Feira de Hannover: um evento em constante transformação

Feira de Hannover: um evento em constante transformação

Brasil entra na rota para ser novamente país parceiro do evento

Guilherme Baumhardt, da Rádio Guaíba

Feira acontece em Hannover na Alemanha

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Quem caminha hoje pelos pavilhões da Feira de Hannover talvez não saiba o quanto ela mudou. Nesta terça-feira, nos locais destinados aos expositores, o visitante encontra shows de robótica, que mostram tudo que a automação é capaz de fazer. Maquetes simulam a vida real, enquanto gigantescos painéis de LED exibem as novidades com um show de computação gráfica.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, Gilberto Petry, conhece bem as transformações pelas quais o evento passou. A primeira participação dele em Hannover ocorreu em 1984. “Nós víamos produtos que a gente encontrava nas lojas, como televisão, geladeira, ferramentas. E hoje nós não vemos mais isso, foi sumindo. Atualmente tudo está concentrado muito mais na questão de tecnologia. Houve uma mudança com o passar dos anos, mas Hannover continua sendo pioneira nos avanços”, afirma Petry.

A presença sempre marcante do Rio Grande do Sul não acontece por acaso. “Há a ideia de que a Alemanha, que é muito forte na área industrial, apresenta suas inovações aqui. Muitos vêm até aqui para comparar com os seus produtos, com as suas empresas, para ver, evoluir e, claro, também para fazer negócios”, explica o presidente da FIERGS.

No evento deste ano, o país parceiro é Portugal. O Brasil tem um capítulo especial nesta história. A primeira edição da Feira de Hannover que contou com uma nação como parceira oficial foi a de 1980. E o país escolhido foi justamente o Brasil. A condição diferenciada em relação aos demais é uma espécie de cartão de visita de luxo, uma oportunidade especial de mostrar possibilidades de investimento e negócios. No Horizonte do Brasil, está a repetição do que já ocorreu em 1980. “Não é um sonho impossível”, afirma Petry.

Mais um passo foi dado neste sentido na quarta-feira, após uma reunião envolvendo FIERGS, Confederação Nacional da Indústria (CNI), Governo do Rio Grande do Sul e a Câmara Brasil-Alemanha. Pelo know-how acumulado após sucessivas feiras de Hannover, a FIERGS se colocou à disposição para fazer a articulação junto à Agência de Promoção das Exportações (APEX), Governo Federal e outros segmentos para viabilizar o projeto. "O Brasil merece ter a oportunidade de apresentar o potencial da sua indústria ao mundo, bem como sua condição de país com uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta”, destaca Gilberto Petry. Na próxima edição, em 2023, a Indonésia será a nação destacada como parceiro oficial. A próxima parada da comitiva é a Holanda. Com visitas programadas para as cidades de Haia e Rotterdam, os dois principais focos são a geração de energia limpa e a área de transporte e logística.

Presença gaúcha na Feira

Apenas duas empresas brasileiras estão presentes na Feira de Hannover como expositores. E uma delas é do Rio Grande do Sul. A Novus, cuja fábrica fica em Canoas, teve sua primeira participação no evento em 2004. Com produtos voltados à automação e monitoramento de linhas de produção, metade dos componentes fabricados tem como destino a exportação, para mais de 60 países – entre eles as indústrias farmacêutica, metal-mecânica e de máquinas e implementos agrícolas.

Mercedes-Benz

O dia começou com uma visita a uma das fábricas da Mercedes-Benz, localizada em Bremen, distante 120 quilômetros de Hannover. Mesmo com um alto índice de automação e com presença maciça de robôs na linha de montagem, a unidade emprega hoje mais de 13 mil funcionários. Em tempos de carros elétricos ou híbridos, a maioria dos veículos feitos ali ainda roda a combustão – apenas um em cada oito carros é elétrico. Com uma forte política nacional de industrialização, a montadora até possui unidades fora da Alemanha, mas a maior parte das linhas de montagem está concentrada no país Europeu. Na fábrica visitada, 75% da produção é destinada ao mercado externo. Na entrada da fábrica, os visitantes são “recepcionados” pelo primeiro veículo movido a motor fabricado no mundo, produzido pela Mercedes-Benz, em 1886.

Rumo ao próximo desafio

A moto é elétrica. Trata-se de um modelo esportivo, de alto desempenho. O estande é o da empresa Phoenix Contact, da Alemanha. O veículo não é fabricado por ela, mas sim o sistema de recarga de baterias. A empresa já desenvolveu equipamentos que seriam capazes de completar a carga (ou “encher o tanque”) em poucos segundos, um dos grandes desafios para veículos movidos a energia elétrica.

Foto: Guilherme Baumhardt / Especial CP

Carros a gasolina, etanol ou diesel ficam poucos minutos parados em um posto. Um carro elétrico precisa de muito mais tempo. Qual o desafio? Tornar a recarga segura. Se o carregador já foi resolvido, falta agora desenvolver um sistema que não superaqueça baterias e o veículo, a ponto de provocar um incêndio. Um problema solucionado, um novo desafio lançado.


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