South Summit debate como tornar a economia verde um atrativo para empresas e governos

South Summit debate como tornar a economia verde um atrativo para empresas e governos

Responsável da ONU alertou que sociedade ainda está fora do curso para atingir metas climáticas

Bernardo Bercht

Painel propõe soluções para tornar investimentos ecológicos atrativos

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Transformar as soluções para as mudanças climáticas em metas de governo e torná-las interessantes para as empresas. Esse foi o debate do painel "Investindo em soluções para o clima" que abriu o Arena Stage, palco principal da South Summit, nesta sexta-feira em Porto Alegre.

A diretora do Pacto Global das Nações Unidas para o Brasil, Helen Pedroso, destacou as dificuldades para colocar nações, administrações públicas, empresas e população civil num caminho para atingir as metas climáticas. "Estamos trabalhando nessa ambição, mas estamos fora do curso correto pelos desafios que enfrentamos e do que é necessário fazer até 2030", analisou.

"Essa é uma geração que terá grandes mudanças. Simplesmente, precisamos fazer alguma coisa e as coisas não estão estruturadas", alertou Helen. "Há objetivos delineados, mas precisamos educar as empresas. Muitas se assustam e tentam fazer coisas superficiais, apenas para constar", relatou a representante da ONU.

O investidor do Vale do Silício, Alex Laplaza, do fundo de investimentos Lowercarbon Capital, avalia que é preciso mostrar ao mercado as "oportunidades de ganhar dinheiro" com a mudança de paradigma ecológica. "Não é pensar só no sustentável, é pensar na eficiência econômica, que também gera capital", afirmou.

Ele citou o conceito de "vortex verde", em que ações administrativas geram resultados que tornam mais eficientes as próprias políticas públicas. "A política pode fazer as tecnologias mais baratas e, em retorno, as tecnologias acabam deixando mais baratas as políticas", relatou. "A gente vê muito isso na questão da eletricidade. Na evolução das baterias e energias renováveis", ponderou o investidor.

"Com o devido desenvolvimento, a energia limpa pode ser mais barata. E essa energia tem que ser usada para produzir cimento, ferro, aço", acrescentou Laplaza. "Daí não interessa a mudança climática ou não, se for melhor e mais barato as pessoas compram. O Vortex Verde me deixa muito empolgado."

O ex-governador Eduardo Leite também foi convidado para dar a perspectiva política no painel. "Claro que cada pessoa pode fazer sua parte no meio-ambiente, mas são os governos que têm esse papel de realmente gerar um impacto no mundo", avaliou o político.

Leite citou os problemas recentes na produção agrícola do RS. "As mudanças estão afetando nosso Estado, onde a agricultura é muito forte. Nos últimos meses tivemos estiagem e perdemos quase 50% da plantação de soja. Estamos perdendo dinheiro com isso e afeta nossas vidas", definiu o ex-governador. "Os políticos têm que entender que essa mudança não é um problema, é uma oportunidade que temos no país", afirmou Leite.

Helen, da ONU, reforçou essa necessidade e previu evolução. "Vemos mudanças ao longo dos últimos dois anos. É coletivo e temos que forçar uns aos outros. Temos que reduzir gigatoneladas de gás carbônico. Essa é uma ambição coletiva."

 


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