“A taxa de juros está aparentemente muito alta”, diz ex-ministro de Temer

“A taxa de juros está aparentemente muito alta”, diz ex-ministro de Temer

Economista Esteves Colnago participou nesta quarta-feira do evento Tá na Mesa, da Federasul

Felipe Samuel

Ex-ministro do Planejamento do governo Temer, Colnago abordou o novo arcabouço fiscal

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A manutenção da taxa de juros em 13,75% pelo Banco Central gera discussões dentro e fora do Governo Federal e tem sido alvo de críticas de especialistas. Ex-ministro do Planejamento do governo Temer, o economista Esteves Colnago afirmou nesta quarta-feira, na Capital, que a taxa de juros está alta e sugeriu o uso da taxa de câmbio como instrumento de controle da inflação no país. As declarações foram dadas durante o evento Tá na Mesa, da Federasul, que tratou do tema Novo Arcabouço Fiscal.

Ao destacar os desafios do governo Lula, Colnago apresentou as características de modelo fiscal desejado e a importância de cumprir regras fiscais, como evitar aumentar despesas de gastos. No que diz respeito a taxa de juros, existem vários movimentos que dificultam uma previsão. “A nossa taxa de juros está aparentemente muito alta. Pode ter um movimento muito forte de entrada de dólar no país, e por um bom tempo o nosso combate à inflação se deu pelo câmbio. A gente viveu um bom momento em que usava o câmbio como variável de pressão para segurar o preço”, detalhou.

Na avaliação de Colnago, o movimento favorável do câmbio do dólar, com oscilação entre R$ 5,00 a R$ 4,70, pode ajudar a segurar a inflação. “A economia aparentemente vai crescer menos. E se começa crescer menos, tem redução de demanda, porque as pessoas demandam menos, fica mais difícil reajustar o preço, porque senão não vende. Então começa a ter um controle da inflação pelo lado da demanda. E pode ter ajuda do câmbio e demanda mais deprimida. E o modelo ajuda, porque tira aquela probabilidade de ter uma despesa muito rápida de um lado para o outro abrupta”, completou. 

Entre os pontos positivos apresentados pelo Ministério da Fazenda, Colnago destacou a instituição de uma regra de despesa, “que embora cresça, em algumas circunstâncias, de forma independente de outas variáveis, mitiga a probabilidade de piora abrupta no cenário fiscal”, e a utilização de marcos fiscais vigentes para projeção, definição de metas, execução e eventual proposição de medidas de ajustes. E acrescentou a importância de adotar valores já divulgados de variáveis para verificação quanto ao cumprimento das metas, análise de cenários e adoção das regras do modelo.

O economista alerta, no entanto, que o modelo divulgado pelo governo é extremamente dependente da evolução das receitas, “o que tende a dificultar a solidez das contas públicas em momentos de arrefecimento da arrecadação, em especial, após períodos de alta nas receitas”. Conforme Colnago, por conta do déficit projetado pelo Governo Federal superior a R$ 100 bilhões, o modelo e sua dependência da receita colocam foco na carga tributária. 

Ele afirmou que o modelo não prevê maior parcimônia no crescimento das despesas mesmo nos casos em que o endividamento atinge níveis muito elevados, “o que pode trazer grande pressão sobre o perfil e o juros da dívida pública”.

 


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