Telescópio James Webb detecta CO2 em exoplaneta pela primeira vez

Telescópio James Webb detecta CO2 em exoplaneta pela primeira vez

Novo achado indica que observações também podem ocorrer em planetas rochosos

AFP

Telescópio voltou a fazer imagens inéditas

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O telescópio espacial James Webb detectou pela primeira vez a presença de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera de um exoplaneta, um planeta fora do nosso sistema solar. A descoberta demonstra suas imensas capacidades e entusiasma os cientistas.

O planeta em questão é um gigante gasoso e quente onde a vida tal como conhecemos seria impossível, mas o novo achado indica que essas observações também podem ocorrer em planetas rochosos - com o objetivo final de determinar se algum deles tem condições favoráveis à vida.

"Para mim, é uma porta que se abre para estudos futuros de super Terras, inclusive de Terras", declarou nesta quinta-feira (25) à AFP o astrofísico Pierre-Olivier Lagage, do Comissariado da Energia Atômica (CEA), um dos três coautores desses trabalhos publicados na revista científica Nature.

"Meu primeiro pensamento: uau, realmente temos a possibilidade de detectar as atmosferas de planetas do porte da Terra", comentou no Twitter a professora de astrofísica Natalie Batalha, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz.

Além disso, a identificação de CO2 permitirá aprender mais sobre a formação desse planeta, chamado WASP-39b, descoberto em 2011, explicou a Nasa. Localizado a 700 anos-luz, o planeta tem cerca de um quarto da massa de Júpiter e está muito próximo de seu sol.

Esse planeta foi selecionado a partir de vários critérios que faziam sua observação mais fácil enquanto os cientistas ainda avaliam as capacidades do telescópio, que revelou suas primeiras imagens há menos de dois meses.

O WASP-39b passa periodicamente em frente a seu sol, com uma órbita de quatro dias.

Para suas observações, o James Webb usa o método dos trânsitos, ou seja, quando o planeta passa diante de sua estrela, o telescópio capta a ínfima variação de luminosidade resultante.

Em seguida, analisa a luz "filtrada" por meio da atmosfera do planeta. As diferentes moléculas presentes na atmosfera deixam marcas específicas que permitem determinar sua composição.

Os telescópios Hubble e Spitzer já haviam detectado vapor de água, sódio e potássio na atmosfera desse planeta, mas o James Webb pode ir mais longe graças a sua enorme sensibilidade à luz infravermelha.

No comunicado da Nasa, Zafar Rustamkulov, da Universidade Johns Hopkins, comenta o que sentiu quando a presença de CO2 foi claramente estabelecida: "Foi um momento especial, alcançar um ponto de inflexão na ciência dos exoplanetas".


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