Com SpaceX, ISS alcança sua "era de ouro"

Com SpaceX, ISS alcança sua "era de ouro"

futuro da Estação Espacial Internacional está oficialmente assegurado até 2024 pelos governos dos Estados Unidos, Rússia, Europa, Japão e Canadá

AFP

Graças à empresa SpaceX, os voos a partir dos Estados Unidos para a estação foram retomados

publicidade

Após mais de 20 anos de presença humana contínua a bordo, a Estação Espacial Internacional opera em sua capacidade total, com alguns bons anos pela frente, graças em particular à retomada dos voos dos Estados Unidos. Mas a questão de seu futuro está-se tornando cada vez mais importante.

A ISS (na sigla em inglês) "se tornou o espaçoporto que queríamos", declarou no início do mês Kathy Lueders, chefe dos programas tripulados da NASA. Após o fim dos ônibus espaciais em 2011, os foguetes russos Soyuz continuaram sendo os únicos "táxis" para chegar lá. Desde o ano passado, porém, graças à empresa SpaceX, os voos a partir dos Estados Unidos foram retomados. "Nosso recente acordo com a indústria privada nos permite trazer mais pessoas para a Estação Espacial Internacional", comemorou o diretor do programa da estação para a NASA, Joel Montalbano.

Como a cápsula da SpaceX, Dragon, pode levar quatro astronautas (em comparação com três da Soyuz), o tamanho padrão da tripulação passou de seis para sete. Na ISS, foi, então, preciso acrescentar uma cama, que está sendo instalada.

A segunda missão regular a voar com a Dragon, a Crew-2, decolará em 22 de abril da Flórida, com o francês Thomas Pesquet a bordo. Eles coabitarão por alguns dias com os quatro astronautas da Crew-1, que retornarão depois de seis meses no espaço.

Durante este período de troca, a Estação Espacial acomodará nada menos que 11 pessoas. "Estaremos um pouco com num acampamento", brincou Shane Kimbrough, da Crew-2. "Vamos precisar encontrar um lugar pra dormir, numa parede, ou no teto". "Estamos entrando na era de ouro do uso da ISS", disse o diretor de exploração humana e robótica da Agência Espacial Europeia (ESA), David Parker.

O projeto remonta a 1984, quando Ronald Reagan pediu à NASA para desenvolver "uma estação espacial permanentemente tripulada". Os primeiros segmentos foram enviados ao espaço em 1998. A primeira equipe passou vários meses lá em 2000. E a montagem deste imenso quebra-cabeça de 108 metros de comprimento foi concluída em 2011. "Durante a primeira metade da vida da estação espacial, a maior parte das atenções estava voltada para sua construção", disse à AFP Robert Pearlman, historiador do espaço e coautor de um livro sobre o assunto.

Hoje, os astronautas ainda precisam realizar operações de manutenção, mas "a maior parte do tempo é gasta em centenas de experimentos científicos". Mais de 3.000 experimentos realizados neste laboratório sem gravidade, que gira em órbita 400 km acima da Terra, a 28.000 km/h. "Há tantas coisas lá em cima", conta Thomas Pesquet. "Se pudéssemos apenas apertar um botão para trazê-los instantaneamente a vocês, isso seria brilhante", completa.

O futuro da ISS está oficialmente assegurado até 2024 pelos governos dos Estados Unidos, Rússia, Europa, Japão e Canadá. E, "do ponto de vista técnico, validamos que a ISS poderá voar até 2028", disse a NASA à AFP. "Além disso, nossa análise não identificou problemas que impediriam uma expansão além de 2028", acrescentou a agência americana.

O estudo para o período 2028-2032 deve ser lançado "ainda este ano", segundo Joel Montalbano. Mas o uso da Estação vai evoluir. A NASA, que busca se desvincular financeiramente para se concentrar na exploração distante (Lua e Marte), anunciou em 2019 que receberia turistas na ISS, mediante remuneração.

Eles irão para lá com a SpaceX, ou Boeing - cujo desenvolvimento de seu próprio "táxi", a cápsula Starliner, está atrasado. "Minha esperança é que voemos a primeira missão privada em 2022", disse Joel Montalbano à AFP.

Se a ISS voará por mais alguns anos, os substitutos já estão se acotovelando. A empresa Axiom Space quer construir "a primeira estação espacial internacional comercial", inicialmente ligada à ISS. A China também planeja iniciar este ano a montagem de uma grande estação espacial, a Tiangong, e concluí-la até 2022.

E a Rússia acaba de anunciar um projeto para uma estação lunar, "em sua superfície, ou em órbita", em colaboração com Pequim, após ter evitado o projeto americano de uma miniestação lunar Gateway, que servirá de palco para os futuros americanos indo para a Lua.

Um verdadeiro símbolo: as décadas de parceria russo-americana no espaço podem chegar ao fim, quando a ISS for enviada à Terra para se chocar com o oceano. 


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895