South Summit mostra o empreender como questão de sobrevivência

South Summit mostra o empreender como questão de sobrevivência

Dados da economia das favelas gaúchas foram apresentados no evento

Jonathas Costa

Objetivo de conectar pessoas tem ocorrido com palestras, debates e conversas informais pelos estandes

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O instinto de inovação, tão cultuado no ambiente corporativo e que nestes dias de South Summit torna-se ainda mais incentivado, é, para muitas pessoas, um instinto de sobrevivência, no sentido mais prático possível. Trata-se de uma visão mais real do cotidiano e que, ainda bem, não deixou de ser debatida durante a programação do evento. No segundo dia da feira, nesta quinta, novamente o tema ganhou espaço, na voz do presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, assim como ocorreu no dia anterior com Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (Cufa) e executivo da Favela Holding.

“Para a favela, crise não é exceção, é regra. As pessoas cresceram na crise. Trabalhar bem em grupo, lidar com situações adversas, dialogar com as forças diferentes, isso que todo o CEO deve ter, é o cotidiano dos moradores das favelas”, assegurou Meirelles, ao apresentar os dados do chamado ‘empreendedorismo de menor renda’ no Rio Grande do Sul, ou, em termos práticos, a economia das favelas gaúchas. “Favela, vila, bairro, palafita... o nome é o de menos. Em cada canto desse país se fala de uma forma”, apaziguou, ao reiterar, contudo, “as pessoas empreendem na favela por uma razão simples, elas sabem que não será o emprego formal que fará ela melhorar de vida, tendo em vista os estigmas dos quais os moradores da favela sofrem nesse ambiente”.

Segundo outro levantamento do instituto, enquanto os brasileiros em geral relacionam as palavras “pobreza”, “fome”, “violência” e “tráfico” à favela, os moradores dessas comunidades citam “superação”, família”, “alegria” e “felicidade”. “O sonho da favela não é sair da favela, é morar melhor na favela”, resumiu. Em Porto Alegre, ações de fomento aos empreendedores em comunidades já ocorrem, com apoio de órgãos públicos, privados e instituições. Ampliar essa atuação depende, sobretudo, de entender o que essas comunidades demandam e, para isso, ouvi-las é essencial e, em uma realidade histórica de desassistência, até mesmo inovador.

Ambiente de testes

Durante o lançamento da Frente Parlamentar de Inovação na South Summit, um projeto de lei com o objetivo de reduzir a burocracia para testar iniciativas no Rio Grande do Sul foi apresentado pelo deputado Felipe Camozzato (NOVO), com o apoio de outros parlamentares. A ideia, segundo ele, é criar no Estado um ambiente regulatório experimental, permitindo que ideias inovadoras tenham um período de adaptação e observação do governo antes de precisarem se encaixar nos parâmetros legais comuns. A proposta foi batizada de Sandbox Regulatório.

Na prática, estas empresas, antes negadas de operar, poderão se instalar e testar produtos e serviços sob um regime, assegura o deputado, “feito sob medida para a operação, ficando dispensadas da burocracia tradicional durante o período de testes e enquanto o ente público aprende a regulamentar o assunto”. Iniciativa semelhante já foi testada na Capital.

Conexão com o Guaíba

Um dos grandes objetivos da South Summit é conectar pessoas. E isso pode ocorrer em palestras, debates, conversas informais pelos estandes e corredores do Cais Mauá e, por que não, nas águas do Guaíba. Durante os dias da feira, duas embarcações estão atracadas no local e permitem a visitação ou, em alguns casos, a reserva para reuniões. Ontem quem experimentou a proposta foi um grupo de alunos da Universidade Federal de Santa Maria que integram a i9 Liga de Empreendedorismo. O grupo veio para a Capital por meio da Pulsar Incubadora Tecnológica, vinculada ao InovaTec UFSM Parque Tecnológico. “É uma grande oportunidade de gerar conexões com grande players do empreendedorismo nacional e internacional e ao mesmo tempo promover o ecossistema de inovação central do qual participamos”, avalia Ruan Almeida, presidente da i9, ao lado de diretores e membros da equipe sob o teto de um dos barcos.


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