Audi pagará 800 milhões de euros de multa na Alemanha por motores a diesel manipulados
Punição põe fim a duas das três ações em andamento
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O valor inclui uma multa de mais de um bilhão anunciada em junho pelo Ministério Público de Brunswick e que já foi contabilizada no resultado do segundo trimestre. A Procuradoria de Munique indicou que "ficaram evidenciadas violações na supervisão" dentro da empresa "a respeito da homologação de carros a diesel, que não respeitam a regulamentação".
Vários promotores alemães abriram investigações por fraude, manipulação de cotações de ações e propaganda enganosa, entre outros, contra funcionários da Volkswagen, mas também de marcas como Audi e Porsche, bem como Daimler, fabricante de equipamentos Bosch e Opel, subsidiária da PSA francesa (Peugeot-Citroen). A Justiça alemã suspeita que os engenheiros da Audi contribuíram para o desenvolvimento de software fraudulento.
A investigação do escritório do promotor de Brunswick, na região de Wolfsburg, onde a Volkswagen tem sua sede, inclui 40 pessoas. Em junho, o tribunal alemão colocou o diretor da Audi, Rupert Stadler, em prisão preventiva, o primeiro encarceramento de um alto funcionário nesta investigação. "A multa (desta terça-feira) não tem impacto nas investigações da Procuradoria de Munique, direcionada a pessoas no âmbito do caso diesel", informou um comunicado da Promotoria.
O ex-CEO da Volkswagen, Martin Winterkorn, também está sendo investigado, assim como seu sucessor, Matthias Müller, o atual diretor do grupo, Herbert Diess, e o presidente do conselho supervisor, Hans Dieter Pötsch. Nos Estados Unidos, onde a Volkswagen se declarou culpada de obstrução da justiça, oito ex-diretores da Volkswagen, incluindo Winterkorn, e um executivo da Audi foram indiciados. Entre essas nove pessoas, dois engenheiros já foram condenados.
A multa da Audi põe fim a duas das três ações em andamento que pedem multas. Mas outro contra a Porsche ainda está aberto. Além disso, a Volkswagen enfrenta um grande julgamento conduzido por seus acionistas que pedem 9 bilhões de euros em indenização. Os acionistas acreditam que o grupo deveria ter informado previamente os mercados financeiros da manipulação e, assim, evitar perdas significativas para os investidores.
Em maio, o governo alemão também abriu novos processos coletivos de clientes e um grupo de associações de consumidores já anunciou uma queixa em grupo em novembro. No entanto, no segundo trimestre, o lucro líquido da Volkswagen aumentou 6,8% ao ano, a 3,31 bilhões de euros, graças ao aumento do volume de negócios e apesar do custo do "dieselgate".
Em 2017, com 11,35 bilhões de euros, o lucro líquido dobrou em comparação com os 5,4 bilhões de euros de 2016. O caso dos motores a diesel manipulados foi revelado em setembro de 2015, quando a Agência de Proteção do Meio Ambiente (EPA) dos Estados Unidos denunciou a Volkswagen. A EPA acusou a montadora de ter instalado em 11 milhões de veículos a diesel - 600.000 deles vendidos nos Estados Unidos - um software que manipulava os resultados dos testes de poluição e ocultava as emissões reais, até 40 vezes superiores às permitidas.