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Verão

Especial

Com Biden e vacina, dólar tem leve queda e termina o dia em R$ 5,39

Bolsa sobe 2,57%, no maior nível desde 6 de agosto, e avança mais de 10% em novembro

Dólar oscilou 20 centavos durante o dia, caindo a R$ 5,22 pela manhã | Foto: Marcos Santos / USP Imagens / Divulgação / CP

O dólar teve dois extremos nesta segunda-feira, oscilando 20 centavos entre a máxima e a mínima do pregão. Pela manhã, caiu a R$ 5,22 em meio ao otimismo com a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos, testes positivos da vacina contra o coronavírus da Pfizer e perspectiva de atuação forte do Banco Central nesta reta final de 2020. Nos negócios da tarde, a moeda americana passou a subir, e foi a R$ 5,42 em um movimento de realização de ganhos, em meio à busca de um novo ponto de acomodação para o câmbio e volatilidade das divisas emergentes no exterior. No fechamento, o dólar à vista terminou em leve queda de 0,04%, cotado em R$ 5,3917. No mercado futuro, o dólar para dezembro fechou em alta de 038%, em R$ 5,3905.

O dia foi marcado pela busca de ativos de risco no exterior, com bolsas em forte alta, mas o comportamento das moedas de países emergentes foi mais volátil. O dólar subiu aqui, na China e no Chile, enquanto caiu no México e despencou na Turquia. Ante o real, operadores veem um movimento de ajuste, com investidores realizando ganhos após as fortes quedas da divisa americana na sexta-feira e nos negócios de hoje de manhã, em nível mais intenso que os demais emergentes.

O diretor de tesouraria de um banco observa ainda que, ao contrário das Bolsas, o mercado de moedas no mundo operou mais volátil hoje. Para ele, ao cair abaixo dos R$ 5,30, o dólar acabou atraindo "um pouco de compra", com os riscos fiscais permanecendo no radar como um fator a manter o câmbio pressionado. Hoje, o vice-presidente Hamilton Mourão disse acreditar que o Orçamento não deve ser votado este ano, com o Brasil correndo o risco de ter o rating soberano rebaixado.

"A solução para nosso dilema fiscal não apareceu ainda", disse o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, em live nesta tarde, ressaltando que o governo ainda não explicou com pretende financiar em 2021 seus programas sociais. "O risco fiscal deve ficar com a gente por mais tempo." Sobre a relação do Brasil com a Casa Branca no governo de Biden, Mesquita disse que ela ultrapassa a relação pessoal dos governantes.

"A relação dólar/real é uma questão fiscal", destaca o economista-chefe da Genial Investimentos, José Marcio Camargo. Se o Brasil fizer as reformas e mantiver o teto, a moeda americana cai. "O que está gerando toda a pressão sobre o real é o fato de que existe enorme incerteza sobre a dívida brasileira, é a questão fiscal", disse em live hoje. Para Camargo, existe enorme incerteza sobre se o Brasil vai conseguir uma trajetória de equilíbrio fiscal, pois gastou muito na pandemia. Na hora em que essa incerteza diminuir, o real se valoriza. Nas contas da Genial, o real deveria estar abaixo de R$ 5,00, entre R$ 4,80 a R$ 4,90, levando em conta os fundamentos da economia brasileira.

O mercado mundial de moedas pode ter reprecificação importante após os testes positivos da vacina da Pfizer e outros que estão por vir, observa o Deutsche Bank. "Os resultados de eficácia da Pfizer são significativamente melhores do que a do cenário-base do mercado, e os ativos de risco devem, portanto, reavaliar materialmente", afirma o estrategista do banco alemão, Robin Winkler, em relatório.

Ibovespa

Engrenando a quinta sessão de ganhos consecutivos, na melhor sequência desde a virada de maio para junho, o Ibovespa mais uma vez foi de carona na celebração da vitória de Joe Biden na eleição americana, complementada nesta segunda-feira pela aguardada notícia sobre a vacina da Pfizer para Covid-19, que mostrou mais de 90% de eficácia na fase 3 de testes, o que pode, uma vez obtido o registro, contribuir para os EUA bloquearem a progressão fora de controle da pandemia por lá.

