Dólar à vista encerra o dia em alta firme, acima de R$ 4,90

Dólar à vista encerra o dia em alta firme, acima de R$ 4,90

Ibovespa encerra um pouco abaixo dos 125 mil pontos e avança 10,28% no mês

AE

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O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 17, em alta firme no mercado doméstico de câmbio, acima da linha de R$ 4,90, na contramão da tendência de enfraquecimento da moeda americana no exterior, em especial na comparação com pares como euro e iene, diante das apostas de que o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos já se encerrou.

Operadores atribuíram a depreciação do real, em parte, à antecipação de compra por importadores e de remessas ao exterior por empresas, dado que na segunda-feira, 20, será feriado estadual em São Paulo, pelo do Dia da Consciência Negra. Embora o mercado de câmbio funcione normalmente, a expectativa é que a liquidez seja muito reduzida. Houve também relatos de ajustes de posições e movimentos de realização de lucros no segmento futuro, uma vez que a divisa acumula ganhos expressivos no mês.

Afora uma queda pontual e limitada no início da sessão, quando registrou mínima a R$ 4,8533 o dólar à vista operou em terreno positivo ao longo do dia. Com uma aceleração dos ganhos na reta final dos negócios, a moeda fechou a R$ 4,9059 (na máxima), avanço de 0,74%. Apesar da alta de hoje, a divisa termina a semana com leve baixa (-0,17%), acumulando desvalorização de 2,69% em novembro.

"O dólar já havia caído muito em novembro e agora vemos uma correção. Já vemos também um movimento de importadores e de remessas para o exterior aproveitando que a taxa tinha vindo abaixo de R$ 4,90", afirma o operador de câmbio Hideaki Iha, da Fair Corretora, ressaltando que muitas empresas podem ter adiantado operações em razão do feriado de segunda-feira em São Paulo, o que contribuiu para um avanço mais expressivo do dólar no mercado doméstico.

Para a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, a alta do dólar hoje no mercado doméstico está relacionada a questões internais, em especial o resultado fraco do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em setembro. "Outros moedas emergentes estão subindo em relação ao dólar. Isso reforça que se trata de um movimento interno. Acredito que esse indicador mais fraco deve levar a revisões para baixo do PIB no terceiro e quarto trimestres", afirma Quartaroli.

Pela manhã, foi divulgado que o IBC-Br recuou 0,6% em setembro em relação a agosto, resultado bem pior que a mediana das expectativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de alta de 0,20%. O intervalo ia de queda de 0,20% a avanço de 0,60%.

Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta seis divisas fortes, em especial euro e iene - operou em queda firme e rompeu o piso dos 104,000 pontos Na semana, o Dollar Index cai mais de 1,5%.

"Por trás do viés de baixa para o dólar no exterior está a percepção de que, em função dos números mais recentes de inflação e atividade, o Federal Reserve tende a não elevar mais os juros", afirma CEO do Transferbank, Luiz Felipe Bazzo, em referência aos índices de inflação ao consumidor e ao atacado divulgados nos EUA nesta semana.

Uma ala relevante do mercado já começa a especular com a possibilidade de o Federal Reserve iniciar um processo de corte da taxa básica ainda no primeiro semestre de 2024. A Capital Economics avalia que uma desaceleração acentuada do crescimento econômico dos Estados Unidos no primeiro semestre de 2024, seguida por um aumento na taxa de desemprego, deverá motivar "uma série mais agressiva de cortes de juros por parte da Federal Reserve (Fed) no próximo ano, com até 200 pontos-base de flexibilização".

Ibovespa

Na transição da primeira para a segunda quinzena do mês, o Ibovespa encadeou três ganhos diários até esta sexta-feira, encerrando a semana com avanço de 3,49% no acumulado dessas quatro sessões, separadas pelo feriado do dia 15. Foi também a quarta alta semanal seguida, vindo o índice da B3 de ganhos de 2,04%, 4,29% e 0,13% nos intervalos precedentes. Assim, no azul entre as duas últimas semanas de outubro e as duas primeiras de novembro, o Ibovespa, no agregado desde o dia 1º, avança 10,28% no mês e, em 2023, sobe agora 13,70%.

Nesta sexta-feira, com o vencimento de opções sobre ações, o giro financeiro foi a R$ 27,9 bilhões na sessão - volume que já havia sido reforçado ontem pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa.

Após o tombo das cotações da commodity no dia anterior - correção que tinha colocado o petróleo nos menores níveis desde julho -, a retomada dos preços do Brent e do WTI, de 4% na sessão, lançou as ações da Petrobras (ON +4,22%, PN +3,26%) ao topo da carteira do índice nesta sexta-feira. Tal movimento foi decisivo para recolocar o Ibovespa na linha de 125 mil pontos em boa parte da sessão, mas não no fechamento, em que o índice perdeu força. Em encerramento, o nível dos 125 mil continua a não ser visto desde 29 de julho de 2021, então aos 125.675,33.

