Empreendedores de menor renda movimentam R$ 12,5 bilhões no Rio Grande do Sul

Empreendedores de menor renda movimentam R$ 12,5 bilhões no Rio Grande do Sul

Pesquisa inédita, divulgada pelo Sebrae na South Summit, revela perfil, desafios e oportunidades de negócios nas favelas

Jonathas Costa

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Do total de empreendedores em atuação no Rio Grande do Sul, metade possui renda habitual mensal de até R$ 2 mil, mas, juntos, movimentam anualmente R$ 12,5 bilhões no Estado. O dado foi apresentado nesta quinta-feira pelo Instituto Locomotiva, em parceria com o Sebrae RS, na South Summit Brazil 2023, em Porto Alegre. 

Para entender mais a fundo o cotidiano e os desafios dos chamados empreendedores de menor renda no Rio Grande do Sul, o instituto conduziu uma pesquisa com 1,5 mil empreendedores de cinco regiões de Porto Alegre e uma de Pelotas para apresentar um mapeamento do perfil, desafios e oportunidades dos moradores dessas áreas.

Pelo levantamento, 98% dos entrevistados afirmaram atuar profissionalmente nas comunidades onde vivem. Dados do IBGE apontam que 520 mil pessoas moram em favelas no Rio Grande do Sul, o que é equivalente à população de Caxias Sul, a segunda maior cidade do Estado.

A maioria dos empreendedores das favelas de Porto Alegre e Pelotas é composta por pessoas de baixa renda (76% na Capital e 83% em Pelotas), negras (64% e 52%) e pouco escolarizadas (53% em ambas). Para a grande maioria deste público, o faturamento com o pequeno negócio representa pelo menos metade da renda domiciliar. 

A informalidade, contudo, segue como a realidade mais comum e apenas um terço possui CNPJ. O desinteresse é, sobretudo, relacionado ao custo mensal do processo e ao próprio custo para a abertura formal do negócio. Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, este deve ser um dos principais pilares a serem trabalhados pelo estado e as instituições. “Se a formalização não vier junto com o crédito, ela não serve apenas para recolher imposto”, defende, ao explicar que, para estes empreendedores “abrir um CNPJ é abrir um carnê”.

De posse dos dados, repassados às prefeituras de Pelotas e Porto Alegre, o Sebrae RS pretende criar programas que atendam às necessidades levantadas. “As favelas são por natureza ambientes marcados pela diversidade, com uma economia própria e auto suficiente. Queremos fortalecer este trabalho e permitir uma maior conexão entre estes empreendedores e a cidade como um todo, tornando os seus negócios ainda mais sustentáveis”, explica o diretor-superintendente da entidade, André Godoy.


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