Ciberataque altera rotinas do Rio Grande do Sul

Ciberataque altera rotinas do Rio Grande do Sul

Ataque fez com que órgãos gaúchos reprogramassem seu funcionamento

Correio do Povo

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*Por Carmelito Bifano, Jéssica Hübler e Paulo Roberto Tavares

O ataque cibernético que afetou no dia computadores de mais de 150 países também teve efeitos no Rio Grande do Sul. A ação alterou rotina, prazos e atendimentos em diversos órgãos públicos. O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4) suspendeu os prazos processuais (nos dias 12, 15 e 16) nas unidades judiciárias de primeiro e segundo graus em função do ataque. Prazos com vencimento para essas três datas foram prorrogados para o primeiro dia útil seguinte, a quarta-feira, dia 17, a pedido de entidades de advocacia e também da Caixa Econômica Federal, que apresentaram problemas de acesso à Internet por conta do vírus. Audiências e sessões já designadas foram mantidas.

O sistema do Processo Judicial Eletrônico, onde tramitam a maioria das ações trabalhistas do TRT4, não teve interrupção alguma. De acordo com a diretora da Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicações do TRT4, Natacha Moraes de Oliveira, a instituição possui uma política de atualização do sistema operacional das máquinas. “Quando ficamos sabendo dos primeiros ataques, na quinta-feira à noite, fizemos as atualizações. Além disso, temos antivírus e outras ferramentas de segurança que evitam a invasão de um malware (ameaça cibernética)”, afirmou Natacha. Segundo ela, o TRT4 possui cerca de 5 mil máquinas em 70 municípios. “Em algumas cidades, como Santana do Livramento, percebemos que uma máquina tentava se comunicar com o vírus, então a isolamos da rede e formatamos”, destacou.

Conforme Natacha, mesmo que o vírus atingisse as máquinas do TRT4, seria possível recuperar os arquivos, pois o sistema de backup (cópia de segurança) é eficiente. “É difícil impedir a infecção, por isso nossa principal preocupação é manter backups íntegros e completos. Se fôssemos atacados com criptografia, seria possível recuperar os arquivos.”

A Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre (Procempa) informou que não houve registro de ocorrência da invasão do vírus no sistema da Prefeitura de Porto Alegre. Porém, mesmo que as máquinas não tenham sido afetadas, a Procempa recomendou que todos os funcionários desligassem os computadores ao término do expediente, fizessem a atualização do sistema operacional, não clicassem em links suspeitos recebidos por e-mail e evitassem acessar sites não relacionados à atividade profissional. Se qualquer funcionários identificasse uma suspeita do vírus, deveria entrar em contato direto com o “Service Desk” da Procempa.

Apesar de não ter sido infectado pelo vírus, o site no Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) ficou fora do ar das 16h de sexta-feira, dia 12, até às 10h de segunda-feira, dia 15. Todos os funcionários do MP-RS receberam explicações sobre a invasão das máquinas que estariam ocorrendo em diversas empresas e órgãos públicos. A Divisão de Tecnologia da Informação e Comunicação do MP-RS tomou conhecimento do fato e desligou preventivamente a VPN (rede privada virtual) e a internet, por serem pontos de vulnerabilidade. Durante o fim de semana e na segunda-feira pela manhã, houve a atualização do antivírus e do Windows e a Internet foi religada. A rede Wi-Fi em Porto Alegre continua bloqueada como medida de segurança.

A Caixa Econômica Federal informou que realizou bloqueio preventivo de alguns serviços internos para atualização de softwares de proteção. Conforme a instituição, o acesso está sendo restabelecido gradualmente. Destaca ainda que nenhum serviço ao cliente foi afetado pelas medidas de proteção adotadas.

O atendimento ao público nas agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi suspenso sexta, dia 12, e normalizado na manhã de segunda-feira, 15. Conforme a superintendência regional do INSS, as agências do Centro de Porto Alegre e de Alvorada apresentaram “inconsistências” na manhã de segunda-feira, mas os atendimentos ocorreram a partir das 10h. Mesmo que o atendimento tenha sido suspenso, o INSS garantiu que o sistema geral não foi infectado e “os dados dos segurados estão resguardados”. Apenas as informações salvas na área de trabalho das máquinas atingidas foram criptografadas.

Conforme levamento preliminar, realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social na terça-feira, aproximadamente 60 máquinas foram infectadas no Rio Grande do Sul. Os dados oficiais ainda não foram divulgados. O INSS orienta os agendados a entrarem em contato pelo telefone 135 para receberem as orientações. A central de atendimento também entrará em contato com os segurados.

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