Pandemia escancara falta de acessibilidade no Brasil

Pandemia escancara falta de acessibilidade no Brasil

Evento virtual reuniu empreendedores para debater rumos da inclusão de deficientes no país

Gabriel Guedes

Painel virtual foi realizado nesta terça-feira

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Cinco empreendedores digitais, que se destacam por soluções e atuações inovadoras juntos ao setor de acessibilidade, estiveram reunidos virtualmente na tarde desta terça-feira para debater os rumos da inclusão de deficientes no Brasil. O encontro foi inspirado nos 30 anos da Lei dos Americanos com Deficiências (Americans with Disabilities Act – ADA) por meio de evento promovido pela Embaixada e os Consulados dos Estados Unidos, em parceria com o Instituto Glória. 

“Trinta anos se passaram e por aqui ainda temos que lutar por coisas básicas. Pra mim é muito significativo este dia de hoje. A pandemia potencializou este discurso, sobre a falta de acessibilidade, que está exposta e escancarada. A gente vive em um país que não dá importância a isso”, pontua a escritora e criadora do movimento Surdos que Ouvem, a gaúcha Paula Pfeifer. Participaram também a co-fundadora da @redesignforall e uma das líderes da @deficienciatech, Isa Meirelles, o criativo tecnologista e fundador da startup Veever, João Pedro Novochadlo, co-fundador e CEO da empresa Livre, Júlio Oliveto, e Ronaldo Tenório, fundador da startup Hand Talk.

O painel contou com tradução em libras, legenda ao vivo e audiodescrição. “Ela (ADA) começou muito antes, quando pais de crianças começaram a se reunir contra discriminação com pessoas com deficiência. Graças a estas pessoas e muitas outras que abraçam a causa, muita coisa mudou. É importante que continuemos sempre nesta luta por inclusão e acessibilidade”, lembra o diretor do Departamento de Educação, Cultura e Imprensa da Embaixada dos EUA no Brasil, conselheiro Jake Jacanin.

Os cinco empreendedores brasileiros em ascensão no cenário internacional e que já receberam prêmios de renomadas instituições e companhias americanas, dentre elas o MIT, a Apple e o Facebook, como jovens inovadores na área de acessibilidade, foram convidados para o evento por causa de suas histórias de superação ou vontade de fazer a diferença.

Foi o caso de Tenório, pioneiro com sua tecnologia Hand Talk. “Trabalhar como empreendedor social é uma missão muito dura, mas muito gratificante ao mesmo tempo. Tu sente na pele as pessoas mudando suas vidas, impactando a vida deles por meio da nossa tecnologia”, contou. Oliveto, que criou uma solução de mobilidade elétrica, que transforma uma cadeira de rodas em um triciclo, abordou as dificuldades financeiras das pessoas com deficiência para acessarem soluções como a do Kit Livre, e frisou a necessidade de trabalhar outros conceitos de inclusão. 

“Podemos trabalhar com diversão e inclusão tudo junto. Pensar em algo que a gente consiga trazer acessibilidade e liberdade”, acredita. Novochadlo também destacou o resultado do trabalho da Veever. “O que mais colhemos foi a satisfação das pessoas e dos usuários”, ressaltou. A startup em 2015, depois de um hackathon realizado pela Prefeitura de Curitiba. “Só desenvolvendo o setor, atuando numa frente de inclusão por meio da tecnologia é que vamos praticar inclusão de verdade”, concluiu Isa, que trabalha com marketing digital para deficientes há cerca de 3 anos. “É muito importante procurarmos sairmos de nossas bolhas”, completou.

A ADA completou 30 anos no dia 26 de julho, data que destaca a promulgação da lei que é um marco histórico na legislação dos direitos civis nos Estados Unidos. A medida proíbe a discriminação contra pessoas com deficiência em várias áreas: trabalho, transporte, telecomunicações, serviços públicos, escolas e locais de votação.


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