Fracassa a iniciativa de criar o primeiro sindicato da Amazon nos EUA

Fracassa a iniciativa de criar o primeiro sindicato da Amazon nos EUA

Contagem de votos mostrou que uma ampla maioria dos trabalhadores da fábrica de Alabama rejeitou a proposta

AFP

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A iniciativa de criar o primeiro sindicato da Amazon nos Estados Unidos fracassou nesta sexta-feira (9). A contagem de votos mostrou que uma ampla maioria dos trabalhadores da fábrica de Alabama rejeitou a proposta.

Em uma contagem de votos online, os funcionários da Junta Nacional de Relações Trabalhistas contaram mais de 1.608 votos pelo "não" pouco antes do meio-dia (horário de Brasília), o que representa a maioria dos 3.215 votos emitidos. Mais de 600 votos favoreceram a iniciativa de sindicalização organizada pelo Sindicato de Varejistas, Atacadistas e Lojas de Departamento.

Os resultados encerram uma polêmica campanha sindicalista que durou vários meses e chamou a atenção nacional, porque poderia criar o primeiro sindicato em uma instalação da Amazon nos Estados Unidos. Ativistas e líderes políticos apoiaram a campanha sindical, argumentando a preocupação com um ambiente de alta pressão no qual os trabalhadores são constantemente vigiados.

A Amazon alegou que a maioria dos funcionários não queria um sindicato e afirmou que já oferece benefícios e salários acima da média. O sindicato disse que vai contestar o resultado, afirmando que a Amazon "criou uma atmosfera de confusão, coação e/ou medo de represálias e, portanto, interferiu na liberdade de escolha dos trabalhadores."

Acusações

O sindicato também denunciou que os trabalhadores foram bombardeados com mensagens anti-sindicais. "A Amazon sabia muito bem que, a menos que fizessem todo o possível, incluindo atividades ilegais, seus trabalhadores teriam continuado a apoiar o sindicato", informou o presidente do Sindicato do Varejo, Atacado e Lojas de Departamento (RWDSU), Stuart Appelbaum.

"Essa é a razão pela qual pediam a todos os seus funcionários que comparecessem a uma conferência atrás da outra, cheios de falsidades e mentiras, onde os trabalhadores tinham que ouvir a empresa pedir-lhes que se opusessem ao sindicato".

A campanha na Amazon foi vista como um ponto de virada para o movimento sindical americano que está cada vez menor, com ativistas tentando usar o que ocorreu no Alabama como um catalisador para outros esforços de organização. O principal presquisador da Brookings Institution, Darrell West, chamou a campanha da Amazon de "um caso de teste para ver se a economia digital seguirá o mesmo caminho da economia industrial".

"Se a votação do sindicato falhar, isso vai esvaziar o esforço mais amplo de sindicalizar outras partes da economia digital", informou.

Para Will Brucher, professor da Escola de Negócios e Relações Industriais da Rutgers University, esse movimento de organização ainda pode ajudar um movimento sindical mais amplo. "A Amazon venceu esta batalha, mas a guerra pode não ter acabado", ressaltou Brucher.

"Os trabalhadores pró-sindicatos podem continuar a se organizar, pressionar por melhorias nas condições de trabalho e podem ganhar outra eleição no futuro. A organização de base pode ter sucesso, mesmo contra um empregador poderoso como a Amazon".


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