"Petrobras deu a maior contribuição para o Ibovespa ter testado hoje esse nível, ainda que Vale e alguns bancos tenham se destacado também na sessão. Com o ganho que se vê agora em novembro, na casa de 10%, o Ibovespa está a caminho de seu melhor desempenho desde novembro de 2020, há três anos", diz Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos. Desde novembro de 2020, quando acumulou alta de 15,90%, o Ibovespa não tem um ganho mensal de dois dígitos.

Hoje, o índice fechou em leve alta de 0,11%, aos 124.773,21 pontos, entre mínima de 124.546,59 e máxima de 125.431,07 pontos (+0,64%), saindo de abertura aos 124.639,24 pontos. A aceleração de ganhos no Ibovespa, na passagem da primeira para a segunda metade de novembro - tendo avançado cerca de 4,2 mil pontos desde o fechamento do dia 10, então aos 120,5 mil, e com apenas uma leve perda no caminho, de 0,13%, em 13 de novembro - parece antecipar um dos "efeitos calendário" sempre lembrados, quer se acredite nele ou não: o rali de fim de ano.

De acordo com levantamento da Equus Capital, de 2010 a 2022, em 54% desses anos o rendimento do Ibovespa em dezembro superou a média dos meses anteriores. Segundo a casa, quando se estende o horizonte de tempo, o efeito fica ainda mais visível: no intervalo de 2000 a 2022, em 65% do trecho correspondente a esses anos, o mês de dezembro apresentou rendimento superior à média anual.

Na avaliação da Equus Capital, a antecipação do movimento - que costuma aparecer apenas no fim de novembro - sugere dinâmica possivelmente influenciada pelos sinais de arrefecimento da inflação nos Estados Unidos, o que favorece o apetite por ativos de risco.

Perspectiva mais propícia quanto à inflação também é observável no quadro doméstico. O otimismo com a desinflação prevista para 2024 predominou nas reuniões do Banco Central, hoje, com economistas do mercado. Os analistas que participaram esperam continuidade na melhora qualitativa da inflação e preveem que os preços de serviços sigam em desaceleração ao longo do próximo ano, reportam os jornalistas Marianna Gualter e Cícero Cotrim, do Broadcast.

"Houve um tom bem otimista da maioria dos participantes", disse um economista presente ao encontro, fechado à imprensa, em relato ao Broadcast. "Os colegas tinham projeções de inflação de 3,5%, 3,4% e até 3,2%, em uma leitura boa da economia, principalmente no que diz respeito à política monetária."

Dessa forma, a discussão, aqui e no exterior, quanto à extensão do ciclo de aumento dos custos de crédito a cargo das autoridades monetárias em todo o mundo começa a dar lugar ao momento em que os principais BCs, como o Federal Reserve, começarão a cortar as taxas de juros de referência - movimento que, na percepção do mercado, tem sido antecipado do segundo para o primeiro semestre do próximo ano.

"Com os dados recentes, os juros futuros ao redor do mundo têm caído rapidamente. O yield dos títulos de 10 anos nos EUA chegou a operar abaixo de 4,4% nesta manhã", aponta em nota a Guide Investimentos.

"Os dados de inflação nos EUA têm surpreendido com números mais fracos, desde o CPI preços ao consumidor na terça-feira, passando pelo PPI preços ao produtor na quarta-feira e os preços de bens importados e exportados, que saíram ontem", acrescenta a Guide, observando que tal "cenário reforça a tese de que o Federal Reserve e outros BCs de grandes economias" podem já ter encerrado o ciclo de elevação dos juros de referência.

No que diz respeito ao Brasil, a percepção do mercado, hoje, foi a de que a fraca leitura do índice de atividade IBC-Br, considerado uma 'proxy' para o PIB, contribui para que se revise a expectativa para a economia no terceiro trimestre, o que reforça a chance de que o Copom terá espaço, possivelmente antes do que se previa, para iniciar os cortes da Selic.

O IBC-Br divulgado nesta manhã trouxe queda de 0,06% em setembro, na margem, com ajuste sazonal: dessa forma, o carrego estatístico para o quarto trimestre está em -0,3%, observa Rafael Perez, economista na Suno Research. "A economia brasileira mostrou sinais mais claros de desaceleração entre julho e setembro, tendo em vista os efeitos cumulativos dos juros elevados, o alto endividamento das famílias, o cenário externo turbulento e a base de comparação elevada do primeiro semestre", acrescenta o economista, em nota.

