Rivalidade tecnológica é pano de fundo da guerra comercial entre EUA e China

Rivalidade tecnológica é pano de fundo da guerra comercial entre EUA e China

Alguns especialistas estão preocupados com o risco de o mundo se dividir em dois, com uma "cortina de ferro digital"

AFP

Alguns especialistas estão preocupados com o risco de o mundo se dividir em dois, com uma "cortina de ferro digital"

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Além de uma guerra comercial, EUA e China travam uma disputa pelo domínio tecnológico. Enquanto os americanos estão decididos a manter sua vantagem sobre os chineses no setor, os asiáticos estão desesperados para passar à sua frente. Alguns especialistas estão preocupados com o risco de o mundo se dividir em dois, com uma "cortina de ferro tecnológica".

Na China, os BATX (Baidu, Alibaba, Tencent e Xiaomi) se beneficiam da proibição de todas as redes sociais e motores de busca estrangeiros. Eles substituem os GAFA (Google, Apple, Facebook e Amazon) e têm ambições internacionais. As gigantes de pagamento com cartão de crédito (Visa, Mastercard, American Express) sofrem na China por uma legislação muito restrita, e ficam à margem de 'players' chineses (Alipay, WeChat e UnionPay), além da tendência de fazer pagamentos pelo smartphone.

 


Foto: Pixabay / Divulgacao / CP

O objetivo do programa "Made in China 2025 é a autonomia no setor tecnológico e desenvolvimento de suas próprias habilidades. A ideia é transformar a gigante asiática em uma potência das novas tecnologias: da indústria aeroespacial às telecomunicações, passando pela robótica, a biotecnologia e os veículos elétricos. Este plano "aterrorizante" - nas palavras de Washington - dificultou as negociações comerciais entre China e EUA e fortaleceu a desconfiança mútua. 

De acordo com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar há quatro décadas no número de patentes apresentadas internacionalmente, mas a China pode superá-los até 2020. Em 2017, a data dos últimos dados disponíveis, duas empresas chinesas dominaram o pódio mundial: a Huawei (4.024 pedidos) e a outra gigante de telecomunicações chinesa ZTE (2.965 patentes). A primeira empresa americana ficou em terceiro lugar: a Intel (2.637).

Drones

A empresa número um global de drones civis é chinesa. A DJI, fundada em 2006 em Shenzhen por um jovem apaixonado por modelismo, fabrica 70% dos drones civis do mundo. Não existe nenhum concorrente americano, após a empresa californiana GoPro deixar o setor. Em 2017, o Exército americano proibiu o uso de drones da DJI por motivos de segurança.


Foto: Ricardo Giusti
 

Beidou x GPS

No setor de geolocalização, a China se afastou do GPS americano e criou seu próprio sistema de navegação via satélite, o Beidou (literalmente, "A Ursa Maior"). Como garantia de independência estratégica e econômica, ele se baseia em uma rede de cerca de 30 satélites e estará em pleno funcionamento no mundo todo a partir do ano que vem. Pequim conta com seu amplo projeto das Novas Rotas da Seda para convencer os países participantes a usarem sua tecnologia. -'


Foto: Huawei / Divulgação / CP
 


Huawei, líder da rede 5G

Washington considera, há muito tempo, a gigante chinesa das telecomunicações uma ameaça, devido ao passado de seu fundador Ren Zhengfei, de 74 anos, ex-engenheiro do Exército chinês. Uma lei de 2017 exige que empresas chinesas cooperem com os serviços de inteligência do país. O governo dos EUA proibiu suas agências de comprarem equipamentos da Huawei, temendo que Pequim pudesse espionar suas comunicações e acessar infraestruturas cruciais do país. Os Estados Unidos também aumentaram a pressão sobre seus aliados para banir a Huawei de sua infraestrutura de redes. A diretora financeira do grupo, Meng Wanzhou, há muito tempo sinalizada como favorita para suceder seu pai à frente da Huawei, também é alvo de Washington, que a acusa de driblar sanções contra o Irã. Presa no Canadá em dezembro, Meng pode enfrentar a Justiça dos Estados Unidos em breve.

China Mobile descartada

Os Estados Unidos rejeitaram o pedido da China Mobile para entrar em seu mercado de telecomunicações porque consideram que seus laços com Pequim ameaçam a "segurança nacional" - uma decisão que reforça a importância estratégica das telecomunicações e da tecnologia no confronto entre as duas potências.


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