Assim, aproveitando convergência positiva no exterior, o índice da B3 fechou hoje no maior nível desde 6 de agosto (104.125,64), em alta nesta segunda-feira de 2,57%, aos 103.515,16 pontos, acumulando até aqui ganho de 10,18% neste começo de novembro - quase igualando o de abril, quando avançou 10,25%, vindo de tombo de 29,90% em março. Com a combinação de vacina e definição eleitoral nos EUA, reconhecida por líderes mundiais, o giro financeiro desta segunda-feira, a R$ 49,1 bilhões, foi ainda mais forte do que o das sessões posteriores à terça-feira, desde que surgiram os primeiros sinais de vitória de Biden e de Congresso ainda dividido. No ano, o Ibovespa cede agora 10,49%.

Na máxima intradia de hoje, aos 105.146,56 pontos, o Ibovespa se reaproximou dos maiores níveis do fim de julho, que correspondem aos mais elevados do ciclo de recuperação iniciado em abril - em 29 de julho, o índice chegou durante a sessão a 105.703,62, o ponto mais alto da retomada. Assim, com o rompimento do topo do mês passado, cravado então na faixa de 102 mil pontos, o Ibovespa tende a "ganhar força de compra no curtíssimo prazo", observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

"Nessa toada, abre espaço para o Ibovespa buscar os 108 mil pontos, mas é difícil que siga direto pra lá - fica a referência para o fim do ano", aponta Márcio Gomes, analista da Necton Investimentos, chamando atenção para a alta acima de 10% nas últimas cinco sessões, desde o Election Day, na terça-feira passada. "O mercado atingiu o objetivo na região dos 105 mil pontos, e é natural que após a euforia venha alguma correção. Vemos a faixa dos 99, 100 mil pontos, como um bom suporte, que convidaria às compras aqueles investidores que perderam esta primeira onda", acrescenta o analista da Necton.

Nesta segunda-feira de euforia global, as ações de Petrobras e de bancos tiveram desempenho conjunto como há muito não se via: em dia de disparada nos preços da commodity (alta de 7,5% para o Brent), os ganhos nos papéis da petrolífera chegaram a superar 10% (no fechamento, PN +9,42% e ON +10,22%), ficando entre 7,25% (BB ON) e 9,50% (Bradesco PN) nas ações do setor financeiro. Na ponta do Ibovespa, Gol fechou hoje em alta de 19,94%, seguida por Azul (+18,43%) e Lojas Renner (+14,51%), com a expectativa positiva quanto à proximidade da vacina. No lado oposto, Totvs cedeu 5,47% nesta segunda-feira, à frente de B3 (-4,89%) e Via Varejo (-3,54%).

Juros

A baixa dos juros futuros perdeu parte da tração na tarde desta segunda-feira, depois de o dólar virar para o positivo ante o real. Ainda assim, as taxas terminaram em quedas firmes em relação à sessão da sexta-feira, influenciadas por um cenário de arrefecimento de questões externas. A constatação da vitória do democrata Joe Biden nos Estados Unidos e a notícia da eficácia de 90% da vacina da Pfizer e da BioNTech contra a Covid-19 alimentaram o rali para ativos de risco. Participantes do mercado de DI lembram, contudo, que o cenário fiscal brasileiro segue com grandes desafios, à medida que a agenda do Congresso segue congestionada neste fim de ano legislativo.

A taxa do DI para janeiro de 2021 terminou a sessão regular em 1,925% e a estendida em 1,924%, de 1,931% na sexta-feira. O janeiro 2022 foi de 3,355% para 3,290% (regular) e 3,270% (estendida). O janeiro 2023 passou de 4,906% para 4,810% (regular e estendida). E o janeiro 2027 caiu de 7,274% para 7,160% (regular e estendida).

As taxas de encerramento ficaram um tanto distante dos menores níveis da sessão, no começo da manhã, quando o dólar à vista também chegou à mínima de R$ 5,22 e a Bolsa à máxima acima de 105 mil pontos. De acordo com um operador, os ativos brasileiros estão gradualmente "encontrando novo ponto de equilíbrio" após o otimismo generalizado da manhã.

"Tivemos (no início do pregão) uma descompressão de prêmios nos três mercados brasileiros, bem clássica, são os drivers do 'risk on'. Depois o movimento do dólar arrefeceu, e os juros acompanharam em parte", pontuou o diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas, Rogério Braga.

Para ele, o mercado também volta a se direcionar por questões internas. "No curto prazo, tivermos uma trégua no fiscal, que segue sendo o principal drive no médio prazo no Brasil", disse.

AE