Redução de índices de criminalidade é debatida no South Summit em Porto Alegre

Redução de índices de criminalidade é debatida no South Summit em Porto Alegre

Análise de dados e inteligência artificial foram discutidos no palco The Next Big Thing

Bernardo Bercht

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A segurança pública entrou na pauta, abrindo os trabalhos da South Summit, em Porto Alegre, na manhã desta quinta-feira. No palco The Next Big Thing, o programa RS Seguro, que reuniu análise de dados e inteligência artificial, mostrou seu caminho para reduzir os índices de criminalidade no Rio Grande do Sul.

O delegado Antonio Carlos Padilha destacou o trabalho conjunto de diversos entes ligados à segurança, policiais e judiciários, além das instituições de tecnologia para o programa ser implementado. "Quando iniciamos, o cenário naquele momento era de 30 mortos por 100 mil habitantes no país. Trinta vezes a taxa do continente europeu, vidas perdidas no país e no RS quase na mesma dimensão. Havia uma naturalização desse fenômeno", lembrou.

Padilha detalhou que o foco, foi a primeira decisão importante para o RS Seguro. "Priorizamos os municípios com maior incidência de crimes. São 497 municípios no RS, mas a criminalidade se concentra em 23 cidades. 71% das mortes violentas e 91% dos roubos de veículos ocorria nesses locais. Nisso, estabeleceu-se uma sistemática de governança", explicou. 

Antes de entrar a tecnologia, foi feita uma sistemática com as cidades para criar as ações de segurança e recolher os dados de crime e de efetividade das ações. "É necessário trabalhar com evidências na segurança, mas agregamos a inteligência o data science para uma tecnologia específica a esse problema", comentou Padilha. Nisso, foi importante também as outras instâncias na área. "Reunimos os atores nos três níveis da segurança. Todos os meses desde 2019 são feitas reuniões locais nos municípios e posteriormente há uma reunião com o secretário de segurança e, depois, com o governador", elencou.

"Com isso temos uma dimensão dos municípios que tiveram boas práticas e eles expõem as medidas adotadas para ter bons resultados. Os que apresentam aumento tem que expor os problemas, priorizar e apresentar um plano de ação", exemplificou o delegado, antes de passar a palavra para a área tecnológica.

O cientista de dados do governo do RS, Rafael Bernardini, explicou como foi feito o uso da informação no programa.  "Além do desafio técnico, havia um desafio de planejamento. Como planejar algo deste tamanho. Para isso tivemos que modular as expectativas. A parte técnica precisa conter os ânimos para fazer um planejamento adequado e cumprir as etapas", definiu. "Parte disto vinha de um hype muito alto da inteligência artificial. E ela ainda não arruma os dados, se damos dados ruins, ela vai gerar inteligência ruim. Se os dados são tendenciosos, gera problemas."

Segundo ele, havia bons dados, mas estava espalhados. "Primeiro a gente precisava de um ótimo alicerce, pois é necessária uma boa base de dados. Tínhamos dados estruturados em várias secretarias, mas nenhuma iniciativa conjunta. Um repositório que integrasse isso", ponderou. "Investimos muito nisso, agregando dados da segurança e principalmente tratando dados, organizando e botando num formato adequado aos tratamentos para análise", salientou.

A partir daí, a Procergs entrou em ação junto com a parceria da Gartner. Karen Maria Gross Lopes, da Procergs, explicou os procedimentos. "A gente entendeu que precisava ter na nossa estratégia uma decisão baseada em dados. Qualquer política pública e serviço gerado para o cidadão prcisa basear em dados e eficiência", frisou. 

"Essa estratégia conjunta trabalhou nos pilares pessoas, processos e tecnologia. A gente combinou que ia ter um time técnico de alto nível. Ciência de dados não é como o de desenvolvimento de sistemas. O cliente não existe, o time é o time", apontou, referindo-se à parceria com a Gartner. "A equipe precisa correr riscos, o primeiro projeto de ciência de dados no governo do RS."

 


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