Confinamento de fábrica do iPhone revela os riscos da dependência da China

Confinamento de fábrica do iPhone revela os riscos da dependência da China

Apple decidiu terceirizar parte de sua produção na Índia, e estuda a possibilidade de fazer o mesmo no Vietnã

AFP

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O confinamento da região em torno da maior fábrica de telefones iPhone na China revela os riscos da política de "zero covid" para a indústria, indicaram analistas. A Zona Econômica do Aeroporto de Zhengzhou (centro), onde fica a fábrica do gigante tecnológico taiwanês Foxconn, começou na quarta-feira com um confinamento de sete dias, depois que casos de Covid-19 foram detectados.

Foxconn é o principal terceirizado da gigante americana Apple, que também tem a China como um de seus maiores mercados. É também o maior empregador do setor privado na China, com cerca de um milhão de funcionários em suas trinta fábricas e centros de pesquisa.

E a região Zhengzhou é a "cereja do bolo", onde iPhones são produzidos em quantidades não vistas em qualquer outro lugar. "Em condições normais, quase toda a produção de iPhone se concentra em Zhengzhou," assegura Ivan Lam, analista da Counterpoint.

Risco da alta dependência

"Para a Apple, é novamente ruim em termos de estabilidade na rede produção", afirma Alicia Garcia Herrero, responsável para a região Ásia-Pacífico do banco Natixis.

Para especialistas, a forte dependência da China pela companhia californiana "traz riscos em potencial, especialmente quando a guerra comercial entre Estados Unidos e não dá sinais de desescalada" segundo a consultoria Dezan Shira & Associates.

Aberta em 2010, a fábrica em Zhengzhou emprega até 300 mil pessoas, que vivem na região e arredores, criando um centro tecnológico em plena expansão conhecido como "iPhone city". É composto por por três fábricas, umas delas produz o novo modelo iPhone 14.

A Apple não respondeu às perguntas da AFP sobre como o confinamento está afetando sua produção.

O analista Ivan Lam considera que uma paralisação parcial gerará uma perda de "10 a 30%" da produção, embora uma parte tenha sido temporariamente transferida a outras fábricas da Foxconn na China.

Segundo a Foxconn, a planta funciona agora em "circuito fechado", com trabalhares obrigados a dormir na fábrica para evitar qualquer contato com exterior. Por isso, "este incidente deve ter um impacto limitado" na produção de iPhone no mundo, opina o analista Ming-Chi Kuo, especialista de produtos Apple.

Buscar outras opções

A China é a última grande economia a manter uma rígida estratégia contra a covid. A política de zero covid determinou quarentenas em casos de alguns testes positivos, além de fechamentos de empresas, o que têm afetado as redes de abastecimento.

Para depender menos da China, a Apple decidiu terceirizar parte de sua produção na Índia, e estuda a possibilidade de fazer o mesmo no Vietnã. As restrições anticovid aceleram esta tendência.

Em 2020, no início da pandemia, a região de Zhengzhou já havia sido confinada por uma semana.


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