Google começa a cortar laços com a Huawei

Google começa a cortar laços com a Huawei

Trump proibiu que grupos americanos façam negócios com empresas estrangeiras do setor de telecomunicações consideradas perigosas

AFP

Implicações da medida podem ser importantes, pois, como todos os grupos de tecnologia, o Google deve colaborar com os fabricantes de smartphones para que seus sistemas sejam compatíveis com os telefones

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O grupo americano Google, cujo sistema operacional Android está instalado na grande maioria dos smartphones do mundo, anunciou no domingo que começou a suspender suas relações com o grupo chinês Huawei, uma das empresas consideradas "de risco" por Washington. Em meio a tensões comerciais com Pequim, o presidente Donald Trump proibiu que os grupos americanos façam negócios com empresas estrangeiras do setor de telecomunicações consideradas perigosas para a segurança nacional, uma medida que tinha como alvo principal a Huawei, gigante chinesa e que se tornou inimiga de Washington. O grupo aparece na lista de empresas suspeitas com as quais não se pode negociar sem a autorização das autoridades.

"Estamos cumprindo a ordem e revisando as implicações", afirmou um porta-voz do Google em um e-mail à AFP. As implicações podem ser importantes, pois, como todos os grupos de tecnologia, o Google deve colaborar com os fabricantes de smartphones para que seus sistemas sejam compatíveis com os telefones.

A empresa terá que interromper as atividades que representam transferência de tecnologias que não são públicas ("open source"), o que obrigaria o fabricante chinês a usar apenas a versão "open source" do Android, explicou à AFP uma fonte próxima ao caso. Desta maneira, a Huawei não poderá acessar mais os aplicativos e serviços que pertencem ao Google, como o Gmail, por exemplo.

Consultada pela AFP, a Huawei não respondeu até o momento. A empresa chinesa criticou durante a semana o que chamou de "restrições irracionais" que interferem em seus direitos. A empresa está há algum tempo na mira das autoridades americanas, sob suspeita de espionagem a favor de Pequim, o que teria contribuído em grande parte para sua espetacular expansão internacional.

No primeiro trimestre, a Huawei vendeu 59,1 milhões de smartphones, o que representa 19% do mercado, mais do que a americana Apple, mas ainda continua atrás da líder do setor, a sul-coreana Samsung. A Huawei é uma das empresas líderes do 5G, a nova geração da internet móvel que está em processo de desenvolvimento. As duas maiores economias mundias travam uma guerra comercial, com a imposição mútua de tarifas, e a tecnologia é um eixo fundamental do confronto.


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