estados Unidos para Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente, Keith Krach, afirmou que o Brasil está disposto a apoiar o programa norte-americano Clean Network (rede limpa), que visa a restringir o uso de equipamentos chineses na infraestrutura de telefonia das novas redes 5G.

Krach esteve no Brasil para uma série de reuniões com representantes de alto escalão do governo brasileiro e líderes empresariais. À jornalistas e convidados, o americano ressaltou que o Brasil precisa adotar tecnologias que deem segurança aos investidores. “O Partido Comunista da China é uma ameaça global. Eles não querem competir. Eles querem acabar com o negócio”, alfinetou, ao acusar o governo chinês de querer roubar propriedades intelectuais. 

A Huawei Technologies Co. Ltd. é uma multinacional chinesa de equipamentos para redes de dados e telecomunicações sediada na cidade de Shenzhen, província de Guangdong, na China. É a maior fornecedora do ramo no mundo, tendo ultrapassado a sueca Ericsson em 2012. Mas segundo Krach, a companhia, que ainda atua e fornece equipamentos às telecom(s) no Brasil, “é a espinha dorsal da espionagem chinesa”.

O subsecretário disse que a implementação de um 5G limpo irá ajudar que a infraestrutura de serviços de energia, água e combustíveis estejam seguros no Brasil. Entretanto, apesar da sinalização positiva do ministro brasileiro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que se comprometeu, durante encontro do Krach, a apoiar os princípios da Clean Network, as empresas de telefonia brasileiras, mesmo que controladas por conglomerados estrangeiros, se recusaram a participar de encontro com o subsecretário. 

De acordo com o sindicato que representa as operadoras de telecomunicações, o Conexis, as direções das companhias não participariam por que o tema da discussão está sendo tratado pelo governo brasileiro e em fóruns públicos; várias empresas são companhias de capital aberto, com compromissos de transparência junto aos acionistas e sociedade em geral; e os representantes das empresas têm evitado reuniões presenciais em razão da pandemia do Covid-19 no país, que ainda demanda cuidados. Mas durante o encontro na manhã desta quarta, o representante do governo norte-americano disse ter apoio dos CEOs das controladoras da Claro, TIM e Vivo. “Falei na Espanha com o CEO da Telefônica, que disse que a Telefônica Brasil vai usar tecnologia limpa. A Claro também e eles também entendem o valor da confiança, bem como a Telefônica Itália”, informou.

Ao final, Krach expressou sua expectativa sobre o tema no Brasil. “O que os EUA gostaria que o Brasil fizesse em relação ao 5G é ouvir do setor privado, de grandes empresas que são representadas pela Europa, Japão e EUA, onde todos entendem a mesma coisa que a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) entende. São redes essenciais para a segurança institucional do Brasil. Nós dos EUA queremos o Brasil seguro também”, pontuou. Ele disse também acreditar que o programa Clean Network provavelmente irá seguir no novo governo democrata. “Acho que não vai mudar nada em relação à rede limpa com o novo governo. Estamos muito unidos neste tópico, numa aliança de democracias”, concluiu. 

 


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