Avanço do coronavírus pode deixar produtos importados mais caros

Avanço do coronavírus pode deixar produtos importados mais caros

Avaliação é uma crise de longo prazo no país asiático, principal exportador de produtos para o Brasil

R7

Em 2019, a China foi responsável por 28% das exportações brasileiras

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O avanço do coronavírus já afeta o mercado financeiro internacional e acende uma luz amarela para o consumidor brasileiro. Um dos efeitos possíveis é o aumento do valor de produtos importados da China, país que ocupa o posto não só de maior importador, mas também maior vendedor de itens para o Brasil, como aparelhos eletrônicos, máquinas e roupas, à frente dos Estados Unidos.

Segundo especialistas ouvidos pelo R7, esse cenário por ora apenas especulativo é uma possibilidade caso a epidemia seja duradoura, e as medidas de contenção não se mostrem eficientes.

Os impactos no curto prazo já começaram. Como reação ao avanço do coronavírus, a China decidiu prolongar em três dias o feriado do Ano Novo Lunar, que acabaria nesta quinta. Além disso, a metrópole industrial de Wuhan, epicentro da doença, foi confinada.

Com a perspectiva da redução da atividade econômica, bolsas caíram pelo mundo. A B3, bolsa de valores oficial do Brasil, teve seu pior dia desde junho na segunda-feira, com queda de 3,3%.

Segundo o economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, apesar da redução da atividade econômica na China, não é possível esperar no momento um impacto nas exportações brasileiras. Já as importações poderão sofrer impacto, porque a liberação de produtos em portos e aeroportos poderá ficar mais cara.

“Todos os critérios de vigilância vão ser cobrados. Isso pode encarecer as transações ou preço final”, diz.

No cenário de curto prazo, o que está acontecendo é apenas uma fuga de investidores do cenário de incerteza. “Eles optam por comprar moedas fortes e vender ações especialmente de empresas com mais transações com a China”, explica.

O paralelo com a epidemia de Sars (síndrome respiratória aguda grave), de 2003, é inevitável. A doença, que também teve origem na Ásia e deixou cerca de 800 mortos, derrubou a economia mundial em 0,5%, segundo o especialista.

Parceria importante

O crescimento da relação comercial com a China nas últimas décadas levou o país asiático à liderança na compra e venda de produtos com o Brasil. Em 2019, a China foi responsável por 28% das exportações brasileiras – US$ 57,6 bilhões até novembro, enquanto os produtos chineses responderam por 19,8% das importações – US$ 32,6 bilhões até novembro, segundo o Ministério da Economia.

Essa forte relação aumenta os efeitos no Brasil de problemas na economia chinesa, segundo os especialistas. Para Ernani Reis, analista da Capital Research, na confirmação de um cenário mais pessimista, a queda da produção da indústria chinesa pode reduzir a oferta de eletrônicos e outros itens de consumo. “Isso pode pressionar a alta do preço pela escassez dos produtos”, diz.

Isso valeria para produtos de empresas chinesas ou mesmo de outros países que têm etapas de fabricação sediadas no país asiático. É o caso da Apple. Diversas empresas brasileiras também dependem desse comércio e colocam suas marcas nos produtos “made in China” antes de revendê-los no Brasil.

De momento, o ponto de atenção sobre o impacto mundial da crise é o preço do petróleo, avalia Reis. O valor do barril caiu nas últimas semanas e a expectativa é que governo americano anuncie nesta quarta-feira um aumento do estoque. O petróleo desvalorizado pode impactar nos resultados da Petrobras.

Além disso, o analista Ernani Reis entende que a crise do coronavírus pode sim impactar a exportação de commodities brasileiras para a China, como carne e soja, além de minérios. “O Brasil ainda tenta mensurar os reflexos do acordo comercial entre EUA e China e agora já tem um novo desafio”, conclui.


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