China aquece exportações de carne

China aquece exportações de carne

Acumulado de abril apresenta aumento de 43% na média embarcada e de 85% na receita

Patrícia Feiten

Preço médio por tonelada é 29% superior ao praticado em abril de 2021

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As exportações de carne bovina fresca, refrigerada e congelada somaram 89,978 mil toneladas nas três primeiras semanas de abril, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O resultado parcial, que reflete negócios realizados em dez dias úteis, chama atenção quando comparado ao obtido em todo o mês de abril do ano passado, que somou 125,474 mil toneladas em 20 dias úteis. Entre os dois períodos, o volume médio diário exportado cresceu 43,4%, passando de 6,273 mil toneladas em abril de 2021 para 8,997 mil toneladas nas três primeiras semanas do mesmo mês em 2022.

Para o analista Fernando Iglesias, da consultoria Safras & Mercado, os indicadores mais relevantes no desempenho das exportações vêm dos dados financeiros. Neste mês, até a terceira semana, a receita dos embarques atingiu 553,151 milhões de dólares, ante 597,990 milhões de dólares de abril de 2021. A receita média diária dos negócios aumentou 85% na comparação com abril do ano passado, chegando a 55,315 milhões de dólares. “A receita tem sido o grande destaque deste ano, está avançando muito o valor pago pela carne brasileira no mercado internacional”, diz Iglesias.

O salto no faturamento reflete o peso do mercado chinês na importação do produto Nas três semanas de abril, o preço médio pago no mercado externo foi de 6.147,6 dólares por tonelada, valor 29% superior à média de abril de 2021. “Mas o importador chinês está pagando bem mais, de 7 mil a 7,5 mil dólares a tonelada”, compara Iglesias. 

O analista alerta, porém, que os números da Secex podem se tornar um “retrato antigo” das exportações, pois é preciso observar o desempenho do mercado nas próximas semanas. Isso porque a China suspendeu recentemente as compras de algumas plantas frigoríficas de Mato Grosso, de São Paulo e do Pará.

Motivado pela identificação de ácido nucleico do coronavírus em embalagens de lotes de carne, as ações trazem preocupação, afirma Iglesias. “A China já usou esse argumento antes, em 2020 e 2021, parece mais uma tentativa de renegociar contratos e baixar preços”, avalia Iglesias. 


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