América Latina deve controlar pandemia para reativar sua economia, alertam Cepal e OPAS

América Latina deve controlar pandemia para reativar sua economia, alertam Cepal e OPAS

Relatório conjunto das organizações regionais das Nações Unidas enfatiza que a redução das infecções requer liderança política e coordenação

AFP e AE

Brasil, que ultrapassou as 90.000 mortes e registrou até agora 2,5 milhões de casos, é o segundo país do mundo mais afetado pela Covid-19

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Região do mundo mais afetada pela pandemia de coronavírus, a América Latina não conseguirá reativar sua economia se não conseguir frear os contágios - advertiram nesta quinta-feira a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Foi o que apontou um relatório conjunto dessas organizações regionais das Nações Unidas, enfatizando que a redução das infecções requer liderança política e coordenação.

Diante da maior queda na economia dos países da América Latina e Caribe em um século - 9,1% -, as organizações também destacaram a necessidade de os governos locais não caírem no "falso dilema" entre escolher pela economia ou pela saúde. O Brasil, que ultrapassou nesta quarta-feira as 90.000 mortes e registrou até agora 2,5 milhões de casos, é o segundo país do mundo mais afetado pela pandemia, atrás dos Estados Unidos. Enquanto isso, Costa Rica e Uruguai estão menos afetados por terem serviços de proteção social mais difundidos, disse Bárcena.

Ao apresentar o relatório, a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, e a diretora da OPAS, Carissa Etienne, destacaram que sem saúde não há economia que funcione. "Os países devem evitar pensar que devem escolher entre reabrir as economias e proteger a saúde e o bem-estar de seus povos. Esta, de fato, é uma escolha falsa", disse Etienne. "Vimos várias vezes que a atividade econômica completa não pode ser retomada, a menos que tenhamos o vírus sob controle. E tentar fazê-lo de outro modo coloca vidas em risco e amplia a incerteza causada pela pandemia", enfatizou.

"Se a curva de contaminações não for controlada, não será possível reativar a economia dos países", afirmaram as instituições em um comunicado conjunto, lembrando que 231 milhões de pessoas na região terminarão o ano na pobreza. As entidades defenderam que os países devem combinar medidas de assistência emergencial, como auxílios de renda, com políticas fiscais, trabalhistas e o remanejo das dívidas para uma recuperação sustentável. O objetivo é melhorar o poder de compra da população e minimizar os efeitos da precarização do trabalho, principalmente dos informais.

"Estamos enfrentando a pior crise em um século", complementou Bárcena, alertando para o risco de que a crise da saúde se transforme em uma crise alimentar. Também ressaltou a necessidade de estabelecer uma renda básica de emergência por seis meses para toda a população em situação de pobreza em 2020.

 Foi destacado também que os governos precisam apoiar as empresas, principalmente as pequenas e médias. "É muito importante apoiar no longo prazo e não apenas com um empréstimo de curto prazo. Precisamos manter a produtividade (e os empregos) por um longo período", afirmou Alicia Barcenas, diretora da CEPAL. O relatório indicou que cerca de 2,7 milhões de empresas devem fechar por conta da pandemia. "É a pior crise em um século". Um estudo recente da Federação de Comércio e Indústria de Buenos Aires (Fecoba) mostrou que pelo menos 19 mil estabelecimentos comerciais fecharam na capital por conta da pandemia.

O relatório indica ainda uma crise de oferta e também de demanda na região, que fará com que a renda per capita caia para os níveis de 2010. Carissa Etienne destacou que medidas como uma renda básica de emergência seriam um "investimento nas economias", ideia também defendida pela CEPAL. "Nossos governos precisam ter uma abordagem multissetorial para novos planos nacionais de desenvolvimento que sejam inclusivos, que acabem com a desigualdade e deem atenção específica para os mais pobres e os mais vulneráveis".

As autoridades afirmaram ainda que a pandemia agravou as diferenças sociais entre homens e mulheres e grupos étnicos na América Latina, a região mais desigual do planeta. E defenderam o acesso pleno aos sistemas de saúde de qualidade para o bem-estar e o desenvolvimento econômico inclusivo, citando que, para milhões de pessoas, adoecer significa empobrecer, já que os custos do sistema de saúde são muito elevados.

A Cepal e a OPAS destacaram que a região é particularmente vulnerável por seus altos níveis de trabalho informal, pobreza e desigualdade, além dos sistemas de saúde e proteção social frágeis, da superlotação urbana e dos problemas ambientais. Por esse motivo, apontaram que para favorecer a reativação e reconstrução, é necessário um aumento nos gastos fiscais. O gasto público destinado à saúde deve, segundo elas, alcançar pelo menos 6% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto atualmente está em uma média de 3,7%.

Dos mais de 17 milhões de casos registrados no mundo todo desde o surgimento do vírus na China em dezembro, a América Latina e o Caribe são a região do planeta com o maior número: 4,6 milhões. Além disso, somam quase 192.000 mortos dos mais de 667.000 registrados no mundo, de acordo com um balanço da AFP com base em dados oficiais.

A Cepal e a OPAS destacaram que "os países do Caribe conseguiram controlar a pandemia com mais rapidez, enquanto na América Latina os níveis de contágio continuam sem diminuir".


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