Na ponta do Ibovespa nesta última sessão da semana, destaque, além de Petrobras, para PetroRecôncavo (+3,36%), Azul (+3,00%) e 3R Petroleum (+2,87%). No lado oposto, Raízen (-5,56%), CVC (-4,31%) e Carrefour Brasil (-3,87%). Santander Brasil fechou na mínima da sessão (-3,13%), em dia misto para os grandes bancos, com Itaú (PN +0,46%) e BB (ON +0,76%) mostrando ganhos no fechamento. Vale ON subiu 0,19%.

"Tivemos um dia de agenda mais vazia, nada que impactasse muito diretamente o mercado, e mesmo assim o Ibovespa vem em renovações de máximas do ano, hoje chegando aos 125 mil pontos durante a sessão", diz Rafael Schmidt, sócio da One Investimentos. Ele observa que a alta do Ibovespa, mesmo em dia de avanço também do dólar, sugere um movimento de rotação de ativos, não de ingresso de fluxo novo em recursos estrangeiros. No fechamento desta sexta-feira, o dólar à vista mostrava alta de 0,74%, a R$ 4,9059, na máxima do dia.

O quadro das expectativas do mercado para as ações no curtíssimo prazo manteve-se relativamente inalterado no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, a previsão de alta (50,00%) para o Ibovespa na próxima semana continua majoritária em relação às projeções de estabilidade (33,3%) e de queda (16,67%). Na pesquisa anterior, 57,1% afirmaram esperar valorização do Ibovespa nesta semana; 28,57%, variação neutra; e 14,29%, baixa.

Juros

Os juros futuros completaram hoje três sessões seguidas de baixa, fechando a semana com alívio nos prêmios em relação à sexta-feira anterior. O exterior ficou hoje em segundo plano, com a dinâmica das taxas sendo orientada pela agenda doméstica. Mais precisamente, pelo o IBC-Br de setembro abaixo do esperado, que consolidou a ideia de desaceleração da atividade no terceiro trimestre e deu conforto para a tomada de risco.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,455%, de 10,495% no ajuste de ontem, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,20% para 10,17%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,30%, de 10,34% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2029 terminou em 10,71% (de 10,75%). Na semana, as taxas cederam em torno de 30 pontos.

O mercado de juros desafiou a correção em alta dos preços do petróleo e a desvalorização do câmbio, com taxas em baixa desde cedo, inabaladas mesmo depois da piora nos Treasuries, quando o retorno da T-Note zerou a queda e passou a subir no começo da tarde. O suporte foi dado antes da abertura, pela queda inesperada de 0,06% do IBC-Br em setembro ante agosto. A mediana das projeções indicava alta de 0,2%. Além disso, o Banco Central revisou resultados de meses anteriores, sendo a grande maioria para baixo.

No terceiro trimestre, o índice acumulou redução de 0,64%, "fator bastante negativo dado que a variação trimestral guarda boa correlação histórica com o desempenho do PIB trimestral", afirmam os economistas do BTG Pactual, em comentário a clientes.

O potencial impacto da moderação da atividade sobre a inflação dá alguma segurança para posições aplicadas em DI, ainda que o IBC-Br de hoje não tenha alterado a ideia de manutenção do ritmo de cortes da Selic. O contexto parece bem adequado a doses de 0,5 ponto porcentual nas próximas reuniões. Alguma margem de manobra para ajustes nas apostas estaria no orçamento total. Nesta semana, a precificação da curva acabou convergindo para o que os economistas vinham defendendo, ou seja, que há condições para a Selic terminar o ciclo abaixo de 10,00%.

Nesta sexta, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, evitou sinalizar o orçamento, reiterando que um erro no "forward guidance" gera um custo de credibilidade para refazer a mensagem. Segundo ele, o que dá para dizer é que a Selic deve continuar no campo restritivo. "Não vamos desenhar uma trajetória, porque achamos que há tanta incerteza que esse desenho não teria o valor esperado positivo em termos de comunicação", completou.

Sobre o IBC-Br, Campos Neto comentou que o indicador não muda as expectativas para o crescimento da economia em 2023 e 2024. "Já existia a percepção de que esse trimestre teria uma desaceleração", disse.

A economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, destaca que o IBC-Br foi a cereja do bolo para o mercado de juros encerrar uma semana bastante positiva, com dados indicando contenção de inflação e atividade tanto aqui quanto nos EUA. "Embora os Treasuries hoje não tenham ajudado, no balanço da semana tiveram alívio, sob a percepção de que o Fed não vai mais aumentar juros", disse. Veronese aponta ainda que embora o cenário fiscal seja cheio de incertezas a vitória da equipe econômica na questão da meta também foi importante para o desempenho das taxas na semana.


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