Reino Unido celebra 1ª cúpula mundial sobre riscos da IA

Reino Unido celebra 1ª cúpula mundial sobre riscos da IA

Apesar da tensão e do medo da espionagem industrial, a China também estará representada

AFP

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Líderes políticos, gigantes tecnológicos e especialistas em Inteligência Artificial (IA) se reúnem nesta quarta-feira (1º), no Reino Unido, na primeira cúpula global sobre os riscos desta nova tecnologia.

A atual revolução tecnológica suscita paixões, mas também temores, que vão dominar os debates nesta cúpula, que acontece em Bletchley Park (centro), onde fica a emblemática sede, onde foram decifradas as comunicações durante a Segunda Guerra Mundial.

No primeiro dia, os participantes abordarão os possíveis riscos da IA de ponta, como o polêmico robô ChatGPT.

Na quinta-feira, representantes políticos de alto nível, incluindo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral da ONU, António Guterres, e a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, participam do evento.

Apesar da tensão e do medo da espionagem industrial, a China também estará representada, embora por enquanto não se saiba exatamente a que nível.

Também participarão estrelas do setor do Vale do Silício, como Sam Altman e Elon Musk, cofundadores da OpenAI, empresa que criou o ChatGPT.

"A portas fechadas"

Na ausência de políticas comuns, o Reino Unido quer lançar uma cooperação internacional em matéria de IA. O governo britânico espera conseguir, pelo menos, uma "primeira declaração internacional sobre a natureza" dos riscos dessa tecnologia.

Também propõe criar um grupo de analistas internacionais, inspirado no modelo do Painel de Especialistas em Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês).

Capazes de produzir textos, sons, ou imagens, em apenas alguns segundos com base em uma solicitação, as IAs generativas fizeram avanços gigantescos nos últimos anos. E as próximas gerações desses modelos serão lançadas em alguns meses.

Essa tecnologia suscita grandes esperanças na medicina, ou na educação, mas também representa uma "ameaça existencial" que pode desestabilizar sociedades, permitindo fabricar armas, ou escapando ao controle humano, alertou o governo britânico nesta quarta.

"Os riscos que a IA avançada coloca são sérios", alertou a ministra britânica de Tecnologia, Michelle Donelan, que abrirá a reunião em Bletchley Park.

"Esta cúpula nos dá a oportunidade de garantir que temos boas pessoas com boas competências à volta da mesa para discutir como podemos reduzir estes riscos no futuro", disse ela.

O principal desafio é definir salvaguardas sem impor obstáculos à inovação nos laboratórios de IA e nos gigantes tecnológicos.

União Europeia (UE) e Estados Unidos escolheram a regulamentação.

O presidente americano, Joe Biden, anunciou na segunda-feira (30) um amplo conjunto de normas e princípios para "liderar o caminho" em nível internacional.

Várias empresas, como OpenAI, Meta (Facebook) e DeepMind (Google), concordaram na semana passada em tornar públicas algumas das suas regras de segurança de IA, depois da solicitação do Reino Unido.

Em uma carta aberta dirigida ao primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, cerca de 100 organizações, especialistas e ativistas internacionais lamentaram que essa reunião aconteça "a portas fechadas", dominada por gigantes da tecnologia e com acesso limitado à sociedade civil.

"Temos que parar de pensar que as empresas privadas com fins lucrativos são os únicos proprietários possíveis e legítimos dos sistemas de IA que estão transformando nossas vidas e nossas formas de trabalhar", afirmou Sasha Costanza-Chock, professora do Berkman Klein Center, na Universidade de Harvard, em entrevista coletiva.


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