“Táxis” que andam sozinhos já são realidade e dividem opiniões

“Táxis” que andam sozinhos já são realidade e dividem opiniões

Veículos ficam disponíveis 24 horas por dia e são totalmente elétricos nos Estados Unidos

Correio do Povo

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A mobilidade vai se transformando ao longo do tempo. Um exemplo é a utilização de aplicativos como Uber e 99 Pop, que se tornaram mais opções de corridas privadas nos últimos anos. Uma novidade na cidade de São Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos, contudo, pretende revolucionar ainda mais a locomoção com o uso de “táxis autônomos”, sem motoristas. Basta acessar um app e entrar no "carro fantasma" em direção aos destinos. No entanto, também são alvo de críticas e dividem opiniões.  

Os veículos são oferecidos pela empresa Waymo. Conforme a organização, os automóveis ficam disponíveis 24 horas por dia e são totalmente elétricos. A companhia sintetiza a experiência inovadora como "conveniente, consistente e segura". 

Ao olhar os automóveis, chamados de Waymo Drivers, dá para perceber que eles não são comuns. Os carros possuem um design único na cor branca e se diferenciam por terem um enorme sensor no capô, e outros dois bem protuberantes nas laterais.  

Como funciona a tecnologia que permite o carro andar sozinho 

Segundo informações da Waymo, antes do carro começar a operar em uma nova área, a empresa mapeia o território com detalhes desde os marcadores de faixa até as placas de parada, meio-fio e faixas de pedestres. Então, em vez de depender apenas de dados externos, como GPS, que podem perder a intensidade do sinal, o veículo usa um mapa personalizado, combinado com dados do sensor em tempo real, para determinar a localização exata da estrada o tempo todo.

O Waymo Driver decifra o que está ao seu redor por meio de tecnologia de aprendizado de máquina. Ele também responde a sinais como cores de semáforos e avisos de parada temporária. As situações de direção podem envolver centenas de objetos, cada um com seus próprios comportamentos e intenções.

O Waymo Driver pega as informações que coleta em tempo real, juntando com a experiência que acumulou ao longo de mais de 20 milhões de milhas de condução no mundo e mais de 20 bilhões de milhas em simulação, para antecipar o que outros usuários da estrada podem fazer. Ele entende como um carro se move de maneira diferente de um ciclista, pedestre ou outro objeto e, em seguida, prevê os diversos caminhos possíveis que os outros usuários da estrada podem seguir.

O carro determina instantaneamente a trajetória exata, velocidade, faixa e manobras de direção necessárias para se comportar com segurança ao longo de sua jornada, alega a Waymo. Na última década, a empresa diz ter desenvolvido um único sistema integrado de sensores e computação projetado para trabalhar em conjunto a fim de dar ao Waymo Driver uma visão abrangente do mundo ao seu redor.

Para parte da população carros têm atrapalhado 

Tanta tecnologia, no entanto, não é uma unanimidade nos Estados Unidos. Para os carros começarem a rodar em maior escala em São Francisco, a Waymo teve que ter aprovação da Comissão de Serviços Públicos da Califórnia. Segundo informações do The Guardian, durante as reuniões, a chefe do Corpo de Bombeiros da cidade, Jeanine Nicholson, ressaltou que os veículos não estavam devidamente prontos para operar em horários com maior trânsito. 

Nicholson apontou que os carros sem motorista (não necessariamente todos da Waymo) interferiram em situações de emergência 40 vezes e houve quase 70 colisões de veículos autônomos em 2023, de acordo com o Departamento de Veículos Automotores da Califórnia.

Antes da aprovação da comissão, os veículos podiam andar até 30 km/h, o que gerava bastante reclamações dos usuários no trânsito levando em consideração a baixa velocidade. Após o aval do órgão, os carros estão autorizados a rodar em até 96 km/h, mais do que o triplo do limite anterior. 

Os carros também têm enfrentado represálias de um grupo contrário ao trânsito de quaisquer veículos. Os ativistas do Safe Street Rebel pedem por uma São Francisco com menos carros para trazer maior segurança aos pedestres. Eles argumentam que as atenções do Estado deveriam ser em soluções do transporte público, ao invés de incentivar os veículos pessoais. 

Mesmo os carros sendo elétricos, o grupo alega ainda a presença de riscos ecológicos, e argumenta que o uso constante de veículos autônomos oferece fragilidades em vigilância. Os manifestantes acharam um jeito bem curioso de impedir a circulação doa automóveis da Waymo: colocando cones nos capôs. Quando eles fazem isso, os Waymo Drivers desligam e só voltam a funcionar quando alguém retira o objeto. Na internet há vários vídeos da tática, que se tornaram virais. 

Apesar da controvérsia, a Waymo não pretende retroceder em sua atuação. Os planos da empresa são em breve popularizar os serviços em Los Angeles, na Califórnia, e em Austin, no Texas. Resta agora aguardar as cenas dos próximos capítulos para saber se a tecnologia se expandirá pelo mundo afora, inclusive no Brasil. 


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