Trabalhadores de fábrica de iPhones na China aceitam dinheiro para ir embora após protestos

Trabalhadores de fábrica de iPhones na China aceitam dinheiro para ir embora após protestos

Confinados por causa de surto de Covid-19, funcionários ficaram revoltados por não terem recebido os bônus prometidos

AFP

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Após violentos protestos de trabalhadores esta semana, a maior fábrica de iPhones do mundo, na China, está oferecendo dinheiro para que seus funcionários descontentes saiam imediatamente. A indignação irrompeu na quarta-feira (23) na fábrica de Zhengzhou, no centro da China. Revoltados por não terem recebido os bônus prometidos por continuarem trabalhando no local, confinado desde outubro por um surto de covid-19, os trabalhadores entraram em confronto com as forças de segurança.

A fábrica, que pertence ao grupo taiwanês Foxconn, principal terceirizada da gigante americana Apple, emprega mais de 200 mil pessoas, a maioria das quais reside localmente em dormitórios.

"De repente, os contratos mudaram e todos ficaram insatisfeitos", explicou à AFP uma funcionária, que pediu anonimato. "Como incidentes anteriores com a Foxconn acabaram com a confiança, as manifestações estouraram", disse.

Desde que surgiram os primeiros casos de covid-19 na fábrica, a Foxconn decidiu manter, a todo custo, a produção de iPhones, tendo em vista as festas de fim de ano.

Isso a levou a confinar as instalações, em condições que os trabalhadores denunciaram como "caóticas". Muitos funcionários saíram e a empresa teve que encontrar mais funcionários, prometendo bônus suculentos.

Mas parece que a empresa recuou.

Nesta quinta-feira, em depoimentos nas redes sociais, vários funcionários disseram ter recebido bônus de 10.000 yuans (US$ 1.400) em troca de rescindir o contrato e sair imediatamente do local. Em alguns vídeos compartilhados, vários ônibus aparecem estacionados perto dos dormitórios.

"Todos receberam o dinheiro e estão prestes a partir", disse a funcionária contactada pela AFP.

"Estou bastante feliz. Não dá para pedir muito".

"Erro técnico"

A Foxconn, que se desculpou nesta quinta-feira, também parece querer indenizar aqueles que foram espancados pela polícia durante os protestos, que deixaram dezenas de feridos.

Um funcionário comentou à AFP que seus colegas feridos receberam um bônus adicional de 500 yuans (US$ 70). A empresa, contactada pela AFP, não quis comentar o assunto.

Capturas de tela de um anúncio oficial da Foxconn que circula nas redes sociais mostram a empresa prometendo aos trabalhadores que quiserem deixar a fábrica 10.000 yuans para cobrir salário, custos de transporte e quarentena.

O anúncio afirma que receberão primeiro 8.000 yuans e, em seguida, os 2.000 restantes no ônibus.

Um funcionário disse à AFP que os protestos começaram quando os novos trabalhadores, que assinaram um contrato para receber 3.000 yuans (US$ 420) em bônus por 30 dias, viram o valor cair para 30 yuans.

A Foxconn explicou que houve um "erro técnico" no sistema de pagamento, o que seria resolvido.

Na fábrica, os protestos pararam, informou um trabalhador à AFP. "Todos os novos funcionários tiveram que sair, agora está tudo normal", segundo ele.

Um vídeo postado na plataforma Kuaishou mostra centenas de trabalhadores esperando para deixar os dormitórios com suas malas.

"Pegue o dinheiro e vá para casa", diz a legenda deste vídeo, acompanhada de um emoji sorridente.


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